A vinda dos meus avós a Europa

Demorei, mas cheguei. Ontem não consegui sentar aqui e escrever. Cheguei do trabalho e fiquei só resolvendo coisa da viagem pra Luxemburgo com o Eric. Finalmente consegui resolver a questão "Juca" e posso viajar tranquila. Bom, mas então, a vinda da minha família. Se eu não contar como começou a novela, não fizer pelo menos um resumo do porque essa vinda dos meus avós é tão importante, não tem a mesma graça. Então, em suma, é assim... eu morava em Recife quando comecei a fazer meu mestrado em 2007. Deixei meu emprego pra virar bolsista de dedicação exclusiva e estudava feito uma louca pra passar nas disciplinas. Passadas as disciplinas, precisava focar no meu tema, na minha dissertação, no meu estudo. Para isso, muitas e muitas horas sentada na frente do PC pesquisando, reuniões de vez em quando com meu orientador e só. Muita nerdice, isso sim. Só que eu morava sozinha, eu e Juca, pagava aluguel e me dei conta que eu tava pagando aluguel, conta de água, luz, telefone, condomínio, tudo no mundo, pra ficar em casa pesquisando, quando poderia estar por exemplo em Natal onde minha família morava e ficar pesquisando de lá, e não ia fazer a menor diferença pro mestrado. Aliás, diferença ia fazer muita pra mim. Eu ia gastar menos com o monte de conta e despesa do meu apê em Recife. Mais um motivo: a minha intenção era arrumar um emprego fora do Brasil quando terminasse o mestrado, então mais cedo ou mais tarde ia ter que sair e me desfazer do meu apt de Recife de qualquer forma. Então, resolvi antecipar a saída de Recife, me desfazer dos meus móveis, minhas coisas, e ir pra Natal escrever minha dissertação de lá, passaria um ano ainda no Brasil, em Natal, então perto da minha família, depois de 6 anos e meio morando só em Recife, pra depois partir pra mais longe. Então pronto, decidi ir. Só que depois de 6 anos e meio longe da casa da mamãe, um quarto que era meu não existia mais. Os quartos estavam ocupados e eu não tinha espaço lá. Resolvi então ir pra casa dos meus avós, que moram numa casa na praia perto de Natal.

Eu sempre tive um relacionamento legal com meus avós. São pais da minha mãe e sempre estivemos próximos, mas é fato que depois que se mora só, principalmente por tanto tempo, é difícil voltar a dividir moradia com alguém. Com alguém vááários anos mais velho que você, é mais difícil ainda. Mas eram meus avós e topei a parada, afinal só era até eu terminar de escrever minha dissertação e concluir meu mestrado. Lá fui eu então com Juca de mudança morar com meus avós.

Meus avós são do interior do Rio Grande do Norte, moraram vários anos no Rio. Minha avó é muito mas muito religiosa e meu avô lê bastante e aprendeu a falar inglês e francês sozinho, e ainda arranha um alemão. Nos meus dias de sufoco de mestrado quando não conseguia escrever uma linha, era na varanda da casa deles onde eu me recompunha e as palavras do meu avô me acalmavam e eu conseguia voltar a trabalhar. Foi lá onde minha dissertação de mestrado foi produzida. Passava dias sem sair de casa, comendo a salada de frutas e tantas delícias que minha avó preparava pra mim a tarde. Dias de sexta-feira quando meu avô chegava em casa no final da tarde, tomava banho, sentava na varanda e abria uma garrafa de vinho pra comemorar mais uma semana de trabalho. Sem falar nos fins de semana quando iam meus primos e eu aproveitava umas horas do sábado pra espairecer e recarregar as energias pra continuar a luta do mestrado. Uma vez por mês tinha missa na capelinha nos fundos da casa, e minha avó preparava janta pro padre e passava o dia ajeitando as coisas pra missa. Foi lá onde eu reforcei meus valores, aprendi outros, descobri a beleza de se estar junto por tanto tempo, com suas particularidades e características com as quais aprendi tanto. Meu avô assinou a revista Paris Match por algum tempo, assiste filmes e lê livros em francês, mas nunca esteve na Europa, me dizia que o sonho dele era conhecer Paris e sentar num daqueles cafés na beira da calçada e pedir um vinho nacional, e dava gargalhadas dizendo que agora já era tarde. Minha avó é muito religiosa e um dia quando eu não aguentava mais olhar pros livros, ela me chamou pra assistir o filme Bernadette, que conta a história de Bernadette Soubirous que viu Nossa Senhora na cidade de Lourdes, no sul da França, e a água da fonte por ela cavada tem poderes milagrosos de cura até hoje. Para provar o milagre, o corpo de Bernadette está intacto até hoje no convento em Nevers, a 800km de Lourdes, não apodreceu. Me interessei, pesquisei e li sobre a história e alimentei ainda mais a minha fé católica. Foi então depois de episódios assim, quando eu buscava um emprego na Europa e fazia entrevistas loucas pelo telefone, num dia a noite na mesma varanda quando eu tinha encontrado o anúncio do emprego que estou hoje, prometi que se eu conseguisse esse meu emprego aqui, eu os levaria pra conhecer Paris e Lourdes.

Voilá...






















PARIS


















e
















LOURDES


















Tá bom pra começar, ne? Pro impacto não ser muito grande vou mostrando o tesouro que são as fotos e as histórias aos poucos...

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