Madrid

Um pouco de contexto pra começar, ne?! Lá vai... A minha turma de Mestrado na UPE ganhou o título (título dado por nós mesmos) de "O que vale é a gréia". Bom, se você é de Recife, você sabe que gréia é a farra, a bagunça, aquela bagunça boa. O nome era porque por mais exaustos que ficássemos de tanto estudar, depois de passar dias e dias dormindo 3 horas por noite pra dar tempo de fazer todos os trabalhos e dar conta de tudo, no final, o que valia era a gréia.

O Célio fez Mestrado comigo na Poli, lá em Recife. Ele foi o primeiro da turma a defender a dissertação em 2008, e ganhar o título de mestre. Durante o Mestrado, escrevemos artigos juntos, artigos que foram aceitos em conferências e orgulhosamente publicados. Em 2009, fomos ambos convidados a apresentar nossos artigos - desta vez artigos escritos individualmente, mas submetidos a mesma conferência, a SQS, que hoje chama-se Iqnite (conferência sobre qualidade de software) - em Dusseldorf, na Alemanha. Engraçado que era ali que este blog nascia, quando eu fui a Alemanha apresentar meu artigo numa conferência de alto escalão, e estiquei minha viagem a Berna para fazer a entrevista de emprego cara a cara, e aí o resto vocês já sabem...

Nessa viagem, esticamos também, eu e o Célio, a viagem até Londres. Era a primeira vez que eu ia a Londres. Fomos ao show do Eric Clapton, passeamos tanto, andamos Londres de cima abaixo e foi fantástico. Mas aí a conferência passou, chegou minha vez de defender minha dissertação, virei mestre, consegui meu emprego, me mudei pra Suíça e o Célio ficou lá em Recife, está fazendo doutorado e super bem por lá. Beleza. Até que um dia estamos conversando no gtalk e ele solta que está com passagem marcada para Madrid, para apresentar mais um artigo aceito numa conferência por lá e... perguntou se eu não queria ir lá me encontrar com ele.
Ou melhor, ele e a trupe acadêmica da mais alta categoria! Ora, você já viu um convite mais fácil de aceitar do que esse? Ir a Madrid, encontrar com meu amigo. A Espanha é aqui do lado, só atravessar a França e estou lá. De avião é baratinho. Ho ho ho. Well well well, antes disso, eu o questionei porque razão, motivo e causa ele não viria aqui me visitar, já que, já disse, a Suíça é pertinho da Espanha. Mas como é difícil argumentar com professor-doutorando-acadêmico que está sempre sem tempo, sem dinheiro e no limite da razão com tanta coisa pra estudar e a beira de enlouquecer pra se tornar doutor, ainda mais em Computação, não discuti. Verifiquei rapidinho a disponibilidade de passagem e mais uma vez a Swiss Airlines cooperou com a minha pessoa.
Não vou mentir, eu estava cansada. Estava vindo de uma semana de trabalho em Londres e o cansaço já tava batendo forte, minhas olheiras não negam. Mas quão logo eu teria outra chance de encontrar meu querido amigo, a trupe de pesquisa, relembrar as "gréias" da época do Mestrado e ainda dar um rolé em Madrid? Dificil, ne?! Eu já conhecia Madrid, mas ainda assim, os argumentos eram fortes pra que eu vencesse o cansaço e esticasse o fim de semana em solo espanhol.
Fazia um clima fabuloso. Bom, pelo menos a maior parte do tempo. Fazia tempo que eu não saía pra andar na rua de blusa de alça e não sentia minha pela esquentar com o sol que batia, como em Madrid. É, na Espanha tava bem mais quente que aqui. E eu tive que aguentar as piadinhas que eu tô muito branca e etc. Ora, eu tento disfarçar com uns blushs que passo na bochecha, mas não dá pra passar blush nos braços e no corpo inteiro, ne. E bronzeamento artificial eu não faço. 1 ano sem ir ao Brasil dá nisso. Mas tudo bem.
Plaza Mayor
Relevei, afinal eu estava em Madrid!
Que coisa linda é a capital espanhola, não?
Desta vez andei por lugares que não tinha andado da primeira vez que fui lá em 2006. Não tinha ido a Plaza Maior, não tinha entrado no Palácio Real. Tanta coisa impressionante que chega deu pena ter apenas um fim de semana lá. Rodamos tanto no sábado, mas tanto, que no fim do dia quando o tempo deu uma virada e começou a chover, eu dei graças a Deus de TER que me esconder da chuva dentro do Palácio Real, pois além de me proteger da chuva, íamos andando num ritmo menos acelerado e apreciando os magníficos e luxuosos aposentos do que um dia foi a residência da realeza espanhola, até 1931.
Palacio Real
Hoje o espaço é usado apenas pare cerimônias especiais. Pagamos 10 euros e fomos conhecer o interior do palácio enquanto o tempo se decidia se chovia ou se ficava estável. Pena que não podia tirar foto dentro do palácio porque os salões são de cair o queixo, sem exageros. A decoração das paredes, do teto, é exuberante e mostra os gostos dos reis Bourbons. É imenso e lindo. Vale a pena.
A catedral também é magnífica. Vale um post só pra ela.
Desta vez não tive tempo pra visitar museus, como o famoso Museo del Prado que visitei da primeira vez que fui a Madrid. De início, um fim de semana parecia tanto tempo, mas quando se está lá e olha no relógio, o dia passa tão rápido, é tanta coisa legal pra ver, que até um desfile sei lá de que com gente vestida tradicionalmente me chama atenção. Corremos, corremos muito. Queríamos ainda ter tido chance de assistir uma tourada, na Plaza de Toros, que ficava pertíssimo do hotel, mas por causa do choque de horário com o Cirque du Soleil que já tínhamos ingressos comprados, não pudemos ir.
As touradas ainda são uma forte tradição no país, e apesar de ter muita pena dos touros, eu gostaria de assistir uma ao vivo.

A arena onde isso acontece fica na praça Las Ventas, onde tem uma estação de metrô com mesmo nome, aliás, um parênteses - que fantástico o metrô de Madrid! Fácil, rápido, novo, limpo, organizado e barato. Nota 10!

Mas voltando a Plaza de Toros... as touradas ocorrem quase que diariamente e são verdadeiros espetáculos com casa sempre cheia. Os toureiros são celebridades e tourear, apesar de ser um ritual de sacrifício, é uma arte. Vivencia-se medo, exaltação, e muita crueldade com o pobre touro. Um drama autêntico e desafiador, típico espanhol.

Não vi uma tourada, mas a área onde ficam touros, cavalos e instrumentos utilizados pelos toureiros estava aberta a visitas durante o dia com uma fila gigante, então fomos lá ver o que tinha. Olha, eu não consegui demorar muito pra ver realmente o que tinha ali, porque o cheiro tava insuportável... lo siento.
Mas só a arquitetura que se vê do lado de fora da arena já é de impressionar, fala a verdade...
Ay ay ay, Madrid...


Eu até me emocionei de um jeito diferente nesta viagem. Quando estava no portão de embarque, já prestes a partir no aeroporto de Zurique, ouvi pessoas que esperavam junto comigo pra embarcar falando em espanhol.... e me arrepiei toda. Só não sei explicar direito o porque... Não sei se foi porque me senti mais "em casa" por entender naturalmente sem precisar fazer esforço pra captar cada sílaba pra entender o que estavam dizendo, e depois de um ano sem ir ao Brasil estou em estado permanente de homesick e nem tenho consciência. Não sei se foi porque estava indo - querendo ou não - um pouco mais pra perto das minhas origens.. ou sei lá o que. Olha, eu não sei. Só sei que foi muito bom.

Muito bom estar entre amigos, entre rostos conhecidos. Mesmo cansadérrima, as novas e definitivas linhas de expressão que meu rosto ganhou neste fim de semana apóiam o lema "O que vale é a gréia!".

Hasta luego, España!

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