Reta final

Há pouco mais de 2 anos atrás, eu escrevi um post entitulado "Nas últimas", quando tava naquele aperreio de deixar meu antigo emprego no aviso prévio de 3 meses que não acabava nunca. Hoje, como mudou minha vida profissional, meu trabalho, graças a Deus. Mas no lado pessoal, estou novamente nas últimas... pra não escrever outro post com o mesmo título, tá aqui esse na reta final.

Estou falando da gravidez. Completando 39 semanas e com uma história de novela, estou a espera da vontade de Eduard querer vir ao mundo. Falei aqui já antes da crise dos rins que tive no meio da gravidez e durou 2 semanas. Me afastei do trabalho, tive medo e o perigo era não passar e eu não conseguir aguentar o resto da gravidez daquele jeito. A recomendação dos médicos era esperar o ciclo da dor passar que seria por volta disso mesmo 14 dias, e enquanto isso ir me aguentando como pudesse, com remédios fraquinhos, bolsa de agua quente, massagem e descanso. Eu mal conseguia andar, foi um período bem difícil. Mas eu não gosto de só ficar falando de coisa ruim, por isso nem falei muito aqui no blog disso.

Graças a Deus foi passando e eu voltei ao trabalho, fui voltando a rotina devagar e tudo tava indo bem. Até a semana 37 de gravidez, quando a mesmíssima dor voltou agora do outro lado, no outro rim. Meu Deus, eu tinha esquecido como é sofrido. Novamente corri à emergência do hospital e o diagnóstico era o mesmo: rim bloqueado por conta da pressão do útero. Não é pedra no rim, mas a dor é como se fosse. O que fazer desta vez? 37 semanas é full term e Eduard já estava com 49cm, 3.500kg, pulmões prontos e já até poderia nascer.

Me foi dado então como opção esperar como da outra vez ver se o ciclo da dor era o mesmo e ir me aguentando como desse, porque aqui fazem de tudo pro parto ser natural, com o mínimo de interferência possível. Mas se eu tivesse realmente com muuuuita dor, me deram a opção de fazer indução e ter o parto normal antes do esperado, o que eu comecei a considerar porque cada dia era uma tortura.

Se fosse só a dificuldade da gravidez, o barrigãozão, os pés inchados e tudo mais, eu estava determinada a esperar, mas com essa situação do rim, minha nossa, não tava dando não. Então parei de vez o trabalho, e passava os dias tomando o mínimo de remédio possível, porque por mais que os médicos diziam que não tinha problema tomar 4 dafalgan por dia e buscopan, eu não queria; e me aguentando de um lado pro outro, com bolsa de água quente.

A Simona que ia ficar com Juca por um tempo enquanto Eduard nasce e chega em casa, veio de Ticino e passou uns dias aqui me ajudando em coisas que eu não podia fazer, fazendo comida e me ajudando a passar os dias. Mas aí pronto, deu. Fui com o Eric na consulta com a parteira resolvida a marcar a indução porque pra mim não dava mais. 10 dias já dessa situação, eu não aguentava mais não. Mas a parteira botou tanta areia na minha decisão, disse que a indução poderia ser ainda mais sofrida, que poderia durar até 3 dias, que podia não dar certo, que no final podia terminar tendo que optar pela cesarea, que eu era forte, que eu podia aguentar, que o melhor era esperar o bebe vir na hora dele, que meu corpo não tava totalmente pronto.... afff! Assim que saí do hospital só fiz chorar. Agoniadíssima sem saber o que fazer então.

Pra mim a decisão da indução, mesmo que durasse 3 dias, era a melhor opção porque eu nao sabia quanto tempo essa chatice no rim ia durar. E todos os médicos dizem que a situação do rim é somente por causa da gravidez. Fim da gravidez = fim da dor nos rins. Eu só pensava nisso. Mas aí voltei pra casa, Eric me deixou decidir o que eu quisesse e me apoiava na minha decisão mas meio que estava do lado da parteira. Medo ne? Eu tambem tava morrendo de medo, imagina 3 dias de trabalho de parto com contrações artificiais, ocitocina? Sei lá.

Bom, então me mandaram ligar no sábado passado de manhã cedo quando iriam me dizer a que horas eu deveria ir pra começar então a tal indução. Eu tava temerosa mas decidida, afinal não havia perigo pro Eduard, o problema era eu mesmo. Na sexta a tarde, eu tava com muita dor e deitada na cama o Eric pergunta se eu coloquei um pouco da água de Lourdes onde doía e se tinha pedido a nossa senhora de Lourdes pra me ajudar. (Eu trouxe uns vidrinhos com a água santa de Lourdes pra casa, na viagem de 2010). E eu disse que não. Estava com tanta coisa na cabeça e a pressão era tanta, que apesar de ter posto o terço na minha bolsa, tinha até esquecido de pedir ajuda divina.. aí então pus um pouco, rezei e pronto. Beleza. Sexta a noite malas prontas, baterias das cameras carregadas, eu e Eric indo dormir achando que era a última noite que estaríamos ali no quarto sem Eduard. Tenso. Mal consegui dormir...

Aí o que acontece? Sábado de manhã simplesmente o hospital me diz que não tem capacidade pra me receber no momento e que eu deveria esperar. ....esperei, esperei, esperamos, e nada de noticia do hospital. Incrivel ou coincidentemente, durante o dia no sábado, a dor foi melhorando aos poucos. Não vinha mais fulminante quase me partindo no meio como estava vindo há 10 dias, e eu até conseguia respirar direito. Teria sido a água de Lourdes? O ciclo da dor que passou? Ninguem sabe.

Só sei que a noite estava até rindo aqui em casa, e até saímos (a passo de tartaruga) pra ir na pizzaria aqui
na esquina, depois de dias trancafiada em casa, e fui dormir no sábado muuuito melhor do que há muitos dias. Domingo 5:30 da manhã toca meu celular e é o hospital dizendo que eu podia ir pra indução. Tenso nível máximo. E agora? Ir ou não ir?

Conversei com a parteira sobre o que tinha acontecido, que exatamente ontem sábado a dor tinha melhorado e se continuasse daquele jeito eu conseguiria aguentar. Então óbvio que eles sempre achando melhor esperar o parto natural, recomendaram ver como eu passava o domingo e se continuasse assim então, eu não faria indução nenhuma. E assim foi.

Passou o domingo, ainda é bem desconfortável, mas diante agora de 39 semanas de gravidez, o que não é desconfortável ne? Eu poderia aguentar. Então fui e to indo. Desisti da indução, não to tomando mais painkiller nenhum pro rim, ontem ainda tive que por a bolsa de água quente por algum tempo, mas não tem nem comparação de como estava há 1 semana atrás.

Eduard continua aqui dentro no quentinho, bem diferente de como tá aqui fora -2 graus e neve em plena primavera, e eu pacientemente (cof cof cof...) esperando a hora de ele querer vir ao mundo por ele próprio que pode ser a qualquer momento. Cada dia é menos um dia. Minha barriga tá quase explodindo. Passo o dia passando o tempo. Assinei a Globo Internacional e assisto todas as novelas, Eric até já está aprendendo umas palavrinhas em português hahaha... fazemos jams ele no violão e eu cantando, conversando muito, assistindo filmes, séries, e tentando controlar a ansiedade que aumenta a cada dia.

Ligações e mensagens de "e aí, ja nasceu?" estão constantes. Minha mãe está em Portugal num evento e conseguiu um break e vem passar o fim de semana aqui apenas, mas volta depois no meio de abril quando eu espero já estar com Eduard nos braços. Será que ele tá esperando a presença da avó? Vamos ver. Eu continuo por aqui esperando o tempo dele, agradecendo que o rim me deu uma trégua, que a indução não foi preciso e rezando pra que dê tudo certo. Reta final.

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