Próximo post esse que quase não sai hein. Pois então, lembram de Kiev? Vou fazer um esforço aqui pra me lembrar da viagem. Eu tinha a impressão que Kiev era uma cidade morgada, cinza, triste e ainda no clima soviético de ser. Ignorância minha. As marcas soviéticas ainda estão bem presentes, por onde andávamos, a Yuliya comentava alguma coisa que aconteceu ali e acolá na época do império soviético, mas andar por Kiev hoje é além de uma viagem ao passado.
Talvez tenha sido porque era época da Eurocopa! Mas ne, os socialistas devem se revirar no túmulo, porque o capitalismo tomou conta das ruas, e a vibração se sente de longe. Gente andando nas ruas vestindo a última moda, acessórios de marcas e lojas famosas, o centro de Kiev não é diferente das grandes cidades europeias. Os bares, a noite e os restaurantes fervem de gente, e apesar de eu não entender uma palavra do que diziam, dava pra sentir que estavam empolgados e felizes.
Tudo parece ser muito normal em Kiev, e se o roteiro se limitar ao centro "moderno" dá até pra esquecer que estamos no extremo leste europeu. Porem, se voce como eu se interessar muito por história e quiser conhecer o que a Ucrânia tem pra contar, uma volta no centro de Kiev é sem igual...
Claro que conhecer Kiev e pedaços da história da Ucrânia com os locais fez a viagem ainda mais especial. Foi uma experiência inesquecível. Com muita sorte, a Yuliya e principalmente o irmão se satisfaziam em contar a história do país deles pra mim e pro Alain, o outro colega suiço que foi com a gente. Mas Kiev é popular o suficiente para explorar sozinho com um guia debaixo do braço, na coragem, num ônibus de turismo ou a pé.
Kiev carrega uma fama de ter sido muito importante no passado. A história turbulenta a deixa muito mais interessante, pelo menos pra mim. Marcada fisicamente pelo catolicismo ortodoxo, a religião exerce uma extrema importância na essência da sua cultura. Igrejas de séculos e séculos atrás exóticas de cúpulas aceboladas douradas são a marca que se vê no cartão postal. Desde antes do ano 1000, há rastros de tal religão por ali.
Os conflitos entre a Ucrânia com a Polônia e a Rússia são outra marca clara da história que se vê em Kiev. A luta e o custo pela independência, o domínio russo incessante, revoluções e mais revoluções, Kiev mudou de domínio mais de 18 vezes de 1917 a 1921, por exemplo, só pra voce ter uma ideia do desgaste. Famine, genocídio, nazismo, a história pela liberdade é pesada, triste e muito sofrida.
Quem anda por ali mal pode acreditar que o lugar e o povo possa ter sofrido tanto. Como se a natureza não achasse o bastante, Kiev ainda foi vítima de um acidente nuclear, o desastre de Chernobyl de 1986, onde eu queria até ter ido lá visitar o local que deve ter parado no tempo, mas terminei acatando o conselho da Yuliya que não é legal, não é bonito, e não é essa imagem que a Ucrânia quer que os turistas tenham de lá. Além do que, o outro colegal suiço estava com medo que ainda pudesse haver algum rastro de nuvem contaminada...
A calamidade era total. Mas com o colapso da União Soviética, a Ucrânia finalmente conseguiu declarar independência em 1991 e Kiev aos poucos passou a mudar de cara. Prosperou, se desenvolveu, recebeu ajuda de vários países e hoje tá aí, bela e lutando pra sobreviver como todo mundo.
É verdade que a crise econômica por ali não é nada de se ignorar, mas os ucranianos não abrem mão de viver com estilo. Estão sempre bem vestidos, bem apresentáveis, frequentam bons lugares, têm bom gosto. A impressão foi muito positiva.
Sem falar da cultura que tem uma riqueza fenomenal. De ovos de páscoa decorados e pintados a mão a bonequinhas de artesanato tradicionais (Babushkas) e comidas maravilhosas, eu tiro o chapeu pra cultura daquele lugar. A Yuliya fez questão de nos mostrar e nos apresentar quase tudo. Tomei sopa Borsch com pampushka até dizer chega, adorei varenyky e as vodkas fazem jus à sua fama. Além do que, comer um frango Kiev em Kiev é demais ne!
Até uma mera estação de metrô perdida em Kiev tinha seu charme.
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Estação do metrô |
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Estação do metrô |
Conhecer Kiev foi uma incrível surpresa. Definitivamente imperdível pra quem se interessa por aquelas bandas. Se puder arrumar um "guia" local como eu então, melhor ainda!