Dublin e os pubs

Dublin é a principal atração da Irlanda. É a maior cidade do país e a mais movimentada. O resto da Irlanda é caracterizado pelas belas paisagens de pasto, pântano, lagos e montanhas. Mas Dublin é caracterizada por sua agitada vida noturna, ritmo de vida acelerado e charme de capital do mundo onde o mundo ali é uma ilha cheia de pub, música e vida.
Olha, vou te contar. Eu já fui a Londres, conheci também alguns pubs lá e sabia da tradição dessa história de pub vem ali de cima, mas nada se compara a Dublin. Talvez porque Londres tenha mais pontos turísticos para visitar que Dublin, mas eu nunca fui a tantos pubs diferentes em tão pouco tempo como em Dublin. Além de muitos e muitos pubs, muita e muita gente em todos eles. Talvez também porque a época que estive lá agora fosse festiva, não sei. Mas também tava frio, acho que no verão deve ter mais gente ainda. Será?
As ruas calçadas de pedra do Temple Bar são cheias de pubs, restaurantes e clubs um atrás do outro, um ao lado do outro. É onde o foco da vida noturna acontece. Do contrário do que se leva a pensar, Temple Bar não é o templo dos bares. O nome vem de William Temple que adquiriu as terras no século XVII. E a palavra bar aqui significa uma calçada à beira de um rio, pois o bairro fica próximo ao rio Liffey. A área sobreviveu graças a presença insistida de artistas e comerciantes. Lá, além dos pubs, está o Irish Film Centre, o Dublin's Viking Adventure que é uma exposição multimídia mostrando a vida em Dublin no século IX e a Gallery of Photography, o único museu dedicado à fotografia de Dublin. Lindo. Mas nosso tempo era curto, fazia frio e tínhamos a missão de descobrir qual, dentre tantas e tantas opções de pubs, iríamos escolher para passar a virada do ano.
De início, escolhemos esse aí de cima da foto, o The Church, o bar que é uma igreja. Ou uma igreja que é um bar? A verdade é que a Irlanda é marcada por conflitos entre a religião protestante e católica. O local foi um dia a St. Mary Church of Ireland, mas foi fechada em 1964 e reaberta e reformada John Keating em 1997. O resultado está aí. É o pub mais único da cidade. O senhor Arthur Guinness, grande criador da cerveja Guinness, o maior ícone irlandês, casou ai em 1761. Além de vários outros fatos históricos interessantes que marcaram este lugar, o The Church hoje é um senhor bar e restaurante. Muito bonito, restaurado e sofisticado. Lá, como em todos os outros pubs, tinha o programa de virada do ano. Então fomos lá no dia 31 por volta das 9 horas da noite. Muita gente, cerveja, mas não pude deixar de pensar "e nos outros pubs, como será que tá?". Como ainda faltava muito tempo pra meia-noite e os pubs do Temple Bar ficavam perto, fomos conferir a animação por lá.
As principais ruas da cidade como essa aí, a O'Connell Street, ainda estavam enfeitadas pro Natal e apesar do frio molhado, o clima era de alegria. Chegamos ao Temple Bar e nos demos conta logo que seja onde fosse nossa escolha de virada do ano, seria uma boa escolha. Não podia ter feito melhor escolha de onde passar o ano novo do que em Dublin. Isso se estivesse procurando animação. E ano novo tem que ter animação ne!
Para os irlandeses, animação e cerveja. Então paramos no The Auld Dubliner e vimos que ali era diversão na certa. Como ainda estava cedo, ainda demos umas voltas pelos arredores e visitamos outros pubs, mas no final, voltamos pro The Auld Dubliner. Era onde tocavam as melhores músicas, tinha mais gente. Na segunda vez que entramos lá, estava tão lotado que a gente mal conseguia se mexer. Fui tirando as camadas e camadas de casacos, soquei tudo sob o balcão do bar e finalmente conseguimos nosso espaçozinho.
O povo irlandês é muito simpático e de bom humor, então cada um que chegava no bar pra pedir sua cerveja falava com a gente, e eu sentia que tava em casa e que conhecia todo mundo. E era ano novo ne gente! Ainda mais quando apareceram uns brasileiros fazendo festa. Ora, brasileiro, em dia de ano novo, num pub, na Irlanda, com um copo de Guinness na mão? BFFs.
Quando virou o ano, eu e a Jamille nos abraçamos, segurei a vontade pra não chorar, me distraí lá com a galera e quando eu vejo, tá Jamille com uma garrafa de Mumm na mão. Porque podemos estar na Irlanda, o país da Guinness, mas Reveillon tem que ter champagne, certo?
Vixe, a gente se divertiu demais. Pra quem não sabia onde passar o ano novo, de vez em quando ficava triste por TER que passar por aqui no frio, longe da família e dos amigos e tal, passei bem demais. Foi a melhor escolha. Começar o ano ali foi inesquecível, maravilhoso. Me diverti horrores!!! O chato é que a festa toda acaba às 2:30 da manhã quando TODOS os bares, pubs e clubes páram e a Garda, que é a polícia irlandesa, aparece pra tirar o povo lá de dentro. Achei que pelo menos no ano novo essa chatice pudesse ser diferente e a gente pudesse ficar até mais tarde, mas não. As luzes acendem, a música pára e pronto, acabou-se. Mas a gente tava tão estigada que ainda ficamos lá conversando com os brasileiros, trocando email, tirando foto, cantando, e quando éramos os últimos, realmente tive que por de volta meus três casacos e sair do pub. Foi só sair e a fome bateu. Andando pelo Temple Bar, paramos no primeiro comeu morreu que estava aberto e na fila conhecemos uns irlandeses que pagaram nosso lanche! Tô falando que os irlandeses são gente boa! Ahahahahaha.
Eu ainda tenter por a coisa mais "branca" que eu tinha no armário na mala pra vestir no dia 31, mas é tanta roupa que se põe por cima que nem adianta. Por sorte, lá no pub tinha tanta mas tanta gente que ficou quente e eu pude "passar" o ano novo meio de branco. Mas aqui na Europa, não na Irlanda nem só na Suíça, na Europa em geral, não tem essa coisa de vestir branco. Pelo contrário, o povo se veste da cabeça aos pés como todos os outros dias do inverno com roupas de cor escura, e a virada do ano nada mais é que uma noite especial, mas todo mundo faz a mesma coisa que faria num super sábado a noite, por exemplo.
Haviam ainda muitas opções de pub que deixamos pra trás. Aliás, não dava pra conhecer todos, muito menos só na noite do dia 31. Mas nos outros poucos dias que passei lá, ainda consegui conhecer outros muito legais, como o pub do hotel Arlington, que estava lotadérrimo quando chegamos, por gente atraída pela tradicional música irlandesa e a dança com sapateado.
Nossa, ficamos um tempão assistindo a performance dos irlandeses lá no palco dançando a tradicional dança irlandesa. E de novo, uma animação contagiante no bar, gente batendo palma, dançando junto, uma verdadeira festa regada a cerveja. Sabe aquelas coisas que vemos em filmes de dança que todo mundo ao redor bate palma, o povo se abraça e roda e tal? É desse jeito mesmo. Filmei um pouco da dança, vê se dá pra sentir a atmosfera:

Nossa, foi muito legal. Nunca tinha visto de perto, então adorei. Além de pubs, fomos a um clube também, mas falha minha, não lembro o nome. Mesmo sem nome, o lugar era enorme e de uma decoração singular. Até hoje, aqui na Suíça, eu não vi nada parecido... Povo que mora na Irlanda, reconheçam aí e me diga onde é isso!
E, é claro, tem também o maior de todos os pubs, o mais conhecido no mundo inteiro, nas principais cidades, que não tem muito a ver com a Irlanda, mas tem tudo a ver com as principais capitais do mundo: o Hard Rock Cafe, que eu adoro!!
Agora me diz se não é preciso fazer um "tour dos pubs" em Dublin para conhecer realmente a cidade? Eu ainda tô no estágio 1. Quando eu for de novo, conheço mais! Ahahahaha.

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