"Blog é muita exposição"

Não acho que seja necessariamente quebrar um tabu em falar nisso, mas é a primeira vez que falo sobre isso aqui. Exposição. Resisti porque não via necessidade, mas agora sinto vontade de levantar esse tópico e justificar a exposição. Por quê se expor tanto, contar tantas coisas e tantos detalhes, colocar fotos e deixar tudo aí solto pra quem quiser ver num blog?

Bom, então vamos lá. Eu comecei a fazer este blog com o intuito de registrar o progresso do fim do meu mestrado e mudança para o exterior, que eu não sabia ainda pra onde seria. Não tinha intenção de tornar o blog popular, conhecer pessoas nem nada disso. O blog era pra mim. Quando eu era pequena, escrevia diários e lembro de achá-los depois de muito tempo quando arrumava caixas pra alguma mudança ou arrumação no armário e adorava ler e lembrar de coisas que há muito tempo não passavam pela minha cabeça. Quando eu estava nessa fase de transição de mudança pra cá, sabia que era uma das coisas mais importantes que estava acontecendo na minha vida, e não queria perder cada pensamento, cada sensação, que ia ficar esquecida por causa do tempo. Queria poder sentar, acessar o blog tempos depois e poder ler e lembrar disso depois. Pra mim, só pra mim. Pra eu lembrar. Mais ninguém.

Mas aí vira e mexe aparecia um comentário assim "oi Liana, achei seu blog quando pesquisava sobre vida no exterior e adorei o que vc contou no post tal e tal...". Aí eu ficava curiosa, ia no blog da pessoa, ou respondia ao comentário, e terminava trocando mais mensagens, conhecendo mais a pessoa e achando alguma experiência ou situação parecida com uma que vivi, e era ótimo poder conversar e saber mais daquela pessoa, saber como ela se virou quando passou dificuldade, pra onde ela viajou nas férias, porque eu tava vivendo a mesma coisa, e me sentia melhor com alguém "perto" pra dividir as conversas.

Com o tempo, apareceram vários comentários desse tipo "oooi Liana..." e eu passei a adorar ler o blog de outras pessoas e aprender com as experiências dos outros. Senti então vontade de deixar meu blog mais bonitinho, mais arrumadinho, escrevendo melhor, mais organizado, de maneira que atraísse pessoas desse tipo pra essa "comunidade" que eu começava a fazer parte fosse cada vez algo mais gostoso de manter e cultivar.

Pronto. Quando eu me toquei, meu blog recebia mais de 100 novas visitas por dia, depois que instalei o negócio de tráfego ao vivo de visitas comecei a ver de onde vinham meus acessos, das buscas no google, e passei a conhecer tanta gente interessante com tanta história boa pra contar. Nossa, a dedicação ao meu blog e ao acompanhamento de outros blogs e amizades virtuais passaram a ser parte do meu dia a dia. E aí, é claro, começam as "crises do relacionamento" e eu comecei a questionar a minha relação com meu blog segundo a tal da exposição. Comecei a pensar "e se algum ex namorado estiver lendo o que eu tô escrevendo?", e se aquela amiga que eu não falo há séculos que eu não sei mais nada da vida dela estiver lendo meu blog e sabe de tudo da minha vida? Não é justo, ne. E se tiver aí alguém pelo mundo me perseguindo? E se, e se, e se...?

Bom, se deixar, eu viro paranóica. Não gosto de alimentar as pulgas atrás da minha orelha, porque apesar de eu tentar ser forte e tudo, eu sou muito é da frágil e antes de não me deixar influenciar por algo, eu sempre analiso "e se eu me deixasse levar?", "e se eu fosse por esse caminho?". Eu gosto de correr riscos, acho que se não, não estaria nem aqui. Já comentei em outro post que não vivo na mesmice por muito tempo e gosto de emoções, intensidade, apesar de ser mais madura e muito menos impulsiva hoje que há anos atrás, é bem verdade. Mas acho que a vida é tão curta. Vi meu pai sumir desta vida assim tão de repente, em um fim de semana nossa vida virou de cabeça pra baixo e nada nunca mais foi como antes. Passei a enxergar várias coisas como nunca tinha visto antes. E então hoje eu penso que se eu ficar encucada pensando que pode vir um maníaco me perseguir se eu contar que meu hobby é isso ou aquilo, não faço mais nada. Deixo de conhecer gente que possa ter o mesmo hobby que o meu e posso deixar de aprender tanta coisa. Não quero ficar isolada e pensar que estou deixando de conhecer novos lugares e pessoas que vivem situações parecidas com as minhas, ou pessoas que eu posso ajudar com algum relato daqui, com alguma coisa que vivi, porque estou com medo de deixar aí meu depoimento solto na internet pra quem quiser ler.

Eu prefiro acreditar que vale a pena. Prefiro acreditar que vale a pena por a cara a tapa, correr o risco e deixar mesmo tudo solto aí, posts accessíveis pelo google, e assim pessoas que precisam de informações que eu possa dar as achem através do meu blog, que me contactem através do email do blog pra pedir um conselho que eu possa dar porque já vivi coisa parecida, ou que me escrevam só pra dizer que adorou o post sobre como montar um sofá cama. A internet é uma tecnologia fantástica e a gente colabora como pode pra que ela seja útil. Eu tô fazendo minha parte. Até hoje não recebi nenhum email criticando alguma coisa, mas se você quer criticar, sinta-se a vontade também. Ninguém é perfeito.

A exposição faz parte. Eu não fico mais noiada com isso. Já aceitei, já assumi os riscos e encaro as consequências. Não dá pra ter um blog e não ser fiel a ele, contar só coisa boa, ninguém é assim o tempo todo, e apesar de ser meio down ficar lendo posts que só reclamam das coisas, todo mundo passa por dificuldade e é importante saber que outras pessoas também viveram coisa parecida e aprender como elas superaram isso e aquilo. A gente tem que se ajudar. Aqui no blog, eu tento ser fiel contando não só coisa boa nem só coisa ruim, mas fiel a mim mesma contando de tudo um pouco. Quando eu for ler tudo pra trás, vou lembrar que foi assim mesmo que aconteceu. Eu adoro, é um bom exercício pra mim e vou continuar assim. Fique a vontade. Se você tá lendo aqui por curiosidade, inspiração, admiração, pelas fotos, ou qualquer outra coisa, eu espero que essa DR esteja concluída e que agora não haja mais suspeitas e desconfianças entre nós do porque eu tô aqui escrevendo sem escrúpulos.

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