Jerusalem

A história de Jerusalem é a história do mundo. Assim começa o prefácio do livro "Jerusalem, The Biography", de Simon Sebag Montefiore. Queria eu ter tido tempo de ler as mais de 500 páginas deste livrão que conta a história da cidade em detalhes, antes de ir. Mas o que li me ajudou muito na preparação e maior entendimento de tudo que vi em Jerusalem, a capital de Israel. E com certeza vai me ajudar a escrever este post.
Eu tive muito receio em embarcar nessa viagem a Israel sozinha, por minha conta e risco. Por isso me dediquei tanto nos preparativos e bookei um tour em Jerusalem, no segundo dia de viagem a Terra Santa. Correu tudo muito perfeito graças a Deus, e no final, tive a impressão de Jerusalem e Israel em geral ser muito tranquilo pra ser explorada numa aventura sozinha. Foram dias de descobrimento, conhecimento e espiritualidade muito marcantes na minha vida, eu sou uma Liana diferente da que partiu daqui. Mas também... como não ser?
Jerusalem foi tida uma vez como centro do mundo e até hoje continua o sendo o foco de brigas entre religiões abraãmicas, cristãos, judeus e islão. A reta final da discussão entre o ateísmo e a fé. Jerusalem é a casa de um Deus, a capital de dois povos, o templo de três religiões e é a única cidade que existe no céu e na terra. Não há lugar mais glorioso e sagrado no mundo que ela. Cidades chamadas "Nova Jerusalem" foram fundadas no mundo inteiro, pois todo o mundo quer ter sua própria opinião sobre o que ela representa. Profetas, Abraão, Davi, Jesus e Maomé. Bíblia, crônicas, tudo que se ouve e se repete várias vezes em qualquer lugar do mundo. O eco que esta cidade provoca até hoje é incomparável a qualquer imaginação. O centro do mundo que atrai olhares, interesses, curiosos e até o mais indiferente dos homens, todos têm conhecimento da existência de algo que aconteceu por ali. A autêntica Jerusalem é só uma, desde tempos mitológicos sem tecnologia, sem armas. De alguma forma, ou de várias formas, venceu limites de tempo, ela é o ponto de convergência de fatos históricos e origem da santidade. Como não prestar reverência ao grande relicário do mundo?
É um estreito corredor de terra apenas, a Terra Santa. Mas é difícil medir tamanha influência que teve e tem sobre o mundo. Jerusalem não tem grandes monumentos fenomenais como grandes capitais do mundo, o impacto é mais espiritual, posso dizer. A Via Dolorosa, que é o caminho por onde Jesus andou carregando a cruz hoje está cheio de lojinhas vendendo souvenir. Mesmo com tantos investimentos e proteção dos EUA, a cidade é humilde, tirando a Cúpula da Rocha, a grande mesquita de cúpula dourada palco de ascenção do profeta Maomé ao Paraíso na 'Jornada Noturna', falada no Alcorão.
Andando poucos minutos em Jerusalem, já é notável as diferentes raízes que habitam aquele lugar. Quer seja judeus ultra ortodoxos vestindo aquelas roupas pretas, chapéu, barba e corte de cabelo exclusivo da moda da Europa do leste de 300 anos atrás, quer seja um grupo de peregrinos cristãos armados com câmeras digitais mega modernas, ali é normal.

O Judaísmo acredita que seu povo é descendente de Abraão, citado no livro de Gênesis, escrito por Moisés (encarado pelos judeus como o principal legislador e um dos principais líderes religiosos), e mencionado várias vezes na Bíblia, mas com algumas desconexões fica difícil ter uma posição. Mas os judeus conduzem sua vida com toda crença no Torá, e também há várias divisões e tipos diferentes de judeus, de modernos a tradicionais.

Ao Cristianismo, Jesus de Nazaré foi mais que um profeta. É o filho de Deus, de gerações depois de Abraão e Davi. O que veio a Terra para trazer paz, renovando o pacto de Deus com Abraão. Realizou milagres, foi crucificado, morto e sepultado como um sacrifício para salvar a humanidade, que inspirou novos movimentos religiosos, baseados nos seus ensinamentos. Quase todas as igrejas cristãs que existem no mundo estão presentes em Jerusalem. Olhe, e não são poucas.
Já o Islão foi fundado por Maomé, um mercador de Meca, nas Arábias. Ele recebeu revelações de Alá e tudo foi escrito no Alcorão. As pregações não foram muito bem aceitas por todo mundo, então até hoje os muçulmanos são vistos com bem pouca tolerância.
A parte antiga de Jerusalem tem história de mais de 3 mil anos. O centro se divide em quarteirões definidos por religiões: o quarteirão judeu, o quarteirão islâmico, o quarteirão cristão, e percebe-se a clara diferença entre um e outro. O judeu, por exemplo, é mais novo, mais moderno, e se bem entendi o guia, é investimento do governo americano pós-destruições para manter o lugar conservado. Sei lá. Sei que aqueles muros parecem que querem te contar alguma coisa, quando você anda por eles. O quarteirão muçulmano é o mais populoso de todos. Acho que o mais pobre também, e o mais desorganizado. É lá que fica a Via Dolorosa. No século XII, foi tomado pelos integrantes das Cruzadas, mas no século XIV e XV, os mamelucos, uma tribo islâmica, reconstruíram tudo, principalmente a área da Haram esh-Sharif, o grande templo onde fica a mesquita da cúpula dourada que comentei antes.
Toda a cidade antiga é muito impressionante.
Cada esquina tem uma história, uma data, um nome de alguém.
Uma cidade cor de mel, às vezes descascada pelo tempo, dividida e em harmonia ao mesmo tempo.
É normal ver a polícia israelense com armas enormes espalhada pela cidade.
Não há embaixadas nem consulados em Jerusalem, tudo se concentra em Tel Aviv.
A moeda é o Schekel (NIS), mas o Dolar americano e por vezes o Euro é muito bem aceito.
A noite, não acho que seja interessante mulher andar sozinha por lá, mesmo com a polícia. Nem todo lugar é vigiado, e no quarteirão muçulmano, os árabes ainda gostam muito de mexer com mulheres que passam que não estejam cobertas, então pra que facilitar, ne.

Próximo post conto sobre o Muro das Lamentações dos judeus, que me comoveu bastante. Como se tudo já não fosse suficiente para mexer com uma humilde cristã como eu.

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