Genova

Saí de Berna na sexta-feira de Páscoa no início da tarde. Daqui tem trem que vem de Basel, lá no norte da Suíça, e vai pra Milão rapidinho, 3 horas de viagem você chega lá, graças a construção do túnel Lötschberg. A viagem é muito tranquila e com paisagens de arrasar, então não é nada mal, eu adoro viajar de trem. Com fone de ouvido e um livro na mão, o tempo voa. Chegando em Milão, Milano Centrale, aquela estação gigante, aquele mundarel de gente, peguei outro trem e em menos de 2 horas, estava eu desembarcando em Genova.
Genova é a cidade portuária mais importante da Itália. Talvez o maior porto do Mediterrâneo (...ou seria Marselha, na França?). Sem dúvida uma cidade histórica com muita coisa pra contar, principalmente porque não foi muito afetada com operações militares da Segunda Guerra, então muitas estruturas, igreja e etc. foram conservadas. O que, por outro lado, requer muita dedicação na restauração e cuidado com os efeitos naturais do tempo. E aí nesse quesito, na minha opinião, a cidade deixa um pouco a desejar.


Andar pelas ruas medievais de Genova é uma prova de força, paciência e superação, porque não é fácil! Ruazinhas minúsculas, estreitas, mudando de nome a cada cruzamento, me senti num labirinto, me perdi n vezes e sempre voltava por onde já tinha passado.

Era feriado, tinha muita coisa fechada. Mas algumas dessas ruazinhas lendárias precisam urgentemente de um trato. Não sei se é porque já tô é acostumada com a Suíça e aqui é tudo quase sempre tão limpo e direito, que lá em Genova senti algumas coisas um pouco abandonadas. Além disso, uma coisa que me chamou a atenção, é que lá tem muuuuuuito imigrante. Muito estrangeiro africano, marroquino, indiano de bobeira pela cidade e, sem querer ser racista, muitos andando em grupos com olhares maliciosos atrás de turistas ou fazendo negócios nas esquinas com jeito desconfiado. Tive medo.

Mas enfim. Eu tava andando com Thiago que já mora na Itália há 5 anos e é tão ligado quanto eu. Não tivemos nenhum problema, mas é preciso ficar atento. E é preciso também aumentar seu nível de tolerância, porque você pode estar lá andando nas ruazinhas estreitas de Genova com o mapa na mão, se perder, e dar de cara com uma rua com várias garotas de programa em plena luz do dia. Beleza. Dê meia volta e finja que nada aconteceu.

Apesar disso, a cidade tem seu charme. Muitas praças em estilo neo-clássico, Vias largas e movimentadas com construções de séculos. Ah, se elas falassem.
A Piazza Ferrari é uma bela surpresa. O tempo não ajudou, mas estávamos andando e de repente chegamos aí. Falando em tempo, a previsão passou a semana inteira dizendo que a Páscoa ia ser de sol, temperaturas elevadas e tal. Chego lá, tenho que usar a única calça que levei e tênis, e a saia e short e bermuda e sandália ficaram mofando dentro da mala. Essa primavera européia...

Genova também é a cidade de onde veio Cristóvão Colombo, sim, aquele que descobriu a América. Se você chegar em Genova sem saber disso, fica sabendo rapidinho, porque ele é evidência por todos os lados. O aeroporto da cidade leva seu nome, assim como várias praças, ruas, cafes, bares e restaurantes. A estátua dele tá lá bem na saída da estação de trem Porta Principe.

Em italiano se chama Cristoforo Colombo, e a casa onde ele viveu hoje é um museu que celebra a vida do navegador. No entanto, diz meu guia do Eyewitness Travel que não é certo se ele nasceu mesmo em Genova ou fora da Itália até. Mas há registros que sua família vem de Genova, então pronto.

Genova é a capital da região da Liguria, que se divide entre Riviera Ponente, próxima a França, e Riviera Levante, mais pitoresca descendo até o mar Mediterrâneo. Genova fica bem no centro, e ao longo da costa, há várias cidadezinhas e vilarejos com vistas espetaculares de tirar o fôlego. Cristóvão Colombo teve de onde se inspirar pra se mandar marzão afora.


A Porta Soprana é a antiga entrada ao leste da cidade. Ali bem perto é a casa de Cristóvão Colombo. Pra subir aí paga-se 4 euros e tem uma vista legal da cidade. Pena que tava tempo ruim e não pude ver muita coisa tendo que me preocupar em segurar o guarda-chuva e a câmera.

Como a chuva engrossou a tarde, decidimos ir ao Aquário, que na verdade não foi apenas um refúgio da chuva, foi e é de fato uma das maiores atrações da cidade. Tanto é que vou fazer um post só sobre o Aquário depois e conto tudo. Vale a pena.

Um dia é super suficiente pra andar por Genova. Claro, se você for visitar a Galeria de Arte que tem lá, e museus, vai precisar de mais tempo. Mas pra andar, bater perna com um mapa na mão conhecendo os pontos turísticos outdoor da cidade, um dia tá bom. Mas no Aquário levamos pelo menos 2 horas andando lá e só fomos no básico. Não sei também o que mais eu teria feito se não tivesse chovendo. Talvez ido ao Palazzo Reale e algumas coisas mais afastadas, mas o que eu vi tá visto! E valeu!

Genova tem uma grande história e como eu falei no post passado de introdução a esta viagem, a Itália em geral é uma fonte quase que inesgotável de cultura e arte, e quanto mais você conhece, mais interessante parece e mais você quer conhecer. Bem clichê. Mas é.

Genova e seus antepassados de comércio com a Grécia a Fenícia antiga. O império das águas em competição com Veneza. Andrea Doria. Piratas. Cruzadas. Talvez porque meu pai era da Marinha eu tenho uma veia correndo em mim de admiração por essa "arte".

O tempo era curto, e além de tudo, já disse: tava feio. Senão teríamos ido conhecer Cinque Terre, que é ali perto e são cinco vilazinhas - Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore - localizadas num espaço de terra naturalmente privilegiado com paisagens dramaticamente lindas. Quem sabe na próxima.


E pra fechar, (afinal estamos na Itália, terra da pasta!), um belo de um vinho e uma MEGA ULTRA GIGANTE pizza individual. Eu disse INDIVIDUAL, Mamma Mia!!! Assim não tem academia que aguente... hahahaha... não, mas falando sério, a pizza, apesar de nem caber no prato e mal caber na mesa, era super fina e acho que fazem grande assim pra impresionar mesmo. E me impressionou, como vocês podem ver hehehehe... E tava deliciosa também, ca-laaa-ro!

Não teve ovo de Páscoa, mas teve pizza de Páscoa!

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