A história da Alemanha é uma das mais interessantes e conhecidas do mundo. Talvez por sua intensidade e por ter duros acontecimentos tão recentes. É impressionante o impacto que a história reflete até hoje. Se você parar pra pensar, por exemplo, a quantidade de filmes e livros que existe sobre o nazismo, sobre Hitler e histórias fictícias que se passam sob esse contexto, rapidamente se dá conta disso. Ou como tudo o que aconteceu até recentemente determinou a atual sociedade e comportamento alemão. Talvez seja o enredo mais popular que existe, histórias reais sempre chamam muito a atenção do espectador. E o que aconteceu nesse país poderia ter sido um filme, só um filme.
Fui a Berlin pela segunda vez este fim de semana. E nenhum lugar tem tanta história, lembranças e marcas do passado como a capital da Alemanha. Em uma volta pela cidade, por todos os lados, encontra-se saliências do passado, cicatrizes nas ruas e nos monumentos. Uma volta por Berlin é uma verdadeiro mergulho na história. E como conhecer a história deixa o passeio muito mais interessante, vou registrar aqui, antes de começar a relatar a viagem, um pouco dos pontos mais importantes da história alemã para contextualizar a viagem.
Reich em alemão significa império. A história da Alemanha é dividida em períodos de impérios. O Primeiro Reich é o período do Sacro Império Romano Germânico (século VIII a 1806) que chegou a abranger o que é hoje a Alemanha, a Áustria, a Eslovênia, a República Tcheca, o oeste da Polônia, os Países Baixos, o leste da França, a Suíça e parte da Itália. O Segundo Reich (1871-1918) ficou conhecido pela descendência do império medieval. E o Terceiro Reich foi a Alemanha nazista (1933-1945) sob o comando lunático de Adolf Hitler.
A Alemanha passou por muita coisa. A Reforma Religiosa quando protestou contra a Igreja Católica no século XVI terminou desencadeando as bases da moderna língua alemã, quando Martinho Lutero traduziu secretamente a Bíblia para o alemão. A Guerra franco-prussiana em 1870 marcou a queda de Napoleão III, o fim do sistema monárquico na França, e a anexação de territórios hoje alemães pela então Prússia. Sob o comando do chanceler da Alemanha Bismarck, formou-se a Tríplice Aliança (Alemanha, Itália e Áustria-Hungria) que mais tarde bateria de frente com a Aliança Entente (França, Rússia e mais tarde Reino Unido) na Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, da qual a Alemanha sairia derrotada e fracassando em resolver assuntos pendentes no pós-guerra, terminou criando condições para a ascenção da pior ideologia já praticada até hoje, o Nazismo, 14 anos depois.
Os alemães foram muito marcados na história. Definiram o ano de 1945 como o Stunde null (hora zero), quando houve o quase total colapso do país. Depois da 2a Guerra, o país foi dividido em dois lados, e formas bem distintas de governo, o capitalismo democrático e o estado comunista sob o comando da União Soviética, separavam literalmente a nação alemã. Sob forte pressão e manifestações diante tantas diferenças que não cabiam mais naquele espaço de terra num mundo em desenvolvimento, em novembro de 1989, as autoridades alemãs surpreenderam o mundo inteiro com a autorização do cruzamento da barreira que dividia os dois lados da Alemanha, o Muro de Berlim. A Alemanha foi então reunificada e hoje é um dos países líderes na União Européia.
Uma nação tão marcada, de personalidade extremamente forte, depois de tudo que viveu, se reergueu, hoje tem cidades com elevados níveis de qualidade de vida. É de tirar o chapéu.
Em contrapartida, as marcas do passado deixam o alemão meio que intimidado e cabreiro de levantar sua bandeira, colocar a mão no peito e assumir seu orgulho de ser alemão. Os jovens alemães hoje não têm culpa nenhuma do que aconteceu, mas é um passado que assombra e persegue quem quer que seja que seja relacionado com o que aconteceu ali.
 |
| Portão de Brandemburgo, símbolo de Berlin |
Nos próximos posts, contarei sobre a então viagem do último fim de semana à capital alemã: Berlin.