So long, farewell, auf wiedersehen, good-bye


Quem é que ainda aguenta ler sobre o meu trabalho? Olha, agora é sério, tá acabando!! Até depois de amanhã ainda trabalho no meu atual emprego. É finalmente o final do aviso prévio. É claro que estou muitissíssimo feliz de estar saindo dali depois de tudo que aconteceu, principalmente porque meu novo emprego tá aí já batendo a minha porta e meu novo visto foi aprovado​ e tals. Passou-se 1 ano e 7 meses desde que comecei a trabalhar​ aqui na Suíça e muita coisa aconteceu desde então. No início, o emprego ​parecia ser o emprego dos sonhos e eu vim com tudo. Chegando aqui, o emprego continuou sendo legal, mas o trabalho mostrou-se bem diferente do que eu imaginava. O emprego versus o trabalho. Afinal qual outro emprego se tem 7 semanas de férias por ano? E onde não se paga impostos? E onde te ajudam pra aprender francês e alemão? Né?! Mas isso não é tudo, o trabalho, o dia a dia ali era outra história, e pra ter tudo isso eu tinha que trabalhar, óbvio. E para acentuar ainda mais as diferenças nas expectativas no trabalho e na execução das atividades diárias que não combinavam comigo, pessoas se mostraram diferentes do que eu imaginava. No meio disso tudo, eu tinha que continuar fiel a mim mesma.
 
Ali trabalhei com pessoas​ de tudo quanto é nacionalidade. Por muitas vezes, sem querer, quando eu tinha problema com alguém, eu tentava​ generalizar com "ah francês é tudo assim!", "ah romeno é tudo assim!", mas aí logo depois aparecia um francês pra quebrar minha regra, ou um romeno da mesma forma. A questão não é em si a diferença cultural ou a nacionalidade. Existe bastante diferença cultural ali, e sim, é difícil trabalhar e saber lidar com isso, mas mais ainda que as diferenças culturais, são as diferenças pessoais, que são ainda mais difíceis de lidar, o caráter, não importa qual seja a nacionalidade.
Acho que esse é o grande desafio de trabalhar fora. Porque quando vc trabalha num ambiente que todo mundo é "igual", da mesma nacionalidade, mesma região, os hábitos são parecidos, o jeito de falar é parecido, é mais fácil de haver mais afinidade, e aí facilita qualquer relacionamento no dia a dia. Aliás, quando é todo mundo da mesma nacionalidade já existe desavença, imagine quando é cada um de um jeito. Aqui, esse é o fator talvez mais difícil. Aliás, aqui até brasileiro também não ganha carta branca direto não. 
Quando se tem que trabalhar numa equipe com pessoas TOTALMENTE diferentes, em outro idioma que não é a língua materna de ninguém, que quando vc fala uma coisa, pra outra pessoa pode significar algo que vc não quer dizer ou ela simplesmente não entender, que ​é preciso filtrar não sei quantas vezes as palavras antes de falar, que não dá pra se entender só com olhares nem com sinais de legal com a mão ou um sorriso. Nada disso. O buraco é mais embaixo. É um aprendizado novo a cada dia. Todo santo dia. Cada um vem de um lugar e cada um aprendeu a trabalhar de um jeito, é uma gama muito maior de personalidades que há de se encarar, e tá aqui nesse meio de mundo tentando encontrar seu lugar sem saber direito como lidar com os outros. É tudo mais difícil. Como é difícil... e aí às vezes quem fica prejudicado é o próprio trabalho que não sai como deveria sair por conflitos entre as pessoas.
Vc se desentende, fica calada quando queria falar, fala quando deveria ter ficado calada, é mal interpretada, interpreta mal, suas chances de se explicar são escassas. É tão desgastante esse relacionamento profissional com colegas de trabalho no exterior, que as vezes eu me pergunto por que é mesmo que vim trabalhar aqui?! A que preço eu decidi vir abrir meus horizontes. Oh well, ainda assim, quando eu páro pra pensar, no fundo não me arrependo. Foco no objetivo, penso nas vantagens e no que já conquistei até aqui. Ninguém tem vida fácil, no Brasil seria outro problema. Se estou aqui porque escolhi, então vamo simbora pra luta do cotidiano.
Não, não foi fácil esse tempo, mas foi também de grande valia. 1 ano e meio de experiência no meu curriculo e na minha vida. Seja onde for e onde tenha sido, troca de emprego é sempre aquela coisa estranha, aquele clima de adeus, alivio de onde está saindo, e expectativa pro que vem por aí. Ali, apesar de grandes desavenças, tive uma grande experiência de trabalho, conheci ótimas pessoas​, comemorei bons resultados, cresci, aprendi. Mas pra tudo tem um fim. E o que é o fim de alguma coisa é o começo de alguma outra coisa, então cabeça erguida e vamos em frente que atrás vem gente!
No meu novo emprego, o ambiente será menos internacional. Não é uma organização (tão) internacional, e isso não quer dizer que será mais fácil. Os desafios são muitos. Mas isso fica pra outro post.
Quando eu cheguei aqui, não imaginei que aquilo ali seria só meu primeiro emprego na Suíça​. Não que eu não fosse capacitada pra conseguir outra coisa no país, simplesmente nunca tinha passado pela minha cabeça que aquilo ali era só mais uma fase, uma porta de entrada e que depois de um tempinho ali, eu ia sair pra trabalhar em outro lugar. Um tempinho menos que o 'planejado'. Não pensei nisso no começo. Eu vim pra ficar muito tempo. Tinha um contrato de 3 anos e minha intenção era passar pelo menos 3 anos ali, depois não sei. Nunca tinha passado pela minha cabeça que o trabalho não seria legal e que eu tivesse que interromper o contrato antes dos 3 anos. E olhe onde estou hoje. Por mais difícil que tenha sido lutar contra o que eu esperava que tivesse dando certo, hoje to aqui, tão feliz com um novo caminho inteiro pela frente, em um novo trabalho, em outra cidade. Aliás, andei dando uma olhada em anúncios de apartamento em Zurique, e ô cidadezinha cara, hein?! Jesus amado!
Queria agradecer aos votos de boa sorte e prosperidade nessa nova fase, e aos que me encorajaram de levar a viagem de Israel pra frente nessas minhas férias de agora. Se a minha mãe não tivesse chegando amanhã, eu acho que eu iria mesmo, como eu falei, numa vibe bem eat pray love e contaria tudo aqui, mas deixarei o eat pray love pro futuro, vou aproveitar os dias de folga ao lado de mamys que resolveu de última hora aproveitar os últimos dias de férias dela também, aqui do meu lado. Israel vai pra lista de espera, mas olha, espero que não demore muito tempo lá.
Eu já estou em clima de despedida, aliás pra mim já tá durando até demais! Já apaguei minhas coisas do computador, já levei minhas coisas que estavam na minha sala pra casa, já fiz o que tinha que fazer, só falta os dias passarem. E po, muito legal algumas pessoas virem falar comigo, compartilhar da minha alegria, me parabenizar, se despedir, querer manter contato, desejar boa sorte, até reconhecer minha coragem e tal. É muito especial isso. Porque quando vc sai de uma empresa em clima de conflito, de x contra y, no fundo no fundo todo mundo que tá assistindo termina ficando de algum lado, fazendo seus julgamentos, então vc percebe, vc sabe. E eu tenho consciência tranquila, limpa e cristalina que eu sou do bem, eu to do lado do povo certo e direito e o que eu fiz até aqui tava certo e era a coisa certa a se fazer. Então é bom também reconhecer quando essa coisa de apertar a mão e dar um abraço de despedida nessas horas é verdadeiro ou não, dá pra ver no olhar. Eu sei que faz parte, o mundo é cruel, mas essas coisas de botar panos quentes e falsidade não é comigo. Sei que nem todo mundo concorda com as minhas atitudes, do jeito que não me encaixei no meu time e não aceitei umas filosofias de trabalho meio erradas, me acha estúpida e inocente de sair e por a cara no mundo como eu faço mesmo, e outras até deixam escapar o olhar de despeito, mas eu sou assim. Posso até sofrer mais na vida por causa disso, mas oh well... Ah, se a gente vivesse pra agradar todo mundo, não?! Definitivamente eu não sou essa pessoa. O que importa nesse momento é estar tranquila de que é a coisa certa a se fazer e seguir em frente. Aconteça o que acontecer, doa a quem doer, eu estou partindo, e feliz da vida com as mudanças, graças a Deus!
Pra finalizar, hoje mais um jantarzinho de despedida com os amigos do trabalho em alto estilo, obaaa!

Marcadores: , ,