A burra da aula de francês

Se até ontem durante o dia eu estava super hiper mega feliz, contente e empolgada pelo show que fui do U2, pelo show que irei do Supertramp e pelas viagens que estão por vir, soltando sorrisos a toa pra quem direcionasse o olhar pra mim, ontem a noite mudei da água pro vinho. Tudo por causa da aula do curso de francês que fui ontem a noite.

Alguma coisa me dizia pra não ir a essa aula ontem e eu achava que era só consciência pesada por não ter feito o dever de casa, mas resolvi ir mesmo assim porque achei que não ir seria muito pior. É só uma vez por semana e pensei que indo, pelo menos aprenderia qualquer coisa na sala de aula. Aí fui. Chegando lá, a professora substituta obviamente foi corrigir na aula o dever, que eram frases pra passar pro passado composto e futuro. São cinco alunos na sala, eu e mais quatro, dois suíços e duas alemãs que, vale salientar, já estudaram francês na escola e sabem regras, conjugação de verbos e tal, e entraram na turma agora no A2. Eu comecei do zero e só estudo francês há um ano nesse curso devagar-quase-parando uma hora e meia por semana. Só há pouco tempo comecei também o francês no trabalho, e no momento faço os dois. Além do alemão, claro.

Lá no curso, quando não entendem alguma coisa, conversam entre si em alemão e eu só falto me descabelar pra acompanhar as discussões, e nunca me perguntam nada, nunca participo das decisões, das conversas, e lá mais que em nenhum outro lugar, me sinto uma total outsider. Mas tudo bem, afinal sou estrangeira mesmo e tenho que aguentar coisas desse tipo (..ne?). Até aí, relevo. (Seu nível de tolerância quando se mora no estrangeiro tem que aumentar). Na aula, cada um falava uma frase e passava pro passado composto e futuro. Eu me senti horrível porque errei todas as frases, os verbos mais difíceis sempre caíam pra mim e eu demorava um século pra conseguir terminar, enquanto os outros falavam super rápido e acertavam tudo, ficavam olhando pra mim impacientes porque eu tava atrasando a aula, apesar do meu sufoco lá pra conseguir terminar as frases. Até aí "tudo bem", afinal quem mandou não fazer o dever?

Já passei por coisas muito piores pra ser esse o motivo de um stress meu. Continuo a novela...

Tudo piorou quando eu achei que ia melhorar, quando o dever terminou e fomos só fazer perguntas um pro outro, e o cara foi responder como tinha sido o último trabalho dele na Bolívia. Disse que tinha sido uma experiência interessante, e quando a professora o perguntou como a Bolívia era diferente da Suíça, ele foi dizer que era muito quente, que era perigoso, que o povo era muito emocional, que gostava de fazer festa e a comida era estranha e não tinha salsicha, e... (tcha rãnn....) olhou pra mim e disse que devia ser como era no Brasil. ....momento de tensão. Minha gente, todo mundo ficou olhando pra mim com um ar de superioridade, negativo e repulsivo; e depois do dever que eu já não estava me sentindo muito bem, me senti muito humilhada, vítima de racismo, como se atirassem em mim com os olhos. Eu só queria sumir. Como se já não bastasse tamanha humilhação, na minha vez de responder a pergunta, minha pergunta foi o que eu fiz no inverno passado. Ora, eu fiz várias coisas, mas em francês não sei dizer nem metade, então pra não incomodar mais na aula, só disse que fiquei em casa porque tava muito frio lá fora. Ora, o nível de ofensa não tava elevado o suficiente. O que eles fizeram? Riram.

Eu sou a pessoa mais transparente que eu conheço, então resultado depois disso: dormi mal, acordei sem vontade de trabalhar e tô aqui com uma cara linda e já ouvi alguns "tá com cara de cansada hoje, Liana" hoje. Eu tô com vontade de nunca mais voltar nesse curso, e já tô é por aqui também com esses idiomas. Sei que nem tudo são flores e ninguém disse que era pra ser fácil, mas precisava ser tão difícil?

Agora peraí que vou ali respirar...

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