Ovronnaz

Este fim de semana o pessoal do meu ex trabalho (ah como é bom falar isso!) e eu fizemos um programa mega suíço. Juntou um monte de coisa como a minha saída e a saída do Robin da UPU e a casa nova do ME e tínhamos motivo suficiente pra fazer esse velho plano acontecer.

O ME saiu da UPU no fim do ano passado, mas todo mundo mantem contato. Ele como ótimo gerente de projetos organizou um projeto de um fim de semana minuciosamente programado pra gente.

Começamos o sábado com um passeio em Sion, a capital do cantão Valais. Depois, uma "leve" caminhada montanha acima partindo de Ovronnaz, uma vilazinha em Valais, que é metade francês metade alemão. Mas mais francês que alemão, pra falar a verdade.

Essa caminhada era meio que uma trilha na verdade. Ao estacionar o carro, trocar de roupa, isto é, colocar a super calça a prova de vento, frio e água, super meia, bota especial, casacos, luvas, óculos, gorro e mochila, estávamos prontos. Nosso objetivo era chegar a Loutze, uma vilazinha lááá em cima, a 1600 metros montanha acima. A idéia era andar pelos alpes por mais ou menos 1 hora até chegar lá. No início, fazia uns 3 graus e o tempo tava bem nublado.
A essa época do ano, inverno, pleno mês de fevereiro quase março, a Suíça não está tendo muita neve. Parece que neste inverno a neve forte veio mesmo em dezembro e agora tá assim a neve, vindo de pouquinho em pouquinho. Pobre de quem quer esquiar que tem que subir muito. Claro, quanto mais alto, mais frio e mais neve.

Então começamos nossa caminhada e logo a paisagem mudou. Só foi subir mais um pouquinho e já tinha um montão de neve e a vista fantástica dos alpes! Não me canso de apreciar esses alpes... mas a montanha é bem inclinadinha, então o esforço foi logo explícito no suor que ia aparecendo. Um contraste bem engraçado, porque quanto mais subíamos mais frio fazia naturalmente, mas mais esforço tínhamos que fazer e mais a gente suava!

Não me estraçalhei caí como caí quando tentei andar de snowboard. Apesar de o cansaço depois ter sido tão grande quanto, não tive os hematomas que ganhei de souvenir quando andei caí de snowboard em Gstaad ano passado.

Mas não tinha pra onde correr, o calor tava grande... Pára tudo! Tira casaco, tira luva, tira gorro porque eu tava ali suando, morrendo de calor em plenos zero graus!!!

Olhava ao redor e não via nada além de alpes, árvores e neve cobrindo (quase) tudo.

Lindo na foto, adorei, foi ótimo. Mas não sei quando é que eu faço outra dessas de novo não. Eu era a única que não era suíça do grupo. Não, minto, o Robin é francês mas de uma vila nos alpes, e ele quase fica sem camisa lá, então sim, eu era a outsider ali que tava me aventurando a trilhar pelos alpes pela primeira vez na vida.
O item mais importante que levei foi meus óculos escuros, porque nunca vi tanto branco na vida. Se eu tirasse os óculos não via era nada e tava era vendo a hora de ficar cega ali com tanto branco. Pra onde quer que olhasse só tinha branco, branco, branco. Olha, mas é bonita demais viu essa paisagem de perto. Vale a pena todo o sacrifício.

Quando eu já não aguentava mais de tanto subir e minha boca e meus dedos já estavam tremendo e começando a ter vida própria, vi uma luz no fim do túnel... já conseguia ver nosso ponto de chegada: o restaurante lá no topo! Mal pude acreditar quando me dei conta que chegamos lá no topo em 45 minutos, ou seja, bem menos do que o tempo estabelecido lá de baixo! Uau! Bom, tenho que admitir que não foi nada fácil seguir o ritmo dos suíços não. Tanto que quando chegamos lá em cima, eu tava me acabando de suor e de calor e eles só com uma gotinha de cansaço... eu já tinha arrancado várias peças de roupa e se tivesse sozinha, provavelmente teria parado várias vezes no meio do caminho.

Um vinho branco bem gelado ao ar livre pra brindar nossa chegada! Lá em cima o sol tava tão forte que até uma corzinha eu peguei. E os suíços passando protetor solar. Bom, eu até passaria também porque sei que quando o sol bate na neve, reflete de volta, bate no rosto e queima mesmo, mas não íamos demorar ali e meu corpo tá me agradecendo até agora pelo tiquinho de calor e sol que recebeu ali. Logo depois, nada mais suíço justo que um fondue delicioso pra repor rapidamente todas as calorias perdidas no "passeio".

Mas toda essa minha animação ficou abalada quando me toquei que tinha tudinho de volta pra descer ainda... Oh my... é, pra descer todo santo ajuda, mas eu tava tão cansada, mas tão cansada, que ainda depois de encher a barriga de fondue, eu queria mesmo era só ficar por ali mais um bocadinho. Mas o povo era suíço esportivo demais e num salto levantou todo mundo recarregado pronto pra continuar. Tínhamos que voltar mesmo logo pra não pegar mais frio ainda, pois o sol já tava começando a baixar.

Depois de alguns escorregões quase rolando neve abaixo, chegamos todos sãos e salvos. Mas vc sabe, depois do esforço, vem a recompensa, e pra quem achava que o fondue era a única recompensa errou. Fomos pra um clube com piscinas térmicas e massagem ma-ra-vi-lho-sooo!!!

Eu que achava que ia me sentir mal por causa do meu bronze "neve", me senti em casa. A verdade é que tá todo mundo na mesma situação, e eu acho que estava entre as mais bronzeadas dali.

Não tenho fotos, porque o esquema é o seguinte: todo mundo põe a roupa de banho no vestiário, tranca tudo no armário, amarra a chava numa pulseira que prende ao pulso e sai andando do jeito que tá do vestiário até à piscina ainda meio que batendo o queixo de frio, só com a toalha. Chegando lá na área da piscina não tem lugar pra botar nada fora a toalha pendurada. É tudo ensopado, enorme e um monte de gente andando pra lá e pra cá. Então foi só chegar e caiu todo mundo direto na piscina, e o mais fantástico foi ficar lá na piscina aberta com a água super hiper mega quente mas com sensação de estar mais fria por causa do choque com a temperatura do ar!

Enquanto estávamos lá com a água fumaçando, algumas áreas borbulhando da hidromassagem, os alpes ao nosso redor resultando num cenário espetacular. Ah, é muita swissness pra minha pessoa... Não que eu esteja reclamando. Ficamos lá até de noite. Saímos por volta das 8 porque já ia fechar ahahahaha... nada mais merecido depois de tanto esforço.

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