Belem, Cisjordânia. O lugar onde Jesus nasceu.

Belem, ou Bethlehem em Inglês, é uma cidade tradicional, biblicamente falando. A cidade onde David passou a infância e a cidade onde Jesus Cristo nasceu atrai até hoje muitos turistas e fiéis religiosos principalmente por causa da Igreja da Natividade, que foi construída no século 4 d.C.
Belem hoje fica na região da Palestina, na Cisjordânia, a 10km de Jerusalem. Território sob ocupação de Israel e dividido por um muro de 700km de extensão, assim como o Muro de Berlin. O muro é uma barreira que separa territórios disputados entre palestinos e israelenses e tem muitos seguranças na fronteira, pra passar tem que mostrar passaporte, e judeus, por exemplo, não podem passar.
Nosso guia era judeu, e ele ficou esperando a gente do outro lado do muro, em Jerusalem, enquanto a gente atravessou e tinha um outro guia em Belem esperando por a gente, pra nos levar até a Igreja da Natividade.
Apesar da maioria da população ser muçulmana em Belem, o lugar abriga grandes comunidades de cristãos palestinos. Mas além das 30 mil pessoas que moram lá, o que mais atrai gente ali é a Igreja da Natividade mesmo.
Desde o ano 160 d.C., a caverna que existe aí é venerada como o local de nascimento de Cristo. A Igreja foi construída como uma estrutura sobre a caverna no ano 530 pelo imperador Constantino, uma espécie de santuário, e apesar de conflitos que geraram destruições e reconstruções, ela não foi muito abalada, e é até hoje uma das mais antigas do mundo. É um lugar sagrado tanto para o cristianismo, quanto para o islamismo.
O interior da Igreja é muito simples, e parte do chão em mosaico ainda é original de muitos séculos atrás. Mesmo simples, impressionante é pouco. Os Franciscanos são os principais responsáveis pela manutenção da basílica, e promovem restaurações e melhoramentos quando necessários. Mas a grande expectativa estava do lado direito de dentro da Igreja, uma fila enooorme de gente que não saía do canto naquele corredorzinho estreito, todo mundo se segurando na paciência e ansiedade pra se aproximar da Gruta da Natividade.
A Gruta da Natividade é a cripta onde Jesus nasceu. O local exato é marcado por uma estrela de prata de catorze pontas no chão, uma inscrição em latim que diz "Aqui Jesus Cristo nasceu da Virgem Maria", lâmpadas de prata penduradas acima que representam as diversas comunidades cristãs, e um altar em volta. Não preciso nem tentar descrever o quão sagrado aquele local é tido por todos os cristãos, ne.
Ali Jesus nasceu, aquele que veio ao mundo com poder de libertar almas do pecado, da culpa, do medo, da aflição, do desespero.
A expectativa estava crescendo a cada passo que me aproximava do local exato. Tanto pela quantidade de gente que estava ali aumentando o burburinho, quanto pela intensa emoção que tomava conta de mim, como se fosse uma aproximação muito real com Jesus. Na minha cabeça, eu rezava, agradecia por estar ali, agradecia pela minha vida, pelas bençãos, pelas alegrias, e então... de repente, não mais que de repente, chegou minha vez de por a mão na estrela.
"O mundo inteiro tem de amar a Ti, Menino Jesus, pois vieste para nos salvar e nos trazer Tua luz. Ninguém mais pode triste estar, pois o Menino nasceu, o qual em seu imenso amor perdão nos concedeu."

O Verbo se fez carne, e habitou entre nós. João 1.14
Hoje, quando o mundo está em trevas, este Menino traz ao mundo a luz."


Tudo muito especial. Aliás difícil é decidir qual dos lugares que visitei nessa viagem é o mais especial.
Ali próxima a Igreja da Natividade, ainda tinha uma igreja mais moderna e tradicional, com assentos e altar, a Igreja de Santa Catarina, construída pelos Franciscanos no século XIX, com um jardim de estruturas e colunas do século XII, onde ficava um antigo monastério.
Mas o auge mesmo foi a Gruta da Natividade. Muito overwhelming.
Enfim, tudo com valor espiritual muito alto capaz de sensibilizar muita gente... e eu ali conseguindo realizar meu sonho de conhecer a Terra Santa, depois de tantos contratempos, tantos dias de planejamento, sozinha, ou melhor, com meu grupo. Sim, no tour de Jerusalem e Belem, o grupo que me juntei era uma turma de funcionários de uma companhia aérea. Pilotos e comissários de bordo americanos. Foi com eles que dividi ali as emoções daquele dia.
É...
E era apenas o primeiro dia em Israel, segundo dia de viagem, depois de já ter passado o primeiro dia na Jordânia.
Belem passou uma impressão muito boa. E eu terminei deixando algo meu lá, sem querer. Essa minha encharpe rosa e lilás terminou ficando lá em algum lugar que devo ter esquecido, abobalhada com tanta coisa pra ver... depois que me toquei e dei falta da encharpe, nem achei tão ruim ficar com essa lembrança, de que algo meu "ficou" em Belem, porque eu também não voltei a mesma de lá.
Mas enfim. Era hora de voltar, tínhamos que voltar, atravessar de volta o muro, sair da Palestina e voltar a Jerusalem.
Mas não acabou por aí não. O segundo dia em Israel estava por vir, e mais emoções pela frente...

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