A India

Eu ainda não sei como começar a escrever sobre a India. Quando sento aqui na frente do computador e vejo que tem 1214 fotos, fico confusa e deslumbrada sem saber por onde começar. Eu não sou escritora profissional, autora de livros, nem fiz curso de redação pra aprender a redigir. Eu simplesmente escrevo meu blog o que me vem a cabeça, escrevo minhas lembranças, meus sentimentos e minhas experiências do que vivi. E diante de 18 dias na India, as lembranças são tantas, foram tantas experiências, com tanta mas tanta coisa interessante pra compartilhar, que eu simplesmente não sei. Não sei que ordem eu escrevo, não sei por onde começo. Então se eu não apenas escrever, eu não vou sair do canto. Então vamos lá. Até pra escolher as fotos aqui tá dificil.
A India é uma terra de religião, luxo e pobreza extrema. Terra de marajás, sim, marajás eram como eram chamados os reis de lá. Terra de elefantes e de gente pedindo dinheiro na rua e fazendo qualquer coisa por um trocado. Terra de lixo espalhado, e ao mesmo tempo, de gente tão exótica e vacas sagradas. Os 5 mil anos de história deste país conta a história de uma terra habitada por indígenas e imigrantes de várias etnias e comunidades religiosas. Nem que eu quisesse eu seria capaz de resumir aqui a sua história. Por mais que eu tenha lido, estudado e vivenciado na pele, sei que não sou capaz de transcrever o perfil coletivo deste subcontinente.
Todo país grande é complexo, é diverso, é difícil. Veja o Brasil mesmo. Por várias e várias vezes eu me vi na India, involuntariamente comparando o que via com o que já havia vivenciado no Brasil. O norte diferente do sul. Os dialetos ou sotaques de cada um. As características, as crenças do leste e oeste. O mar, a população, o centro tecnológico e desenvolvido, e a pobreza descarada. A India é grande em tudo quanto é número. Depois da China, a maior população do planeta com 1,2 bilhões de pessoas. Não foi a toa que a quantidade de gente foi uma das coisas que mais me impressionou na minha breve estadia por lá. Era gente por todos os lados. No trânsito, nem vou comentar. Não fui a um lugar na India que estivesse vazio, assim, com pouca gente.
Era sempre muita gente e muito barulho. A pessoa ficava exausta só em sair de casa. A única hora que eu conseguia ou pelo menos tentava me desligar mesmo era no quietinho do meu quarto do hotel, quando eu colocava o sinal de NAO PERTUBE, porque senão sempre aparecia um indiano gentil até demais oferencendo serviço de quarto, água, janta, ou sei lá o que. Com tanta gente, há 16 idiomas oficialmente reconhecidos (incluindo Inglês) falados no país, 850 dialetos, 6 religiões principais e inúmeras tradições culturais e étnicas. A India é governada como um todo, mas dividida em 28 estados regionais. Onde eu fiquei, no sul, em Bangalore, é o estado de Karnataka.
E como é impressionante ver tanta gente diferente. Ali no leste, já fronteira com a China, toda aquela gente de olhinho puxado e de pele mais clara ser indiana. Incrível. Quando estava me deliciando no Taj Mahal, em Agra, no norte, me deparei com um grupo de estudantes de olhinhos puxados que pediu pra tirar foto comigo. Perguntei de onde elas eram e elas disseram algum lugar que meu guia disse que era no leste. How awesome is that?
A exótica aí era eu que era alta de olho amendoado e de pele clara. Voce vai me desculpar, mas eu não sabia que existia TANTAS diferenças na India. Foi minha primeira vez na Asia e só aumentou meu desejo de conhecer ainda mais esse continente. A India não é como nada nesse mundo. Ao mesmo tempo que é emocionante, sensacional e inspiradora, é frustrante e incrivelmente diversa. Nao dá pra ter uma ideia pronta de lá. Olha essas crianças descalças!
Com toda sua história, a India tem experiência em receber gente nova e absorve-las na sua cultura, e até se misturar com novos costumes. Adaptação é uma palavra que não pode faltar no vocabulário de quem pisa ali. Flexibilidade. Mudança. A atitude dos indianos é muito humilde e de boa intenção, mas a complexidade do habitat, da mistura de crenças e tradições deixa os ocidentais que chegam por ali meio que oprimidos e esmagados mentalmente com tanta informação.
As paisagens variam das montanhas mais altas do mundo as costas mais tropicais. A India tem muito pano pra manga. Meses e meses andando por ali, ainda acho que seria possível se surpreender e ver coisas novas para explorar. Os efeitos são fortes na memória da gente, a ida a India é coisa do tipo uma vez na vida, mas que aquela vez é muito marcante, sabe como é? Vai ser difícil outra viagem se igualar a esta. Ali eu vi com meus olhos pela primeira vez os costumes de uma religião que até pouco tempo eu nem sabia pronunciar direito. É hindu ou hindi? É hindu. Hindi é o idioma. Ali eu conheci as raízes da fé hindu, conheci de perto templos, pisei no chão sujo das ruas e fui abençoada por um monge hare krishna.
Eu e meu chefe com essa marca vermelha na testa. A variedade e a complexidade é que caracterizam a identidade da India. Os problemas a serem enfrentados quando se vai ali são infinitos, mas a experiência no final é tão fascinante, que vale cada aperreio. Em alguns momentos, parece que é mágico o ar que que passa pelas paredes dos templos. Em outros, não via a hora de voltar pro carro por não aguentar o cheiro de esgoto na rua. Não tinha visitado nenhum lugar até então com tantas controvérsias.
Não tive a chance de ver de perto os Himalayas, mas tenho fé que voltarei por aquelas bandas. O pouco que vi abriu tanto minha mente, me fez ver coisas que eu não me preocupava e outras eu nem sabia que existia. Elefantes, camelos, macacos, vacas, esquilos e cachorros, muitos cachorros. Da última vez que vi tantos animais juntos assim, com certeza eu estava num zoológico. Lá não, eu só estava andando na rua mesmo. E é aí e em outras situações que voce se pega pensando em como deve ser crescer perto de um elefante? e essa poeira toda faz voce ver como onde voce mora é limpo e organizado. As regras dos relacionamentos, o grande valor do matrimônio, a proximidade das pessoas, a pronúncia das palavras, o significado da mitologia, é tudo tão tão tão tão intenso! e tão diferente!
E as histórias dos rajás e dos sultanatos! A extravagância do poder e as dinastias violentas contam uma, uma não, várias histórias, uma mais fascinante que a outra sobre reis, colapsos, resistências e liberdade de um país exótico em desenvolvimento a ser aplaudido. Sem nem mencionar ainda personalidades como Ghandi que até hoje é visto como exemplo e inspiração de resistência e atitude mundo afora. Este livro conta uma boa parte desta diversa história. Comigo carreguei tambem este guia/livro que me ajudou muito a absorver informações e aprender durante minha viagem. Mesmo a trabalho, consegui ver norte e sul e tirar minhas próprias conclusões.
Vou tentar nos próximos posts passar um pouco dessas minhas impressões que ainda estão em estado de transição e organização aqui na minha cabeça.

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