Masada

Desde que comecei a pesquisar e pesquisar pra organizar a viagem a Israel que passei a ver esse nome em tudo quanto é lugar. Masada.
Masada é a fortaleza que fica no sul de Israel, na Judéia. Foi "construída" pelo imperador romano Herodes, que contei um pouco da história aqui. Herodes na verdade mandou construir essa fortaleza totalmente isolada de tudo e de todos como um refúgio pra si próprio, caso fosse preciso, caso os Judeus se revoltassem contra ele, já que ele próprio não seguia as tradições do judaísmo e isso deixava os Judeus já meio desconfiados e insatisfeitos.
Mas olha, é impressionante. Estávamos no ônibus em Jerusalem, daqui a pouco, uns 15 minutos de estrada, só via barro e pedra. Estávamos no Deserto da Judéia. Era difícil crer no que meus olhos me diziam. Como podia isso? Agorinha há pouco estávamos na cidade e agora..... estamos no meio do deserto?!
Mas olha, era verdade mesmo. Estávamos no meio do deserto. E só em estar ali parecia que o calor também já tava aumentando. Bom, o deserto da Judéia é um deserto meio especial. Fica próximo ao Mar Morto.
Masada é uma fortaleza construída ali com 440 metros de altitude, muito isolada, propositalmente de difícil acesso, caso Herodes e os Romanos fossem atacados. Mas as coisas hoje são modernas e construíram um bonde pra gente chegar até o alto da fortaleza.
Com a morte de Herodes, a fortaleza foi capturada dos Romanos pelos Judeus e terminou sendo o local onde eles se esconderam durante a Grande Revolta Judaica, a primeira de três grandes rebeliões dos Judeus contra os Romanos. Depois que os Romanos dominaram totalmente Jerusalem, Masada terminou sendo o único local de forte concentração dos Judeus.
Fazia um calor do cão!
Acho que até pela cor das fotos dá pra sentir um pouco do calor que fazia nesse lugar nesse dia, não dá não?! Meu Deus do céu!
A pequena garrafinha de água que eu levei não deu nem pra dez passos. Mas tudo bem. Quando a gente prestava atenção às explicações do guia, à história, e via a tamanha engenhosidade do lugar, a gente até esquecia que tava com sede. Masada tinha toda uma infra-estrutura caso fosse preciso viver dias, semanas, meses ali sem sair. Cisternas, banheiras, colunas estratégicas para circulação do ar, cavernas, esconderijos, até uma sinagoga tinha, até o Columbarium, para guardar as cinzas de quem morresse durante o período ali. Muito impressionante.
O guia desse passeio a Masada fez a diferença. Ele falava com tanto entusiasmo ao explicar a revolta e o desespero dos Judeus, que se fosse outra pessoa contando, acho que eu não teria ficado tão impressionada com tudo que vi. Diz a história que os Romanos tinham um plano de cercar Masada com 10 mil homens de noite, então construíram rampas, e ao amanhecer, escalariam todos as pedras e pelas rampas fortaleza acima, para acabar com os Judeus. Os Judeus então orgulhosos de si e decididos a não perder a batalha para os Romanos, resolveram se suicidar ao invés de se entregar, sabendo que se iniciassem a batalha, perderiam, pois eram poucos em comparação aos Romanos. Os quase mil Judeus se suicidaram então em Masada sob o juramento "Masada não cairá nunca mais" ("Masada shall not fall again"), por volta de 70 d.C., ao fim da Primeira Guerra Judaico-Romana.
Masada tornou-se um dos grandes símbolos do judaísmo e foi declarada patrimônio oficial da UNESCO em 2001. Hoje ainda é possível ver as remanescências, o piso original ainda, quebrado, tudo agora sob proteção do governo, preservado por arqueologistas. Tudo muito incrível. Poder se aproximar um pouco dessa história tão impressionante, de mais uma perseguição aos Judeus. Olhar pro lado e ver o Mar Morto. Incrível, incrível, incrível.
Claro, incrível também foi o bronze que eu peguei nessas 3 horas de caminhada no deserto. Saí arrancando a blusa, buscando água, sorvete, o que fosse. Não to mais acostumada com isso não! Mesmo com protetor solar, meu couro agora acostumado com o sol mixuruca da Suíça que não queima nada, e com meses de um trilhão de peças de roupa de frio, achei ótimo sentir um calorzinho e mudar um pouco a corzinha. Eu tava branca feito leite. Mas essa corzinha era só o começo. Depois daí, pegamos de novo o bondinho de volta ao solo, e fomos em direção ao Mar Morto. E eu fui pegar um bronze agora no Resort mais abaixo do nível do mar da face da terra. Assim, pra fechar a viagem numa boa, sabe..

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