Eduard: Relato de parto

Bom então vamos lá. Meu relato de parto. Antes de tudo, quero deixar claro que vou tentar minimizar os detalhes sórdidos, mas sei que mesmo assim eles vão aparecer, e não quero com esse post amendrontar ninguém. Meu parto não foi fácil, e se vc está grávida ou tem receio do que vai ler, então talvez seja melhor mesmo não ler.

Quando minha mãe veio passar o Natal do ano passado aqui, ela ficava conversando com a minha barriga dizendo que Eduard tinha que nascer quando ela estivesse aqui. Mamãe viria passar um fim de semana (o da Páscoa) aqui e voltaria no meio de Abril, pois estaria em Portugal num evento do seu doutorado. O fim de semana da Páscoa era realmente crítico, eu com 39 semanas, últimos dias de março, sabíamos que Eduard estaria quase chegando. A data prevista era 3 de Abril. Como eu desisti da indução pois a crise nos rins deu uma melhora, cada dia era menos um dia. Mas mamãe foi embora no domingo dia 31 de março ao meio dia. Fui com o Eric no aeroporto deixa-la quase sem conseguir andar mais de tão inchada.

Ao voltar do aeroporto, viemos aqui pra casa eu e Eric, eu deitei no sofá exausta, e Eric perguntou se eu achava que faltava muito pra ele nascer, eu disse que não, achava que estava perto. Então ele foi no wg dele buscar umas roupas novas pra ficar aqui em casa, e eu fiquei aqui. Lá pras 8 da noite, vou ao banheiro e noto um sangue suspeito na minha calcinha. Sangue como assim, ne? Não me pareceu um bom sinal óbvio. Liguei pro hospital e disseram que podia ser normal, que podia ser um sinal que o parto estava perto, mas não dava pra saber, podia ser 1 dia, 2, 3, 5. Então como eu não sentia dor nenhuma, me mandaram esperar e observar se o sangue aumentava ou diminuía. Eu não estava calma. E em menos de meia hora comecei a sentir umas cólicas de leve na barriga um pouco abaixo do umbigo, que eu tambem não sabia se tinha a ver.

Nunca tinha sentido contração na vida e tinha medo de sentir e não saber o que era, apesar da médica sempre ter dito que eu saberia quando tivesse. Mas essas dorezinhas estavam fraquinhas e podia ser gazes, algo que eu comi, sei lá. Não sei porque não achava que era contração. Sei que eu liguei pro Eric perguntando onde ele estava que tava demorando tanto, e ele já no tram vindo pra cá. Em menos de 15 minutos que foi o tempo de ele chegar aqui, essas dores aparentemente inofensivas no início vinham e iam e quando vinham vinham apertando e contraindo tudo que já não era mais tão sem importância assim. Liguei de novo pro hospital e me mandaram ir pra lá pra fazer um controle.

Na minha cabeça ainda faltavam 3 dias pra ele nascer, então fomos pro hospital sem bolsa de maternidade sem nada, só com a roupa do corpo, porque sei lá, no fundo eu achava que era só algo momentâneo.

Chegando lá na sala de consulta da emergência do Gebärabteilung eu me contorcia a cada vez que essa colicazinha vinha. 5 minutos depois, a lágrima escorria de agonia, e os intervalos entre uma cólica e outra diminuíam. Cólicas essas que embora curtas vinham tão intensamente, e eu achava tão estranho porque não costumava ter cólicas menstruais. A Hebamme que me atendeu lá confirmou: eram contrações. Depois do exame disse que eu já estava com 3cm de dilatação.

Eu estava assim conversando normalmente dizendo o que tinha acontecido e tal, daqui a pouco, me contorcia toda, me faltava ar, me dava vontade de chorar, de gritar, e a dor vinha me apertando toda dentro da barriga. 5, 10 segundos depois, ia embora. Loucura loucura. Era tipo já meia noite, a Hebamme então transferiu a gente da sala de emergência pra sala de parto e confirmou: "seu filho vai nascer 1o de Abril". Dei risada... ora, eu passei a gravidez inteira dizendo e fazendo piada que ele só não podia nascer 1o de Abril! Menino já nasceu desobedecendo a mamãe.

Chegando lá na sala, eu já andava me debruçando no Eric de tanta dor. 5cm de dilatação. Quando a contração vinha, eu ia na lua e voltava. Sei lá, não tem como explicar. Mas era uma sensação assim desumana, uma dor fulminante horrorosa que parecia que ia me estraçalhar por dentro. A Hebamme então me diz que minhas contrações estão progredindo muito rápido. Se eu deixasse, ia sentir muita dor, ainda mais intensa do que as que tava sentindo, mas que ele ia nascer logo. Ou eu podia não aguentar, e pedir pra slow down um pouco, tomar uns medicamentos pra dor e ver como o parto procede. Então pedi um tal de um gás chamado happy gas que me disseram que era não sei o que com oxigênio, mas nem me lembro mais. Sei que eu tinha que por a mascarazinha na cara e respirar fundo quando a dor viesse e o gas ia me fazer sentir melhor.

Realmente. Melhorou muito esse gás, só que eu ficava totalmente drogada, ouvia tudo que acontecia mas não conseguia nem abrir os olhos. E o alivio durava pouco porque 2 minutos depois já vinha de novo uma contração lascando tudo e eu tinha que respirar o gas de novo. Fiquei nessa embromação desse gas bem 1h, mas não tinha condições de ficar mais tempo, porque eu tava totalmente out.

A próxima opção era a peridural, a anestesia que ia me fazer não sentir mais as contrações, mas em compensação desacelerar meu parto. Era essa! Bote logo esse negocio pelo amor de Deus que eu vou morrer aqui! eu disse sem nem pensar duas vezes. Eu tava esgotada. 5cm de dilatação sem painkillers, contrações avassaladoras. Jesus! Como doía. Aí pediram pra eu confirmar um milhão de vezes se eu queria mesmo a peridural ou se eu só estava falando da boca pra fora porque tava zoró já.

Confirmei todas as um milhão de vezes. Eu faria qualquer coisa pra sair daquele sufoco ali. Daqui a pouco então chega o anestesista na sala, uma médica, 2 ajudantes, um monte de luz. Tive que trocar de roupa e por aqueleas camisolas feinhas de hospital, sentar na cama com as costas relaxadas, o que era muuito difícil porque eu não conseguia me controlar quando as contrações vinham. E no meio desse sufoco ainda me chega o anestesista explicando como funciona a peridural e não sei o que.... homi! Anestesie logo isso que eu vou me partir no meio aqui! Ainda tive que assinar lá um papel que se fosse uma cilada eu não tava nem aí! Então aplicaram não sei o que no soro que tava na minha veia pra inibir a dor e eu parar de me contorcer e olha, deve ter sido forte, porque eu fiquei mais lelé do que com o gas. Relaxei as costas e o corpo todo. Ouvia o Eric do meu lado perguntando se eu tava consciente, mas eu não me mexia.

Uns minutos depois, tava eu lá olhando o monitor indicando que eu tava tendo uma contração com o pico lá no alto, e eu conversando tranquilamente. UFA! QUE ALIVIO! Achei que nunca mais ia ser eu de novo. A anestesia era assim, voce senteo quadril, as pernas e tal, mas ali na área do quadril fica meio dormente. Colocaram um saco de gelo pra medir até aonde estava anestesiado e quando colocaram no quadril eu não sentia o gelado, só que tinha algo encostando em mim. Isso era umas 3 da manhã. Disseram que as contrações iam diminuir bastante o ritmo agora e eu podia tentar relaxar um pouco enquanto a dilatação progredia.

Eric tentou tirar um cochilo, eu tambem mas a tensão era muita. Trocou o shift e chegou o pessoal da manhã, já era outra Hebamme que estava então de prontidão pra fazer meu parto. Ela e uma ajudante. Chegou 7 e tanta da manhã pra me dizer que eu estava com 8cm de dilatação e estava quase na hora. E eu sem sentir nada, maravilha.

Um vai e vem danado de aplicar e desaplicar coisa na veia pra acelerar e desacelerar as contrações, e lá pras 9 e pouca me dizem que minha bolsa estourou e estou com 10cm de dilatação. A Magali, minha amiga do coração que estava acompanhando tudo por whatsapp, foi bater lá na sala de parto comigo. Era eu, Eric e ela. Até aí eu continuava sem sentir nada, vontade nenhuma de fazer força, nada. Aí a Hebamme disse que quando eu sentisse vontade avisasse que podia ser hora.

Passou 1 hora e nada da vontade de fazer força vir. Me mandaram então ficar na posição squad e ficar mexendo o quadril de um lado pro outro pra ver se a vontade vinha. Nada. Virei e me mandaram fazer força mesmo assim. Nada.

Daqui a pouco chega uma médica, avalia, não sei o que, e me diz: "já faz 2 horas que voce tá com dilatação máxima. Se ele não nascer em 1 hora, vamos ter que fazer uma cesarea.". ..................................... O QUE????????????????????????????? CESAREA?????????? COMO ASSIMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM DOUTORA ??????? Até então tava tudo normal pra mim, eu não sabia que ele tinha que nascer logo! Oxe. Cesarea não senhora! Eu tava ali sofrendo naquele aperreio há 14 horas pra no final ir pra uma mesa de cirurgia??????? NÃO, NÃO, NÃO, NÃO E NÃO!!!!!!!!!!!!  Foi aí que eu disse.... "ME DIGA O QUE EU TENHO QUE FAZER PRA ELE NASCER QUE EU FAÇO. FAÇO QUALQUER COISA!!". A Hebamme olhou pra mim e disse que o bebe era muito grande e não estava conseguindo encontrar uma posição e por isso eu não sentia vontade de fazer força. Me mandou então ficar de novo em posição squad e mexendo o quadril de um lado pro outro.

A essa altura, eu chorava.... toda descabelada, Eric me dando água a cada 2 minutos no canudinho, Magali do outro lado rezando o Pai Nosso e eu segurando meu terço de Jerusalem. Me virei e disse "quero fazer força"... era uma vontadezinha assim bem pequena, mas sei la, podia ser isso. Então todo mundo se posicionou, Eric do meu lado, Magali do outro, a Hebamme na minha frente e a ajudante do lado dela, e eu comecei a fazer força pra baixo.... tipo força pra ir no banheiro mesmo fazer número 2....

Eu via a decepção na cara da Hebamme, ela olhava pra baixo e dizia que não tava adiantando, que eu tinha que fazer MUUUUUUUUITO mais força. Foi só entrar a médica na sala de novo, aquela que disse que eu ia ter que fazer uma cesarea, que eu não sei de onde tirei tanta força. Diminuíram a dose da peridural já há algum tempo pra eu sentir mais a vontade de fazer força, mas eu não sei mais se eu sentia dor. A adrenalina era tanta que eu só queria que ele nascesse logo.... Fiz uma força assim descomunal, de outro mundo. Tipo uma força que quando acaba o fôlego voce tem que continuar fazendo força e quase explodindo... foi por aí. Ali eu vi a mudança na feição da Hebamme. Olharam pra mim sem acreditar dizendo "Uau! Voce pode fazer força! É isso mesmo! Mas voce tem que fazer mais!".... e quanto mais eu fazia, mais eu via a admiração no rosto de todo mundo, como se tivesse realmente adiantando ali o esforço que eu tava fazendo. Daí pra frente, o parto não foi nada tranquilo não... foi como nos filmes, a mulher gritando, todo mundo dizendo "PUSH". Foi exatamente assim. E eu que tinha dito que nunca que seria assim escandalosa gritando como via nos filmes. Ora... na hora voce não quer saber de nada não, só quer se livrar da agonia e faz o que tiver que fazer pra acabar logo e bem.

.....até eu sentir sair alguma coisa de mim, e todo mundo fazendo "ohhh"..... eu crente que tinha terminado, tava lá respirando ofegante, Eric nervoso, Magali chorando, e alguem diz "a cabeça saiu, só falta o resto".... oxe, o resto! hahahaha! Eu tava esgotada ali, como ainda ia conseguir fazer força pra sair o resto....... sei não.... sei que num lapso de garra que tive, nem demorou muito e eu fiz ainda mais força, dei um grito de horror...... e ele nasceu...................
4.380kg, 52cm.
Meu Deus do céu, eu nem acreditava, respirava ofegante sem acreditar que "aquilo" tinha saído de mim, e poucos segundos depois, todo mundo ouviu o choro dele.... Eduard estava entre nós. Foi a segunda vez na vida que vi Eric chorar. Ele chorava, beijava minha testa, meu rosto, e eu ainda olhando pra cima sem acreditar que tinha conseguido. Levaram Eduard pra examinar, e..... assim tão rápido.... eu continuava sentindo algo saindo de mim, como uma cachoeira, e ao mesmo tempo vi também a mudança nas feições de todo mundo que tava na sala. A Hebamme apertou lá um botão e em menos de 2 minutos, tinha umas 15 pessoas na sala. De repente Eric não estava mais do meu lado, eu não ouvia mais Eduard chorar, minha vista escurecia e voltava ao normal. Eu não sabia o que tava acontecendo. Alguem pegou minha mão e disse que ia aplicar outra anestesia, outra ficou do meu lado dizendo que estavam cuidando de mim, botaram uma máscara na minha cara e eu perguntei o que tava acontecendo... finalmente disseram que eu estava perdendo muito sangue. É, devia ser o que eu tava sentindo sair de mim. Realmente parecia ser muito.

A partir daí só tenho uns flashes na memória, um médico sentado na minha frente, eu olhava pro lado via a porta abrindo e fechando e gente pra lá e pra cá, ninguem tinha cara de tranquilo, pelo contrário, todo mundo parecia preocupado. Pronto. Pensei... vou morrer. Tirei a máscara e perguntei pro médico "Vou morrer?"..... ninguem me respondia. A mulher que segurava minha cabeça só dizia "estamos cuidando de voce", e me mandava ficar de olho aberto, mas a vontade que eu tinha era de fechar o olho, era muito esforço ficar de olho aberto, mas ora, eu já tinha feito tanto esforço antes, podia fazer mais um e ficar de olho aberto. Tinha a sensação de que se eu fechasse o olho, eu apagava ali mesmo.

Sei que passou um tempo, fui voltando ao normal, o médico que tava na minha frente foi parecendo menos preocupado, se levantou, estendeu a mão, se apresentou como chief medicine ou o médico chefe, e esclareceu por alto o que tinha acontecido. Bom, por alto o que aconteceu foi simplesmente que eu perdi 2.6 litros de sangue, quando o normal num parto é a mulher perder entre 600 e 800ml. Considerando também que a quantidade de sangue que uma pessoa tem no corpo é 5, 6 litros, eu perdi SÓ metade do sangue do meu corpo no parto. Só isso.

A causa? Bebe grande, útero cansado. O que aconteceu foi que as contrações cansaram demais meu útero, e quando Eduard saiu, o útero que deveria começar a diminuir de tamanha imediatamente, ficou lá dilatado, todo aberto, fazendo sangue passar por ele e sair de mim como uma torneirinha aberta. Aqueles médicos ali do Hospital da Universidade de Zurique salvaram minha vida colocando um balão no meu útero pra estancar o sangue que saía, e me deram pontos também na entrada do útero. Se eu tivesse tido meu filho numa casa de parto ou em casa sem assistência médica próxima e rápida, eu teria sangrado até a morte.

Um pouco de drama na minha vida, por favor, porque é pouco o que tenho até agora....

Bom, depois desse sufoco todinho, finalmente abriram a porta e lá vem Eric, Eduard e Magali. Eu tava só o caquinho mas finalmente pude pegar meu filho no colo e ver de perto quem estava me dando pontapés e causando todo esse auê na minha vida.
Gravidez não planejada, inesperada, mudança pra Zurique, enxoval, enjoos, barriga crescendo, inchaço, cortar alcool, cafe, atum, organização de licença maternidade, mudança de planos, dor nos rins, perda de sangue e quase a morte.
Foi fácil? Não!
Valeu a pena? SIMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!!!
Sim, e não tem muita foto do Eric porque ele não quer muita foto dele aqui no blog, viu. Mas olha, juro a voce que não sei não se eu passaria por isso de novo. A pergunta que mais me tenho feito desde então é "como as pessoas têm mais de um filho, senhor?".... sério. Ok, claro que tem gravidezes muito mais fáceis e descomplicadas que a minha, mas mesmo assim, como fazem as mães pra terem bebes que são grandes como o meu?
Enfim.
Aí, depois que era só festa com meu bebezão no colo, afinal eu não podia me levantar, ainda tive que ficar naquela sala de parto o resto do dia, sendo examinada, em observação etc e tal. E pra falar a verdade eu tava nem aí, tava era feliz de ter podido estar ali com meu filho no colo depois de tudo!
Ao final do dia, passei meio que arrastada de uma cama pra outra, porque tava fraca nas pernas, e me tiraram do Gebärabteilung e me levaram pro quarto. Eu não tirei muita foto daí pra frente porque eu tava amarela horrorosa por causa da perda de sangue. Passei 2 dias com um cateter sem me levantar da cama porque não tinha força nas pernas. Me doía não poder andar com meu filho no colo, não poder acalmar quando ele chorava, e por causa da perda de sangue a produção de leite estava mais lenta que o normal. Talvez tivesse sido menos aperreio ou o pós parto tão aperriado quanto, se eu tivesse feito a danada da cesarea. Mas ne, se tivessem me dito antes que eu ia passar por tudo isso ou que pelo menos seria possível passar por tudo isso, talvez eu tivesse tido a chance de considerar uma cirurgia ao inves do parto normal. Porque eu tive parto normal e ainda fiquei tão debilitada quanto numa cesarea, sem nem conseguir me levantar por 2 dias da cama. Segundo os médicos não, pra eles a cesarea é sempre a última opção, que as dificuldades seriam ainda maiores e eu fiz o melhor que poderia fazer.
Eu tava tomando ferro na veia, injeção de hormônio pra acelerar a produção de sangue no corpo, a perda de sangue foi grande, mas os médicos disseram que leva-se de 4 a 5 semanas pra tudo isso entrar de vez no sistema, então a anemia ia durar sim alguns dias, ou semanas. No terceiro dia lá na maternidade, eu me sentia mais forte, conseguia me levantar, andava apoiada nas coisas e dava passos muito lentos, mas só no quarto dia fui pegar Eduard nos braços enquanto estava em pé. Antes era só sentada. O leite aumentava, ele mamava mas começou a ter que tomar leite em pó. Enfim. Os progressos eram poucos e lentos, as noites e os dias eram longos.
Mas nada como um dia após o outro mesmo. No domingo, uma semana depois de ter começado a sentir as contrações, recebi alta. Quer dizer, eu podia ter continuado lá sob cuidados e olhares médicos, mas eu não aguentava mais aquele quarto, aquele ambiente. Tava louca pra sair dali, ir pra casa, colocar as roupinhas que tinha comprado em Edie, tomar um banho direito. E aí quando me foi dada a mínima chance de me recuperar em casa, eu aceitei.

Claro, to tomando ainda ferro, vitamina disso, remédio praquilo outro, mas nada como estar em casa,
depois de tudo que passamos. Depois de tudo que passamos, eu posso dizer que 1o de Abril de 2013 foi o melhor e o mais feliz dia da minha vida.

O dia a dia aqui em casa mudou obviamente da água pro vinho. Rotina? O que é isso? Engraçado que penso.. como era mesmo a vida antes dele nascer? Observar os pequenos detalhes de cada dia, me impressionar como ele já mudou em quase 3 semanas de vida fora da barriga, pensar que era essa criaturinha que ficava se remexendo dentro da minha barriga... ai, sei não... agora to entendendo essa coisa, esse amor inexplicável que sempre ouvi dizer. Agora eu consigo sei lá avaliar a importância das coisas de outra forma, apareceu um novo critério, uma coisa enorme que eu jamais poderia conhecer até então. Mais um, ou melhor, o maior, senão o melhor atributo da minha vida tá aí. O responsável por mudar radicalmente minha vida, a quem estou me dedicando e vou me dedicar muito mais, minha cria, meu bebe, meu filho, meu Eduard.

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