Depois de virar mãe: efeitos colaterais

Falo tanto que mudei depois da gravidez, que aquilo outro mudou depois que virei mãe, e eu mesma lendo os posts fico curiosa em saber o que realmente quero dizer com aquilo. Bom, é fato, a maternidade muda as mulheres. Cada uma de um jeito, mas sem dúvida tem coisas que mudam que são comuns a várias mulheres. Eu por exemplo, tenho uma lista de coisas que mudaram, poderia ficar horas aqui discutindo esse assunto comigo mesma. São muitas, muitas mudanças. Psicológicas, fisiológicas, por onde começar?

Bom, vou começar pelas mudanças no meu corpo que à primeira impressão, são as mais óbvias. Apesar de ter usado creme anti estria esse e aquele outro, aliás usei as melhores marcas (Clarins, óleo da L'occitane e Cicatricure), não sei se adiantou ou se eu não usasse a situação ia ser pior. Sim, fiquei com estrias na barriga da gravidez. Também ne.. voce viu o tamanho que minha barriga ficou no final? Parecia que ia explodir. Edi nasceu com 52cm e 4380g então qualquer barriga pra carregar isso aí ia ter consequëncias. O dermatologista disse que um procedimento com laser podia ajudar na aparência mas não ia remover totalmente as marcas e o custo benefício não vale a pena.

Então ta ne. O jeito é tentar perder uns kilos pra não ficar tão aparente e isso eu ainda to lutando. Há uns 2 meses comecei uma dieta, tava super motivada e tudo mais. Perdi 5kg em 1 mês só com reeducação alimentar. Agora ainda to tentando pelo menos manter mas não to com a mesma motivação do início sei lá porque. Dificil dieta... Espero que ela volte e eu consiga passar mais semanas comendo saudável. Ganhei 15kg na gravidez, até que não achei muito, pro tamanho que Edi nasceu. Durante a gravidez não deixei de comer nada que quisesse, e depois que Edi nasceu saíram claro os kilos da barriga e dele, mas ficaram uns 6, 7 kg a mais, isso considerando que já estava um pouco acima do peso quando engravidei.

Sempre ouvi dizer que durante a gravidez os cabelos da mulher ficam lindos e não sei o que, e até notei sim que meus cabelos estavam mais sedosos e bonitos. Mas foi só Edi nascer que bum! Queda de cabelo impressionante. Achei que ia ficar careca a cada banho que tomava ou a cada penteada. Achei que podia ser temporário e fiquei evitando ir num médico ver o que fazer. Por indicação de pessoas conhecidas, passei a tomar um remédio que faz crescer cabelo e fortificar as unhas que aliás também ficaram super fracas e vivem quebrando facilmente. O remédio é Priorin, aqui na Suíça é bem conhecido e ouvi boas críticas sobre ele. Comprei o pacotão de 3 meses que valia mais a pena do que o de 1 mês. Vai fazer 1 mês ainda que to tomando mas ainda não notei nenhuma diferença. E o dermatologista não recomendou. Ao invés de Priorin, me mandou tomar anticoncepcional que além de ajudar nos cabelos vai me ajudar nas espinhas que ave maria... Bom, quando tomar os 3 meses venho aqui dizer se serviu de alguma coisa.

Onde já se viu, eu com 32 anos e com espinhas no rosto. O médico disse que era disfunção hormonal e acha que é por causa da gravidez também. Po, 1 ano e 4 meses depois que Edi nasceu e ainda estou lindando com consequências tão graves. Pra voce que não sabe, o corpo da mulher só começa a voltar ao normal depois da gravidez depois de 1 ano, então ne, ajoelhou tem que rezar. Disse que o anticoncepcional que ele prescreveu vai ajudar a equilibrar os hormônios e melhorar as espinhas. Vamos ver.

Quando tava grávida e a barriga começou a crescer demais não conseguia dormir mais de bruço, como sempre costumava dormir. Atenção para a novidade: até hoje não consigo mais dormir de bruço. Não sei. Não dá, dói as costas, a perna fica dormente, não sei, meu corpo desacostumou e eu não consigo de jeito nenhum pegar no sono de bruços! E eu que achei que depois que Edi nascesse ia poder voltar a dormir como antes... É, de fato durmo. Edi dorme a noite inteira e eu também, mas dormir até tarde também nunca mais. Edi acorda no mááááximo no máximo mesmo umas 8 horas, quando temos sorte. E aliás normalmente quando ele acorda às 8, mesmo eu tendo ido dormir sei lá meia noite ou 1 da manhã, não consigo acordar às 8 também, normalmente acordo antes.

Já no lado psicológico, nem preciso dizer que Edi é a prioridade número 1 da minha vida. O amo mais do que tudo e não sei do que sou capaz por ele. Acompanhar os progressos a cada dia, a cada semana, mudar de humor por um só sorriso dele. Uma coisa muito grande e muito forte. Mas em paralelo, tenho tido pouquíssima paciência para algumas coisas. Se tem algo que não tá me agradando, eu corto e vou em frente. Sabe não tenho mais paciência nem saco pra tapar sol com a peneira ou deixar pra resolver depois. Ou muda ou chispa. E isso é novo, eu não era assim antes. Acho que já passei por tanta coisa na vida que chega um ponto que a pessoa aprende o que realmente importa e o que a faz feliz e pronto, sem muita enrolação.

Outra coisa que também não tenho mais muita paciência nem muito pique pra cidade grande demais. Acho que isso tem a ver de eu morar aqui na Suíça e ter essa coisa da qualidade de vida e tudo mais. Zurique apesar de ser a maior cidade suíça não tem nem comparação em questão de tamanho com capitais europeias como Paris, Madrid, Roma. Mas acho que tem a ver com o fato de ter virado mãe também. Não sei se é porque o trabalho em casa é hardcore mas sinto necessidade de mais calmaria, de paz, de natureza, de tranquilidade. Sair na porta de casa e ver carros passando, muita gente andando, movimento, tram e onibus passando não não. Quero um jardim, um parque, uma calçada tranquila pra eu andar com meu cachorro, um parque pro meu filho brincar, pra passear. Se passar uma semana sem eu ter feito isso, há consequências. Sabe, preciso mesmo.

Isso pode ter a ver com a idade também, não estou mais nos meus 20 e poucos anos naquele ritmo de trabalho-balada de antes, que aliás apesar de alguns colegas de trabalho nos seus 30 e 40 e poucos anos parecerem estar adorando ainda, eu mesma não consigo mais. Não aguento tomar 2, 3 taças de vinho sem já começar a ficar tonta. E isso antes pra mim não era nada! Faço questão de continuar tomando minhas taças de vinho, só não encho a cara mais. Não tem graça mais. Call me boring mas virei mais família, mais tranquilidade. Pra mim, acho que faz parte do amadurecimento, do meu crescimento como pessoa. Não sei se eu não tivesse me tornado mãe se isso também estaria acontecendo, talvez não.

É difícil assumir mas não dá pra se ter sempre como prioridade número 1 depois que se é mãe. Já tiveram vários dias que eu to aqui com Edi em casa e o ritmo e os afazeres são tantos, que quando vejo no final do dia quando o ponho pra dormir que me vejo no espelho, parece que fui pra guerra. To toda descabelada, não tomei banho o dia inteiro, não lavei nem o rosto. Só entretendo, fazendo almoço, trocando fralda, dando banho. Tem dias que eu to sozinha com Edi que me dedico inteiramente. Sinto orgulho de mim mesma de ter conseguido, porque quem tem filho sabe que não é fácil. Aí só às 10 da noite que vou tomar banho, comer decentemente, e quando deito no sofá pra assistir qualquer coisa pra relaxar, termino pegando no sono em 10 minutos.

Tenho tentando cuidar mais de mim, fazer limpeza de pele, me arrumar e tudo, até fiz maquiagem permanente pra corrigir as falhas da minha sobrancelha, depois de ponderar muito, e faço coisas pequenas aqui e ali o máximo que posso, mas tem dia que simplesmente não dá, não dá tempo, não tem como. Um intervalo que tenho por exemplo num dia que lembro que tenho que comprar alguma coisa no mercado, passo só um corretivo nas olheiras e prendo o cabelo num coque pra não sair parecendo um mulambo e não assustar as pessoas na rua. Nos dias mais calmos quando estamos todos em casa, que Eric tá por aqui e podemos dividir as tarefas, eu consigo tomar banho de manhã, tomar café, me arrumar e tal, ah, esses dias pra mim que antes era o básico são dias de princesa.

Edi é uma criança muito boa. Dá pouco trabalho e só chora com algum motivo: tá com sono, tá com fome, quer colo. Come de tudo e graças a Deus é muito querido na creche pelas cuidadoras e pelas outras crianças. Ele não tá acostumado a fazer manha, quando começava a fazer a gente cortava logo então ele aprendeu que não tem cabimento. Ele mal assiste tv (porque não quer mesmo, as vezes até tento por um desenho pra ele ver, mas não dura 5 minutos), adora o Juca, brinca bem sozinho ou com outras crianças e se comporta muito bem nos passeios. Sem dúvida o comportamento dele ajuda no nosso relacionamento e na minha posição de mãe. Ajuda também a minimizar os danos dos efeitos colaterais, que são inevitáveis.

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