Bangalore

A cidade de Bangalore é vista como uma cidade "booming", sabe assim, de BOOM! De crescimento. Bangalore fica no sul da India, é a capital do estado de Karnataka e tornou-se um importante centro de pesquisas científicas e tecnológicas recentemente. Rapidamente, atraiu a indústria do software e hoje é a principal das cidades hi-tech na India.
A indústria do software atraiu muitas empresas a se estabelecerem na cidade e atraiu muita gente a ir trabalhar lá também. Literalmente. A mão de obra qualificada e razoavelmente barata é muito atraente e a India é a maior fonte de terceirização de serviços de TI do mundo.
Não é a toa que a gente mesmo lá na empresa tenta delegar pra India grande parte do nosso trabalho. Com tanta gente, a concorrência de empresas e pessoas é acirrada, mas a qualidade do trabalho é boa, e com a mão de obra accessível, está feito o negócio. É claro que é preciso levar em consideração outros fatores para terceirizar o trabalho pros indianos: fuso horário, viagens frequentes, culturas diferentes, e se mesmo assim valer a pena, então é pra valer. E é por aí que funciona nosso acordo com os indianos.
Estamos no começo ainda do nosso team work, com poucas pessoas, dobramos o time recentemente, e a intenção é expandir ainda mais esse trabalho em conjunto. É fácil trabalhar com os indianos. Eles são abertos, gentis, sinceros, dispostos. Em 2 semanas que fiquei lá trabalhei na boa com meu time e me senti por vezes até mais a vontade que aqui com os suiços.
A população de Bangalore é na base dos 6 milhões, a cidade está super povoada e irritantemente congestionada. Bangalore é a terceira maior cidade da India, depois de Delhi e Mumbai. Várias empresas estão instaladas em parques tecnológicos que são complexos fechados de prédios e mais prédios. A minha empresa lá fica em Whitefield, que é um dos distritos tecnológicos. São vários parques com vários prédios e várias empresas afastados do centro da cidade. Consequentemente, MUITA GENTE! Então imagine toda essa gente indo e vindo pro trabalho. Horas no trânsito. Uma das coisas mais chatas de ter passado esse tempo lá trabalhando foi não ter tido muita flexibilidade em poder sair do trabalho e ir ali dar uma volta, porque ir ali significava encarar pelo menos 2 horas de trânsito.
Uma vez saí com a indiana às 4 horas do escritório para irmos a um shopping, e mesmo assim demoramos uma hora pra chegar. Porque além do congestionamento, Whitefield é longe do centro de Bangalore. E eu estava hospedada num hotel em Whitefield.
Por ter ganho essa fama pela industria tecnológica, Bangalore terminou crescendo consideravelmente em outros setores tambem. Em algumas áreas, a cidade parece ter condições bem precárias, mas lá voce pode encontrar hoteis de luxo, excelentes restaurantes, bares moderníssimos e lojas de marcas.
Num dia, fizemos um evento com o time inteiro, depois que os colegas da Suiça chegaram. E junto com o time da India, fomos numa das principais ruas comerciais, a Brigade Road. É como se fosse a Bahnhofstrasse da India. Claro, ainda tem muito que melhorar, mas é característica do lugar, tipo gente vendendo coisa na rua e abordando voce com bugingangas na sua cara, fazer o que. Dizer não. Tivemos uma noite muito agradável jogando boliche no Ameoba e depois num bar chiquerésimo. Uma ótima oportunidade pra socializar com todo mundo e deixar todo mundo a vontade.
Foi jóia. No dia seguinte dessa noite, trabalhamos de manhã e a tarde fui com o pessoal da Suiça fazer um tour pela cidade. É verdade que passamos gastamos várias horas no carro parados no trânsito, mas fazer o que, faz parte da experiência. Fomos juntos conhecer o templo do touro, ou Bull Temple.
O Bull Temple nada mais é que um templo hindu do touro, o grande touro. Eu não sei muito nada de hindu, mas existe uns animais que representam coisas e forças diferentes, existe uma hierarquia e tudo mais, e o touro é aparentemente muito importante.
Todos ganharam uma benção que é essa marca vermelha na testa e passamos o resto do dia abençoados. Na cultura hindu, essa marca na testa é muito significativa. Vários indianos se benzem de manhã e passam o resto do dia com essa marca vermelha na testa. No norte da India, é ainda mais comum mulheres pintarem o couro cabeludo com essa tinta vermelha.
O templo era interessante mas era só o touro mesmo. É uma pena porque nenhum de nós pertence a esta religião então talvez a gente não tenha dado o devido valor a esta visita. Visitamos também o jardim botânico da cidade que é lindo!
A India pode ter muita coisa bagunçada, mas o jardim botânico foi um show de passeio. Bem organizadinho com árvores enormes, árvores antigonas, árvores de tipos que eu nunca vi na vida e toda aquele gente exótica caminhando por lá, olha, um barato. Adorei.
Foi legal depois daquele sufoco todo no trânsito, buzinas e poeira, ver algo tranquilizante e gastar um pouco de tempo no meio de tanto verde e paz. Mesmo na companhia dos colegas de trabalho, tínhamos um guia com a gente e foi bem bacana, tava todo mundo interessado em turistar um pouquinho, tirar foto, relaxar, etc.
Ao final do dia, fizemos compras e ainda fomos ao Hard Rock Cafe, que é um dos meus rock bars preferidos. Sempre faço questão de ir quando posso, quando viajo, e desta vez foi um pedido de um dos caras, então foi jóia eu não ser a única empolgada pra ir lá.
Hard Rock é sempre mais ou menos a mesma coisa, mas eu curto a merchandise de lá e fazia tanto tempo já que eu só comia frango na India que foi ótimo comer um bifezinho pra variar um pouco e dar uma força.

Visitamos também durante o dia o templo Iskcon que é um templo enoooorme de grande, ultra moderno, que infelizmente não podia entrar com máquina fotográfica. Aliás, foi um estress essa visita a esse templo. O guia lá todo empolgado querendo mostrar o templo pra gente, só que ninguém tava tããão interessado, e chegando lá foi maior hassle porque tinha que tirar os sapatos, o chão tava imundo, tinha uma fila gigantesca, tinha que deixar câmeras e celulares na entrada, e ninguém tava muito a vontade com isso. Eu que já tinha passado pelo stress do Sri Lanka fiquei mega bolada de deixar minhas coisas, e terminou que o guia ficou do lado de fora com nossas coisas e nós fomos lá sozinhos visitar o templo.

Só que a visita não é uma visita qualquer. Tem todo um processo, uma sequencia que voce tem que seguir, muita gente na sua frente e atrás de voce, e terminou que perdeu um pouco a graça e a magia porque um dos caras ficou sem a menor paciência, e eu admito que tava difícil ali... além de tudo tinha uma música que ficava tocando o tempo inteiro que se ouvia onde quer que voce estivesse lá dentro que só dizia a mesma coisa e era muito irritante. Ficava o tempo todo hare krishna hare hare hare krishna krisha krishna...

Enfim. Foi bacana conhecer, mas foi meio estressante. E de Bangalore foi só isso mesmo. Não tínhamos muito mais tempo e o trânsito também não permite muita coisa. Bangalore não é turística como Agra e Delhi. Como eu disse, é mais um centro de trabalho, mas como fica na India, é claro que sempre vai ter algo interessante pra conhecer e visitar. Mas se eu tivesse a turismo na India apenas, não sei se teria escolhido ir até lá. De qualquer forma, valeu muito. Passei 2 semanas e meia trabalhando nesta cidade e quem sabe nos vemos de novo no futuro.

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