Viajando de avião sozinha com um bebê

Olha, eu hoje posso dizer que tenho medo de poucas coisas nessa vida. Aliás, agora mesmo enquanto escrevo to tentando me lembrar de uma pra dar um exemplo e não consigo. Medo de viajar sozinha com Edi com 8 meses num vôo longuíssimo para o Brasil eu não tinha, mas eu estava muito apreensiva, ah isso estava.
Daqui de Zurich para o Brasil, só há vôo direto para São Paulo. Até quem quiser ir pro Rio, tem que ir pra SP. E eu que ia pra Natal, precisar ir pra São Paulo primeiro e depois ir pra Natal, mas nem morta! A melhor maneira de ir daqui pro Nordeste é por Portugal. Então nosso vôo era Zurique - Lisboa - Natal pela TAP, voando SWISS.
Eu comprei a passagem com uma certa antecedência e não paguei tão caro. Edi pagou 90 francos. Quando antecipei a ida, paguei 250 euros pela mudança pra mim e pra Edi. Mas e aí, Zurique - Lisboa é mamão com açucar, 2 horas e meia de vôo, nada que eu já não tivesse passado com Edi numa viagem de trem. Ou melhor, er... sim, tinha diferença sim. Avião! Alooowww acorda Liana. Levantar vôo, barulho, pressão no ouvido, turbulência, cinto de segurança. Hummm..... de parecido com o trem só ficar sentadinho mesmo no meu colo... comecei então a ficar tensa. E aí, como será?
E se não der certo? E se ele chorar sem parar? Bom, Edi chorava muito quando era recem nascido, mas agora com 9 meses ele só chora se está com fome ou com sono. Nada que eu não resolva em 5 minutos. Então, ele não chora mais que isso. Mas e no ar? Será que seria mesma coisa? Não tinha nada que eu pudesse fazer pra adivinhar o que iria acontecer. Só me preparar como pudesse. E uma coisa é o choro, que me deixa nervosa e incomoda os outros. Outra coisa é ficar com ele entretendo e cuidando a viagem inteira!
Roupas confortáveis, a bolsa com toda a parafernália que já carrego normalmente como fralda, lenços umedecidos, algodão pra secar, pomadinha, roupinha extra, brinquedinhos, e dessa vez me preparei ainda mais com aplicativos no iPad de desenho (Edi adora os Pequerruchos! e a abertura da novela Amor a vida), até uma bateria extra pro iPhone e iPad eu arrumei... e pior que Edi nem assiste esses negócios por muito tempo.
Ainda assim, eu tava preocupada como seria a reação dele com a pressão no ouvido. Me disseram pra dar chupeta na hora que o avião tivesse levantando vôo. Edi não chupa chupeta! Então dar a mamadeira! Aí aparece outra pessoa dizendo que é perigoso! Afff!!! Bem, enfim, resolvi me esquematizar toda nos horários pra dar o leite na hora que o avião tivesse levantando vôo. O vôo Zurique - Lisboa foi uma tranquilidade. Edi mamou a mamadeira inteira quando o avião levantava vôo e não chorou nada. Éramos os primeiros da fila, na janela, e do nosso lado tinha uma cadeira vazia, e depois um italiano muito gente boa. Fiquei brincando com ele no meu colo, depois ele tirou um cochilo e acho que eu tava mais nervosa que ele sem motivo. Senti cheiro de cocô do nada, tirei toda a bolsa da bolsa pra ir troca-lo, pedi licença pra sair, e quando cheguei no banheiro, não tinha cocô nenhum! Pfffff!!!!!!!!!!!

Ai, Liana, relaxa, relaxa! Até aí tava tudo na paz. A aterrisagem foi tranquila também, Edi ficou direitinho no meu colo e eu fiquei cantando no ouvido dele baixinho. Na saída do avião, um cara que tava sentado atrás de nós disse que Edi merecia uma medalha de tão bem comportado. Oh que orgulho!

Aí chegamos em Lisboa. 5 HORAS NO AEROPORTO DE LISBOA ESPERANDO O PRÓXIMO VÔO, QUEM QUER?????
Pra minha sorte, eu adoro aquele aeroporto e pra minha alegria, depois de tanto tempo sem viajar, vi ele todo ampliado com novas lojas. Só precisava me organizar porque primeiro eu não sou um polvo e como eu ia carregar Edi, a mala de mão sem rodinha e minha bolsa? Não, agora voce veja, que leseira a minha embarcar com uma mala de mão sem rodinha ne! Ave maria, como eu não pensei nisso, logo eu.... Aí comprei uma bolsa da Samsonite no aeroporto mesmo pra por a bolsa de mão sem rodinha dentro, que já tava destruindo meu ombro. E o carrinho de Edi que não me deixaram pegar em Lisboa, tive que pegar o do aeroporto, porque carregar Edi no ergobaby por 5 horas, não tem costas que aguente!
Nossa, mas como a gente pena ne. Daqui a pouco tava eu lá segurando Edi com uma mão, tentando abrir o carrinho do aeroporto com a outra, pedindo ajuda, olha a cena!
Depois de 5 horas, cara lavada, fralda trocada, um respiro fundo, estávamos lá finalmente embarcando para o Brasil. Estávamos na fileira do meio, no corredor, com 4 homens do meu lado, dessa vez, não muito amigáveis. Mas para minha sorte, as aeromoças deste vôo me ajudaram imenso. Muito gentis, simpáticas, Edi até ficou direitinho com uma delas quando fui ao banheiro. E tinha outras 2 mães também lá perto com bebês da mesma idade, uma delas também viajando sozinha.
Nesse vôo, o bercinho foi montado na minha frente, e Edi quase que não cabe. Ele até ficou direitinho no começo, mas quando adormecia e queria virar a posição, não conseguia e acordava. Fui lá várias vezes dizer que tava tudo bem, ele adormecia de novo, mas no final, ele foi pro meu colo mesmo e tiramos um cochilo mais longo. Quando acordamos já estava na hora de aterrisar.

Brasil, pá, massa, 3 semanas se passaram, maravilha!
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Hora de voltar!
Ah, mas eu pensei nisso no planejamento da viagem também. Na hora de voltar. Já sabia que ia ser diferente viajar com Edi e precisava de todas as ajudas possíveis. Uma opção era viajar de primeira classe e ter mais espaço e mais conforto, o que não é nada mal numa situação dessas. Claro, o preço é um downside, mas botei na balança e vi o seguinte: na ida, eu estaria super empolgada pra chegar logo e tal, aguentaria a tensão numa boa. Mas a volta. Poxa, a volta, eu já ia ta triste de voltar, despedida, aquela coisa, e talvez dar um upgrade na poltrona de alguma forma ajudasse a compensar e me animar a voltar. Então, comprei a volta primeira classe para nós dois, o que custou praticamente outra passagem, mas tudo bem.
Eu tava triste em voltar por deixar minha família lá, mas feliz por outro lado, porque po, aqui é minha casa. Então a primeira classe me deu sim uma animadinha também na hora da volta. A área da 1a classe é aquela na frente do avião, é sim bem mais espaçosa, embora o tamanho do bercinho de Edi fosse o mesmo, hahahaha. A cadeira deita totalmente, e parecia que eu tava adivinhando. Bom, então vamos lá, Natal - Lisboa. Levantar vôo foi tranquilo, usei o mesmo truque de dar a mamadeira e Edi mamou tranquilamente. Depois dormiu, pus ele no berço e curti a refeição com não sei quantos pratos e toda a mordomia da primeira classe. Maravilha, tudo parecia correr muito bem. Até Edi acordar... ok, acordou, ficou um pouco comigo, mamou, depois queria dormir de novo, pus ele no bercinho, e aí começou...
Depois daí, nesse vôo, Edi não conseguia dormir por mais de 20 minutos no bercinho, e chorava quando não conseguia dormir. Eu tava morta de sono tambem mas isso não conta ne. As luzes apagaram, todo mundo deitando as cadeiras e eu indo 500 vezes andar com ele no corredor, tentei de tudo, e nada de Edi parar de chorar. Assim que adormecia, acordava, sem motivo e chorava. O povo da primeira classe deve ter me odiado, mas ora, o que eu podia fazer? Depois de umas 2 horas nesse aperreio, Edi só parou quando eu tive a brilhante ideia de deitar a cadeira toda, coloquei meu casaco na poltrona que virou uma cama, e pus ele lá. Ali ele tinha mais espaço pra pelo menos abrir os braços e se esparramar como ele gosta de dormir. Ele adormeceu. Sim, ele adormeceu e eu fiquei em pé.
Fiquei lá andando em circulo esperando o tempo passar, deixando ele dormir um pouco, deixando o sono dele ficar mais pesado. Até que ficou, eu pude coloca-lo no bercinho de novo, e eu deitei na cadeira e dormimos mais umas duas horas. Olha, nesse sufoco, analisando hoje, até que o tempo passou logo, porque quando acordei já tava quase aterrisando e tinha que tirar o bercinho de Edi urgente.
Chegamos em Lisboa mais uma vez.
Desta vez, seriam 7 horas de conexão, se o vôo não tivesse atrasado inicialmente, então novamente estavamos em Lisboa por mais 5 horas. Só que agora, com o carrinho de Edi que recebi na porta do avião. Vai enteder porque não foi assim na ida!
Enfim. Tirando o meu sono lá, foi tudo joia. Edi dormiu a maior parte no aeroporto, e eu fiquei no celular ou zanzando fazendo compras. Logo estávamos novamente embarcando desta vez finalmente de volta pra casa: Lisboa - Zurique. Estava com uma mamadeira pronta na bolsa e na passagem do raio x, me pediram pra experimentar o leite. Achei engraçado.

Falando em leite, levei 2 caixas de leite daqui da Suíça pra lá, além do que tinha na bagagem de mão, e não houve problema algum. Papinhas e água pro leite também levei e também não teve nada. O inconveniente na hora do raio x é ter que tirar Edi do ergobaby, tirar o sapato, passar segurando Edi longe do meu corpo e depois vestir tudo de novo, mas oh well.
Os banheiros no aeroporto de Lisboa são muito bem equipados para quem está viajando com bebe. Há sempre banheiros familia com bastante espaço pra entrar com carrinho, mala e tudo. E normalmente as equipes que trabalham em aeroportos são bem pacientes e compreensivas com quem tá viajando com bebe, principalmente sozinha. Passamos na policia com o passaporte brasileiro de Edi que já tem a autorização do Eric no próprio passaporte para viajar com um dos pais, e isso agiliza muito ao passar na policia. Entrar no Brasil com o passaporte brasileiro é muito mais recomendado. E ah, sempre temos prioridades nas filas, o que é uma graaande vantagem, porque nossa, como estavam lotados esses aeroportos nessa época.

Acho que agora que já passou, posso concluir que sim, viajar sozinha com um bebe não é fácil, não. E nem é pra qualquer uma. Só é preciso bastante planejamento e muita organização. Aqui, eu fui literalmente "mãe de primeira viagem" sozinha com o Edi. Mas no geral acho que foi até tranquilo. Tirando o episódio da primeira classe que Edi chorava acho que porque já tava enjoadinho por não conseguir dormir direito, nós fizemos um bom trabalho! E uma ótima viagem!
Pronto pro próximo vôo, Edi???

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