O mundo de Guinness

A Guinness é a cerveja preta mais famosa do mundo. Eu já tinha ouvido falar, mas não tinha experimentado esta. Já tinha bebido outras cervejas escuras na Alemanha, mas a Guinness foi a primeira vez. E foi especial! É verdade que ela é bem forte, mas é gostosa. Quem gosta de cerveja e sabe apreciar sabe que ela tem um gosto delicioso de malte e uma espuma cremosa. E, é claro, sabe também que é cerveja irlandesa. Desde os meus primeiros momentos em Dublin, já deu pra perceber que ela é de fato a grande estrela do país. Em tudo quanto é esquina, em tudo quanto é pub, restaurante, clube, refeição, Guinness é uma boa pedida, ou melhor, a pedida ideal. Nos passeios turísticos, está lá: visita à fábrica da Guinness (Guinness Storehouse) como highlight, ponto alto da estadia em Dublin. É o que os irlandeses de cara perguntam aos turistas: "já foi à fábrica da Guinness?". Ir a Dublin e não conhecer a Guinness é como ir a Praga e não conhecer o relógio, ou ir a Barcelona e não conhecer Las Ramblas. Simplesmente inaceitável. E como não podia deixar de ser, fui lá conferir o tal armazém da cerveja. Como e porque Arthur Guinness transformou isso num império. Então aqui conto um pouquinho como acontece essa sensacional visita à famosa Guinness Storehouse. Cheers!
A fábrica da Guinness fica num beco no St. James's Gate e é um super beco, na verdade. É uma espécie de galpão completamente tomada por máquinas para produzir a cerveja. A Guinness é a maior cervejaria da Europa e exporta para mais de 150 países. É a principal atração de Dublin.
A Guinness Storehouse é aberta à visitação. O ingresso custa 15 euros e a exposição conta "O Mundo de Guinness". 200 anos de cervejaria, percorrendo todas as fases do processo de produção da cerveja, mudanças ocorridas no processo e métodos desde 1759, quando Arthur Guinness fundou uma pequena cervejaria, a mídia sobre a cerveja e no topo, um pub. Vou tentar contar tudo com mais detalhes a seguir.
Assim que você entra dá de cara com uma estrutura super moderna, a exposição é estruturada num edifício em forma de uma pint gigante, que é o equivalente a 14,3 milhões de pints! Vamos vendo as várias fases do processo de produção da cerveja e conhecendo o mundo de Guinness a medida que vamos subindo a pint. No total são 7 andares.
No andar térreo, há uma loja com souvenirs, mas como na volta, a gente volta para este mesmo andar, então não precisa comprar souvenir assim que entra e carrega-los durante toda a visita, é melhor comprar na volta. Eu nem sabia que ia demorar tanto. Passamos a tarde inteira na Guinness Storehouse, quando saímos já era noite!
Então assim que a gente entra, fica um pessoal esperando a próxima sessão de orientação. Eu achei que seria um guia durante a visita, mas não, é apenas explicando como a visita é organizada, não tem guia durante a visita. Tem guias de áudio em outros idiomas que podem ser usados de graça, mas quando eu entrei eu entendi que realmente não precisa porque a exposição é toda em inglês e é bem auto-explicativa.
O primeiro andar é dedicado aos ingredientes. Cevada, lúpulo, fermento e água. Esses elementos combinados com a técnica produzem a famosa Guinness. Foi bem interessante conhecer de pertinho um pouco mais sobre cada ingrediente. Eu nem sabia como era feita a cerveja, de onde vem os ingredientes, e lá, pude satisfazer minhas curiosidades. It turns out that os mesopotâmios que foram os primeiros que descobriram a cerveja acharam que a cevada era especialmente aplicável à preparação da cerveja. Antes de ser usados, os amidos que são contidos na cevada precisam ser quebrados. Então começa o processo de maltagem. Os grãos que brotam quando são mergulhados na água são então colocados em uma estufa para secar e parar de crescer. Ali, 100 mil toneladas de cevada irlandesa são usadas para produção da Guinness por ano.
Aí vem o lúpulo, que é uma espécie de planta que leva meu nome: liana. O lúpulo requer uma quantidade específica de exposição ao sol para servir à produção da cerveja. Sol de 35 a 55 graus disponível apenas a pouco norte e sul do equador. O lúpulo usado na fabricação da Guinness vem da Austrália, República Tcheca, Alemanha, Inglaterra, EUA e Nova Zelândia. Em seguida, o fermento e a água entram na jogada. Entendido como a combinação dos ingredientes podem produzir a cerveja, somos então convidados a uma experiência, a de experimentar a Guinness.
Essa história de virar o copo não tá com nada! Existe toda uma técnica para "degustar" a cerveja: ouvir, olhar, tocar, cheirar e saborear.
Continuamos subindo a pint e chegamos à área da mídia. As propagandas já feitas sobre a Guinness na TV, garrafas antigas, etc. Tudo muito interessante ver o desenvolvimento da publicidade da marca. A propósito, vale a pena comentar aqui sobre o livro dos recordes Guinness. Eu não sabia que vinha de lá, mas vem. Apesar de não ter a ver diretamente com a cerveja, é conhecido no mundo todo. Tudo começou em 1951 quando o diretor da fábrica da Guinness caçava pássaros na floresta e errou um tiro. Mais tarde num pub conversando sobre isso com os amigos, uma discussão veio a tona sobre qual pássaro voa mais rápido. Três anos mais tarde, o mesmo senhor voltou a discutir no pub sobre o tal pássaro mais rápido do mundo. E ali se deu conta de que debates similares deveriam acontecer em pubs do mundo todo e deveria haver um livro a disposição para esclarecer tais argumentos. E aí surgiu o tal Guinness Livro dos Recordes. A propósito, segundo o livro dos recordes, o pássaro mais veloz do mundo é o Canadian Long Tailed Duck (Clangula hyernalis).

Continuando o passeio, finalmente chegamos ao ponto alto da visita: onde aprendemos a fazer nossa própria pint! Sim, pois não é só por o copo e enche-lo. Há uma inclinação perfeita, enche-se até um certo ponto no copo, deixa a cerveja "descansar" até mudar de cor, depois enche-se o restinho, espera-se mais um pouco, e só então ela pode ser consumida. Entramos em grupos, um funcionário de lá nos ensina tudo isso e depois vamos todos tentar fazer como ele disse.
É mais difícil do que parece, mas a prática deve ajudar. Sei que a minha ficou nota 10! Até certificado nós ganhamos! Hahahahaha... Agora já sei "fazer" minha própria pint!
Maravilha! E eu achei que essa viagem não ia me ensinar muita coisa. Engano meu! Ahahahahaha. Depois desta fantástica experiência, ainda subimos mais um andar e chegamos ao super pub no topo do prédio, onde se tem uma vista sensacional 360º de Dublin e do resto da fábrica pelos arredores! O tempo estava meio cinza como sempre e já estava anoitecendo, mas mesmo assim.
A visita à Guinness Storehouse super valeu a pena! Agora entendo porque turistas que vão conhecer a Inglaterra fazem um passeio bate e volta à Irlanda só para conhecer a fábrica da Guinness. É uma experiência incrível!

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