Kandersteg e Lago Oeschinen (no inverno)

A natureza e as paisagens na Suíça são tão lindas que não é de se admirar que o esporte mais praticado no país é a caminhada. A caminhada possibilita apreciar num ritmo mais desacelerado os cantinhos escondidos das paisagens, de onde novos cenários são revelados. Isso porque é uma das poucas coisas que dá pra fazer em qualquer estação do ano, diferente do ski, ou do futebol, por exemplo, que dependem de temporadas. A temperatura varia claro, e a paisagem tambem, mas é possível fazer trilhas de diferente níveis de dificuldade o ano inteiro. A Suíça não é um país grande mas são tantos lugares escondidos e de encher os olhos, e um deles é accessível e bem popular tanto no inverno, quanto no verão, que é o lago de Oeschinen, próximo a Kandersteg.


Eu já havia estado em Kandersteg uma vez há muitos anos para assistir um jogo de hockey. Era inverno e como é uma pequena cidade nas montanhas no cantão de Berna, a mais de mil metros de altitude, é destino certo para paisagens alpinas, esportes de inverno e escaladas entre nativos e turistas. Assim fiquei com Kandersteg guardada na memória. Porém com o passar do tempo, ouvia repetidamente esse nome da boca de colegas que iam esquiar no inverno ou... fazer trilhas.


O Lago Oeschinen é outro paraíso próximo de Kandersteg (4 kilometros) e em trilhas na região, o lago é certamente incluído nos passeios. Um dia lendo artigos na internet, vi como era diferente a paisagem do lago entre o inverno e o verão, ou primavera. Enquanto que no inverno o lago de mais de mil kilometros quadrados congela e fica cercado de árvores e montanhas branquinhas, no verão parece uma pintura feita a mão com cores naturais difíceis de acreditar.


Então depois que voltei para Berna, coloquei na minha lista conhecer melhor a região, tanto no inverno quanto no verão. Então no inverno que (finalmente) acabou, peguei um dia de boa previsão do tempo, isto é, frio claro, mas sol, e fui com o Edi para uma mini trilha de Kandersteg até o Oeschinensee. Parece loucura dizer "trilha" e "criança" na mesma frase, mas apesar da neve, do frio e da distância de 4 kilometros de percurso, quero dizer que foi uma boa experiência.


Dependendo da velocidade que voce anda e da frequência que você pára para tirar fotos e apreciar a paisagem ou só mesmo para descansar, 4 kilometros pode ser percorrido numa média de 30 minutos. Com o Edi, levamos 1 hora e meia. Vamos aos detalhes!!!



Fui de trem até Kandersteg com o Edi no carrinho, muito bem agasalhado claro, pois não me lembro mais quantos graus estava mas a temperatura era certamente negativa no início do dia. Andamos da estação de trem de Kandersteg até a estação de gôndola, de onde se pega o teleférico para subir à montanha. Deu uns 20 minutos andando, andando devagar pois o chão estava cheio de neve e escorregadio. Só daí já começava nossa aventura.


Lá em cima, aquela paisagem hipnotizantemente branca, com picos das montanhas cobertos de neve, ai como a natureza é linda. Tinha sol e várias pessoas completamente equipadas para um dia de ski ou de snowboard, e muitos se dirigindo à "trilha" até chegar o Lago Oeschinen. Lá em cima significa 1.500 metros de altitude, uns 5 graus a menos que lá embaixo, mas juro a você, não estava frio. Foi só começar a andar para começar a abrir os casacos e ir tirando as camadas de roupa. O carrinho do Edi encostei na entrada onde chegam as gôndolas, e fui com o Edi andando.


Não sabia se o Edi ia aguentar andar 4km, mas essa não era minha preocupação. Estava tão empolgada com o dia lindo que estava fazendo que simplesmente deixei acontecer. Tipo, andar tudo de uma vez sabia de qualquer forma que não, a questão ali era como seria essa mini trilha com uma criança de quase 3 anos. Nosso dia não seria no Lago Oeschinen e sim, chegando até o Lago Oeschinen. Mas com tempo bom tudo fica melhor, não é mesmo? Aliás, mãe de primeira viagem ne, da próxima vez eu levo um trenó para puxa-lo, ao inves de ele andar o tempo inteiro. Mas as paisagens são incríveis e eu estava com uma mochila cheia de "primeiros socorros", leia-se biscoitos, roupas, água, brinquedos e máquina fotográfica claro.

O suficiente para enganar o tempo e o cansaço da caminhada para o Edi, que devo admitir que não está ainda tão acostumado a essas swissness toda, mas já começamos desde cedo. Com perto de 20 minutos caminhando, ele já queria parar e vir pro meu colo. E eu o carreguei no colo sim em alguns trechos mas além de não conseguir carrega-lo no colo por muito tempo, pois ele pesa mais de 15kg, quero que ele vá se acostumando com isso. Então quando ele demonstrava cansaço, eu procurava em volta um bom lugar para parar, fazer um lanche, brincar. E numa segunda parada, ele até deitou no meu colo e tirou um cochilo. Faz parte. Enquanto isso eu tirei um milhão de fotos ao meu redor de todos os ângulos hehehe.
O caminho não é difícil não, pelo contrário, é sempre plano e nada cansativo. Tudo compensa quando temos paisagens desse padrão aí que você vê nas fotos. Chegar ao Lago Oeschinen foi muito gratificante, porém eu admito nem ter reconhecido ter chegado ao lago propriamente dito porque estava realmente tudo congelado. Pessoas caminhando em cima do lago congelado, então de longe não dava pra saber onde começava o lago, onde começava a neve de verdade.
Só chegando mais perto foi que deu pra ver o quão densa era a camada de gelo acima do lago, confidente o suficiente para sustentar várias pessoas caminhando ali normalmente. Mas depois de caminhar tanto e de brincar de jogar bolas de neve um no outro, eu e o Edi estávamos cansados e fomos então preencher a barriga no restaurante que tem por lá. Descanso e recompensa merecidos.
Mas ainda tinha a volta... Tínhamos chegado bem cedo e estava no início da tarde. O problema do inverno é que mesmo com lindos dias de sol, o dia não dura muito pois por volta das 4:30 da tarde já começa a escurecer, aí corta nosso barato. Portanto eu sabia que não podia perder muito tempo na pausa, e iniciamos o caminho de volta, no mesmo estilo da ida. Parando, brincando, andando... mas sim, como tínhamos acordado muito cedo, bateu o sono no Edi depois do almoço e ora ele dormiu no meu colo num banco de madeira no meio daquela neve toda, ora eu levava ele no colo.

E é interessante como caminhando encontramos tantas pessoas e várias nos cumprimentam e vendo o Edi desse estilo aí que vocês estão vendo nas fotos, é de se chamar a intenção. Um até se ofereceu para carrega-lo um pouco enquanto ele dormia. Foi muito legal!

Chegamos à estação das gôndolas de volta, o carrinho do Edi estava lá do jeito que eu deixei. Descemos até Kandersteg, de volta à estação de trem e voltamos para casa. À noite eu estava exausta, mas tão feliz de ter conseguido ter realizado esse passeio com o Edi, pois superamos várias barreiras, foi muito recompensador.

Não deu pra ver muito do lago como eu queria, mas não podia esperar diferente do inverno ne. Então agora é só esperar a primavera firmar, o verão chegar e ir ver a diferença desta paisagem com ares mais quentes. 

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