Transilvania: Bran

A Transilvânia é a região mais turística e mais famosa da Romênia. Enquanto é famosa entre os fãs de esportes ao ar livre pois a paisagem da cordilheira de Cárpatos e montanhas é espetacular, é também muito conhecida pelas supertições e lendas que contextualizam o cenário de cidades como Bran, Brasov e Sinaia, que foram as cidades que visitei.
De acordo com Cristina, nossa guia turística, a cidade de Sinaia ainda não é Transilvânia, mas de acordo com meu guia de viagens da Lonely Planet, é. De qualquer forma, resolvi abordar neste post apenas Bran e deixar Sinaia e Brasov para os próximos posts porque o contexto de Sinaia não se encaixa muito no da Transilvânia que vou falar aqui e Brasov também não. Na verdade esse post aqui é pra esclarecer o mito do Drácula!! Hahahaha! E Drácula só Bran mesmo.

Há várias outras cidades interessantes a conhecer nessa região, como Sighisoara, Sibiu, Cluj-Napoca, mas como só tínhamos um dia, tive que escolher. Bran não poderia ficar de fora pois é a mais conhecida pela tal lenda do Drácula. A arquitetura de Brasov eu também queria ver de perto. E Sinaia tem o castelo de Peles que é outra pérola. Então essas três cidades caracterizam e marcaram nosso passeio à Transilvânia. Saímos de Bucareste de carro, paramos primeiramente em Sinaia, depois Bran, depois Brasov e depois voltamos de Brasov direto para Bucareste, 3 horas de carro neste trajeto. Foi puxado, mas valeu a pena!

Historicamente a Transilvânia pertenceu por muito tempo à Hungria, foi tomada pelos turcos, depois governada pelos Habsburgos para depois voltar ao domínio dos húngaros. Apenas em 1918 foi unida à Romênia oficialmente, o que até hoje gera discussões e divide opiniões entre os húngaros. Apenas um vale separa a Transilvânia da Valáquia, que é o que costumava ser a Romênia sem a Transilvânia, e é aí onde não é bem certo o que já é Transilvânia, onde não é. É aí onde fica Sinaia, que falarei nos próximos posts. 
Fizemos tudo de carro, e aliás é a melhor maneira de fazer essa viagem. Chegando em Sinaia, fizemos uma parada lá, e depois andando mais pra frente, chegamos a Bran, a famosa Bran. Bran se tornou conhecida por ser lá que está o famoso castelo de Bran, de Vlad III, ou Vlad Tepes, ou o Conde Drácula, e a conexão com a ficção de Bram Stoker. Bem então vamos aos esclarecimentos do que é e o que não é.
O Conde Drácula é um personagem no romance gótico do escritor irlandês Bram Stoker, do final do século 19. Ele desenvolveu um mito literário moderno do "vampiro", e fama veio pelas perfeitas descrições de cenários e personagens, onde muitas delas eram reais e possíveis de serem encontradas, como o próprio castelo de Bran. Ele descrevia detalhadamente as características do castelo, dos cômodos como a altura do teto e cores das janelas, assim como particularidades da cidade Bran, e quem morava lá ou quem conhecesse o lugar, perceberia que o que ele estava contando era de fato existente. Nesse cenário, Stoker juntou personagens que também se misturavam com a realidade e confundiam a imaginação do leitor.
O Conde Drácula existiu. Vlad Tepes foi príncipe da Valáquia por 3 vezes. Era bem querido na antiga Romênia, muito respeitado como guerreiro, pois sua política livrou o povo romeno da dependência do império otomano no século 15. Ele foi e é lembrado por ser um cavaleiro que lutou contra o crescimento do islamismo na Europa, é um herói na Romênia e na Moldávia. Entretanto ele tinha a fama de ser muito cruel, intolerante e sádico. Ficou conhecido como o Empalador. Foi nesse brecha que o autor irlandês pegou o fio da meada para desenvolver o Drácula da ficção, misturando imaginação e realidade, e deixando dúvidas e perguntas até hoje. Uma lenda.
A sinopse do romance do Drácula que virou um filme famoso em 1992 conta a história de um líder romeno que defendia a igreja cristã na Romênia contra o ataque dos turcos e da invasão do islamismo (até aí tudo real). Então sua noiva Elisabetha recebe a falsa notícia de que ele morreu em batalha e se suicida. Vlad, ao retornar da guerra, renuncia suas crenças a Deus pois este tinha levado sua amada, e jura a partir daquele momento só beber sangue. Isso aí já é ficção ne. Mas o que reforça a lenda do vampirismo é que havia uma lenda na antiga Valáquia de que os mortos se levantavam do cemitério, e uma vez o Vlad foi confundido com seu pai, que já estava morto.
A personalidade forte e rígida do Dracula descrita no livro de Bram Stoker não era muito diferente do que se conhece do então príncipe da Valáquia. Então tudo isso tornou a história mundialmente conhecida e famosa até hoje. E é essa história e a curiosidade em ver com os próprios olhos se de fato o que Stoker escreve no seu livro está lá, em Bran, no castelo medieval no topo de uma colina, onde era a residência de Vlad. E daí cada um tirar suas próprias conclusões. Tem quem acredite em vampiros ué.
A Transilvânia tem vários castelos mas o Castelo de Bran é o mais conhecido por ser o "Castelo do Drácula" e atrai milhares de curiosos ano após ano. Hoje a antiga residência do Dracula pertence aos herdeiros da família e é um museu que exibe antigas peças da residência da Rainha Maria da Romênia, do final do século 19. Foi muito interessante conhecer o castelo, que não chega a ser muito atraente pelos objetos e coleções exibidas no museu mas sim pela lenda que o envolve mesmo. Andamos pelas passagens secretas, vimos lá a árvore genealógica da família do Drácula, uma pintura dele!, visitamos todos os cômodos e fomos até o topo, o tempo todo ouvindo as histórias que contei acima pela guia Cristina
Muito interessante, nao? Um país que ficou conhecido mais por uma lenda do que por sua própria história, a Romênia. As lendas também fazem história e também são cultura! Bom, depois de visitado o castelo, descemos a fortaleza onde fica o castelo no maior cuidado pois o caminho é todo de pedrinhas escorregadias, e lá ao pé da colina bem na entrada tem camelôs vendendo souvenirs e lembranças de Bran. Pegamos o carro e esticamos ainda mais o passeio, fomos então a Brasov, ainda na Transilvânia! Mas isso eu conto no próximo post!

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