A parte não tão legal de Budapeste

Já disse que AMEI conhecer Budapeste, que todo mundo devia conhecer, que é linda, maravilhosa, sensacional. Disse mesmo. E digo de novo. Mas hoje vou falar da parte não tão linda que também existe por lá. Um pouco de história pra começar...

Já disse aqui que a história da Hungria como um todo é muito interessante. Diferente do resto da Europa, os húngaros descendem dos magiares, uma etnia da Ásia Central que se instalou na região no fim do século IX. Em 100 d.C. os romanos eram os habitantes da região que batizaram com o nome de Aquincum. O território que hoje conhecemos como Hungria se chamava Panônia na época dos romanos. Depois daí, por volta do século V, espécies dos bárbaros chegaram lá e expulsaram os romanos, os hunos, que segundo a Wikipedia, eram uns nômades ótimos criadores de cavalos e eram imbatíveis quando entravam em conflitos e batalhas. Mas com a morte do seu maior líder Átila, no ano de 453, a região terminou sendo dominada por outros tipos de bárbaros, os godos e os lombardos.

Os antepassados dos atuais húngaros, os magiares, vieram dos Montes Urais, que são uma cordilheira na Rússia, e a área é usada como referência pra separar a Ásia da Europa. A dinastia do líder magiar Árpád durou até 1301, quando o rei morreu sem deixar herdeiros. A partir daí, o trono foi ocupado por uma série de reis estrangeiros. O país cresceu e floresceu e sob o reinado de Matias Corvino chegou a ser a maior monarquia da Europa Central, por volta de 1460. Mas tudo foi interrompido pelas invasões turcas, que conseguido domínio, foi seguidamente interrompido pelos austríacos (habsburgos), e pouco tempo depois o império austro-húngaro foi formado, unindo as nações, para conter a revolta e a repressão da nacionalidade que começava a tomar conta da população da região. Com a Primeira Guerra, o bonito império foi por água abaixo e a Hungria perdeu grande parte de seu território para a Iugoslávia, Tchecoslováquia e Romênia.

Com o intuito de recuperar sua terra, o país apoiou a Alemanha na Segunda Guerra Mundial e com a derrota nazista, a Hungria foi ocupada pela União Soviética, em 1945. O regime soviético se instalou no país e só em 1989 a democracia foi vitoriosa. Desde então, o governo investe pesado no turismo, mas ainda se sente na língua, na cultura, nas ruas e nas pessoas um pouco desse sentimento misto, consequência de influência de tantos povos diferentes que dominaram o país, e de alguma forma terminaram deixando rastros.

As manifestações não são exclusividade da Hungria. Existe pichação, janela quebrada e canteiro sujo no mundo inteiro, mas o sentido da manifestação aqui abrange outros patamares. É o reflexo do sentimento, a tentativa de resgate do patriotismo, a tentativa de manter vivo o orgulho de seus antepassados, mesmo sob tantas dificuldades.

A cidade não é suja. É limpa, em sua maioria bem cuidada, organizada, mas há algumas áreas, tanto em Buda quanto em Peste, que podemos ver sinais de uma nação ainda em estado constante de restauração.


Eu adoro idiomas e aprender novas línguas, mas vamos combinar que o húngaro não é como nada nessa vida que eu já vi. Lá na Hungria, eles não chamam seu idioma de húngaro, mas sim de magiar. Referenciam-se ao termo "húngaro" quando falam de húngaros que não são descendentes dos magiares, e "magiar", quando vem da etnia magiar, diferente de outras, como a romena, eslava, alemã, etc. O idioma é de fato uma dificuldade pra quem vai ao país e não fala a língua. Acredito que pra morar chegue a ser um ponto negativo, pois não deve ser fácil aprender pra nós brasileiros. A quem vai a turismo, não chega a ser um ponto tão negativo assim, pois tudo que é direcionado a turista - serviços, comércio - existe em inglês, então não tem desculpa.


Outra coisa que pode chegar a ser uma dificuldade é a moeda. A Hungria aderiu a União Européia em 2004, mas ainda não tem estrutura econômica suficiente pra migrar pro euro. A previsão é que isto aconteça em 2012. Enquanto isso, a moeda lá é o forint (HUF) e 1 euro equivale a 274 forints, mais ou menos. Há casas de câmbio por todo lado em todas as ruas da cidade e todas trabalham praticamente sob o mesmo câmbio.


As pessoas costumam dizer que tudo do leste europeu, dos países que são da União Européia mas que ainda não aderiram ao euro, têm tudo bem mais barato que no resto da Europa. Quando eu fui em Praga, na República Tcheca, em 2004, quando o país ainda não fazia parte da União Européia, eu concordei. Mas hoje não concordo totalmente. Concordo uns 70%... É o seguinte: tem áreas e áreas. Hoje em dia é tudo tão globalizado e as lojas que vemos lá são as mesmas que vemos também em Paris e Milão que nem sempre isso se aplica. Um lanche no Burger King ou uma roupa na Zara vai custar mais ou menos a mesma coisa que no Burger King de Veneza ou na Zara de Munique. Por outro lado, se você for num mercado local, húngaro mesmo, vai encontrar produtos, comida, bebida, mais baratos que no Carrefour na Espanha, por exemplo. O segredo é este. Mas de forma geral, achei a cidade razoável financeiramente. Áreas turísticas são sempre mais caras, mas não é nada exagerado pra menos, nem pra mais. Dá pra viver. Só precisa de uma calculadorazinha de prontidão!

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