Istambul - palácios, museus e bazares

Istanbul tem muita coisa pra ver. Nossa, difícil escolher. Tem o basicão que são as mesquitas mais populares como a Blue Mosque, a Basílica de Haghia Sophia, que eu falei nos posts passados. Apesar de a cidade ser grande, muitos dos pontos turísticos ficam próximos uns dos outros, então vale dividir as áreas a serem exploradas por dias e visitar o que tiver de perto naquela área, uma área de cada vez.
O primeiro palácio que eu visitei foi o Palácio Dolmabahçe, o principal centro administrativo do Império Otomano de 1853 a 1922. O palácio foi construído às ordens do sultão Abdül Mecit I por volta de 1850 e foi residência do sultão quando substituiu Topkapi que falarei mais adiante. Dolmabahçe hoje é um museu, paga-se pra entrar (não me pergunte quanto, estava incluído no passeio) e lá dentro é um mundo!
A começar pelos jardins maravilhosos da entrada suntuosa... dá vontade de ficar tirando foto em cada metro quadrado que se anda de tão perfeito e fotogênico que é o lugar.
E pior que tem que aproveitar pra se tirar muita foto do lado de fora mesmo, já que dentro do museu propriamente dito é proibido tirar foto, which sucks... dentro é magnífico! Os aposentos dos sultões, os escritórios, os quartos, as salas de fazer isso, as salas de fazer aquilo, sala de jantar com mesas enooormes, tetos espetaculares, paredes desenhadas e tantas decorações tão ricas. A mão fica se coçando lá dentro pra pegar na máquina e sair fotografando tudo, juro!
É, mas fazer o que ne, não pode não pode... :(

Pra começar, temos que ficar numa fila enorme esperando o próximo guia, sim, as visitas são guiadas o que é bom e é ruim ao mesmo tempo. Bom, porque tem alguém pra ir explicando tim tim por tim tim cada local, e ruim porque é muita gente num grupo só e fica difícil acompanhar. Mas enfim.

Pra entrar, tem que tirar os sapatos e calçar esse saco plástico aí tanto em sinal de respeito quanto por higiene. Mas lá dentro não tem sistema de ar condicionado, então a visita que durou 45 minutos lá dentro foram longos minutos de suor e calor abafado. Nossa, fazia tempo que eu não sentia tanto calor... Mas vale a pena.

É muito impressionante e interessante ver de perto a estética com tanta influência europeia, mas impregnada pelo gosto e costumes otomanos, imaginar o palácio em funcionamento antigamente, as recepções que lá aconteciam iluminadas com aqueles lustres enormes e tão lindos, velas, jóias, clima de reverência na presença do sultão... dá pra voltar bem no tempo.
O palácio Dolmabahçe fica às margens do Bósforo e quando acaba o tour, saímos pelos fundos e damos de cara com o majestoso portão que era usado para receber os ilustres visitantes que chegavam de navio ou barco, e obviamente o mar. E com o tempo maravilhoso que estava fazendo naquele sábado, tive uma vista privilegiada ali.
Olha essas fotos!!! Olha essa vista, olha esse jardim!!! Muito muito belo. Esses sultões eram uns privilegiados mesmo. Bom, eu fiquei ainda um tempo querendo registrar os melhores ângulos dessa maravilha até partir para o próximo ponto.
Difícil era querer sair dali. A câmera queria tirar foto sozinha! Ahahahahahahaha!!! Não a culpo. Mas o próximo ponto turístico desse gênero que eu queria falar aqui é o Palácio Topkapi, ou Topkapi Sarayi.
Topkapi
O Palácio Topkapi fica na primeira das sete colinas de Istanbul e ocupa um terreno de 700 mil metros quadrados. Topkapi foi iniciado na época de Mehmet II para substituir o primeiro palácio otomano, o Esky Saray, que foi erguido às pressas logo após a conquista de Constantinopla. Inicialmente aí era apenas a sede do governo. Mais tarde, no tempo de Süleyman, o Magnífico, é que o harém também se mudou para lá.
24 sultões passaram pelo Palácio Topkapi ao longo de quase 400 anos. Permaneceu como centro do Império Muçulmano até que o sultão Abdül Mecid I se mudasse para o então recém construído Dolmabahçe, que eu falei acima. Era meados do século XIX. Ao longo dos anos, Topkapi passou por muitas ampliações, restaurações. Este Palácio não é exemplo de luxo e riqueza, a grandeza está nos detalhes e revestimentos dos interiores.

Topkapi fica próximo a Haghia Sophia que falei no post passado. Lá dentro dá pra se passar horas, porque é muito grande mesmo e tem bastante coisa pra ver, além da vista esplêndida.

Lá também há várias salas de museus com objetos antigos dos sultãos, tesouros, tronos cerimoniais, turbantes, pedras preciosas e peças que eram presentes de outros reinados. Tudo exposto e muito interessante de ver.

Eu fui a Topkapi no meu segundo dia com o Furkan e as duas canadenses. Íamos andando e o Furkan ia explicando as coisas pra gente, e depois tivemos um tempo livre pra andar pelo palácio e explorar como quiséssemos.
A vista é realmente de tirar o fôlego...

Mas o Pavilhão de Bagdat com Iftariye também é. Construído por Murat IV em 1638 para festejar a conquista de Bagda. É uma estrutura muito interessante em forma octogonal com uma arcada de colunas ao redor, e o interior revestido de azulejos azul e branco.

Aí nesse palácio, sentado no trono, debaixo de um baldaquino, o sultão assistia a espetáculos de música e dança organizados em sua honra enquanto fumava seu narghilé. As mulheres ficavam sentadas em almofadas de seda. O ambiente era perfumado por incenso de rosa. Doces eram servidos.

O Harém de Topkapi tinha mais de 400 cômodos. Hoje, a maioria está fechada a visitação. Harém vem do árabe haram e significa resguardado, proibido. É onde as mulheres ficavam e o acesso era restrito ao sultão e seus filhos. As moças que lá habitavam eram normalmente de origem estrangeira, todas escravas, umas prisioneiras de guerra, outras capturadas por navios piratas e eram negociadas nos mercados. Os sultãos selecionavam as mais belas.
Muitas eram moças educadas e de família, mas ao chegarem no harém eram induzidas a reununciar à sua fé para virarem muçulmanas. Nunca mais retornavam aos seus países. Aprendiam costura, bordado, música e poesia e se ocupavam assim até cair nas graças do sultão.

Tornar-se uma favorita e ter um filho do sultão era o sonho maior de todas, pois representava segurança, riqueza. Obviamente, a competição devia ser terrível, pois haviam centenas de mulheres no harém. Para atrair ainda mais a atenção do sultão, estudavam o Alcorão, etiqueta da corte, aprendiam a tocar instrumentos, dançar.

As intrigas e traições eram comuns na disputa acirrada pelo favorecimento do sultão. Envenenamento sem vestígios, insetos venenosos, vidro moído, são só alguns dos métodos descritos no meu guia de viagem que conta a história de Istambul.

Andando por ali e imaginar tudo isso real, imaginar uma recepção no harém acontecendo, as recepções dos sultões, as festas e celebrações que ali aconteceram, causa um efeito bem dramático na viagem.
Não é só ver os maravilhosos detalhes da arquitetura e pintura dos azulejos, mas é entender o que acontecia ali, o que aquilo ali representava. Pra mim, essa parte que está vulnerável ao seu "imaginário" é uma das melhores partes da viagem, onde voce realmente vive a viagem.
Não adiantar ir a Topkapi com menos de 2 horas reservadas pra se passar ali. No mínimo! Tem bastante coisa pra ver, além da vista pro Bósforo e as paisagens lindas que não dá pra não fotografar. É realmente impressionante, vale demais a visita.

O que também é imprescindível é a visita aos bazares de Istambul. Ir a Istambul e não visitar um bazar, um mercado que seja, é como não ir a Istambul!
Os bazares são grandes complexos com lojas, como uma feira. Mas é muito popular e muito comum ir a um bazar turco. Encontra-se de tudo, e mesmo que voce vá sem intenção de comprar nada, ir só pra ver e sentir a atmosfera do lugar faz parte do roteiro turístico.
O maior e mais famoso de todos é o Grand Bazaar. Mas prepara-se (e pasme também): não abre aos domingos. Me organizei toda pra ir depois do tour no domingo e estava fechado. Pfff!! Tive que me contentar com o Spice Bazaar que não é tão grande quanto mas vale muito também a visita.

Desde os tempos de Mehmet, o Conquistador, o Grand Bazaar se tornou o maior mercado coberto do mundo com 64 avenidas e ruas. Lá trabalham mais de 25 mil pessoas e outras 250 mil circulam diariamente. No passado, era também o centro financeiro da cidade, onde ficavam os bancos e etc.  Hoje, encontra-se de tudo, tudo mesmo. Comida, tapete, souvenirs, jóias, roupas. E o que faz esses bazares interessantes é a barganha.

Os vendedores te chamam, te oferecem tudo, só faltam por as mercadorias na sua mão, e é comum também oferecerem um café turco ou um doce típico se forem com a sua cara.

Comprar num bazar turco não é apenas uma experiência de consumo, não é legal apenas por comprar, e sim mais uma forma de absorver a rica e diversificada cultura local. É divertido.
Concordou?

Próxima dessa região onde tem a Mesquita Azul, Haghia Sophia e Topkapi e dá pra visitar no mesmo embalo é a Basílica Cisterna, ou o Palácio Submerso (Yerebatan Sarayi), que foi construído durante o império de Justiniano no século VI d.C e era o principal reservatório da cidade.
Basílica Cisterna
As cisternas eram definitivamente essenciais em períodos de seca ou durante ataques de inimigos. Os bizantinos podiam resistir por mais tempo com o suporte do reservatório em épocas de conflitos. São 336 colunas vindas de diferentes territórios conquistados mas algumas são especiais como as 2 com a base na forma de cabeças de Medusas - uma está de cabeça para baixo para neutralizar os poderes maléficos e a outra parece estar sonhando, segundo a lenda.
A visita à cisterna foi um upgrade no nosso passeio. Não estava incluído, mas o Furkan falou tão bem que fomos todos ver. A estrutura é bem escura e meio creepy, principalmente com a meleira que fica o chão por causa das goteiras por todos os lugares, mas é tudo muito interessante voce parece estar andando num cenário de filme. Aliás, foi indeed cenário de filme - James Bond, Moscou contra 007.
A próxima e última parada aqui do tour do post é o Museu Arqueológico de Istambul.
Museu Arqueológico de Istambul
Olha, eu já visitei muitos e muitos lugares nessa vida, e pra eu parar e entrar num museu hoje quando visito um lugar novo, principalmente com pouco tempo disponível, é porque o museu tem que ser muuuuuuuuuuuito bommmmmm!!!!!!!! E olha, o Museu Arqueológico de Istambul valeu a visita!
Primeiro porque o jardim do lado de fora é um show! Depois por que o museu está entre os museus mais ricos do mundo com uma coleção de mais de um milhão de peças com traços de vários períodos e culturas do mundo e do período da Turquia Imperial. O museu fica no complexo do palácio Topkapi e é dividido em três. Eu só visitei uma parte, é verdade, mas o que vi me agradou muito. As esculturas colossais representando semideuses e figuras importantes, além de sarcófagos vindos do Líbano de tudo quanto é tipo. Umas coisas bem pitorescas e interessantes de se ver.
E o melhor de tudo é que é permitido tirar foto lá dentro! Yay! Porque também não há nada mais irritante do que voce entrar num museu, ver um monte de coisa bacana que voce quer tirar foto pra se lembrar melhor depois e ter aqueles guardinhas vigiando todo mundo, ne. Ai, acho uma chatice.

Mas no Museu Arqueológico não tem problemas nem motivos para não tirar fotos, então eu gostei mais ainda!

Com isso eu acho que encerro os posts sobre Istambul! Ahhhh :(
É eu sei, mas foi pouco tempo e eu tentei aproveitar o máximo que pude, ver o máximo que pude, e considerando o pouco tempo que tinha, acho que até terminei vendo bastante coisa.

A Turquia me agradou muito e eu espero um dia poder voltar com mais tempo e disponibilidade para conhecer mais de Istambul e outras cidades , a Capadoccia que todo mundo diz que é lindo. Nossa, quero muito ir. Sabe quando voce viaja pra um lugar e volta com aquela sensação de ok, muito legal, mas não tenho intenções num futuro próximo de voltar lá? A Turquia NÃO entra nessa turma! Desejo sim voltar lá e conhecer mais porque é um país com uma história muito rica, muito interessante e eu sei que o que eu vi não é tudo, tem muito mais pra ser ver.

Então, até a próxima, Turquia!

Marcadores: , , ,