Se fosse fácil não tinha graça

Depois de tanta festa e tanta viagem, vamos falar de trabalho!
O trabalho como vai? Vai muito bem, obrigada! Aliás, graças a Deus! Eu digo e repito: a melhor coisa que eu fiz foi trocar de emprego, a melhor coisa que eu fiz foi trocar de emprego, a melhor coisa que eu fiz foi trocar de emprego, a melhor coisa que eu fiz foi trocar de emprego, a melhor coisa que eu fiz foi trocar de emprego!!!!!

Meu emprego novo - que aliás, chega, ne, não é mais tão novo assim, 4 meses, já até acabou o período probatório - é ótimo, estou adorando! Aliás, é a principal razão que me trouxe a Suíça, tinha que ser mesmo algo que me motivasse. E olha, está sendo.

Já comentei aqui várias vezes sobre o progresso, e eu sinceramente não tenho do que reclamar. É um trabalho muito dinâmico, essa história de trabalhar em Berna e em Zurique eu adoro, não é nunca aquela coisa monótona de passar o dia sentada numa sala fechada, sabe. Tenho reuniões, participo de decisões importantes, me sinto valorizada e minha opinião é necessária, é ouvida. Eu estudei tanto, sei o que eu tô fazendo.

Bom, a empresa é originalmente americana, mas tem escritórios na Europa, na Ásia, na Oceania. E aqui na Europa anda com as próprias pernas. Aqui na Suíça, nossas regras andam muito ligadas as da Alemanha e as da Inglaterra ainda, mas estamos crescendo. Eu comecei participando de um projeto para um cliente, que é uma mega empresa aqui na Suíça. Comecei já com uma responsabilidade grande que era pegar um projeto do zero, e aumentar a qualidade do sistema que tem mudanças todo mês. Ou seja, todo mês temos novas funcionalidades num sistema que precisam estar funcionando o mais perto possível de 100%. E eu sou responsável por assegurar que isto aconteça. É todo um processo.

Com a saída de um colega, "ganhei" mais um projeto e mais responsabilidades de presente pela minha efetivação (fim do período probatório de 3 meses). O novo projeto já está em andamento e é um desafio maior ainda, pois vc tem que pegar o bonde andando e se adaptar ao ritmo que está indo assim da noite pro dia. Este é uma migração de um outro sistema e é bem mais complexo, envolve vários participantes, patrocinadores, parceiros, enfim, é uma coisa multidimensional. E eu não posso deixar nenhum lado de fora. É bem desafiador.

Isso tudo envolve muitas opiniões, muitos pitacos, muitos requisitos, muitas mudanças constantes, muitas ideias, muitas implementações, muitas configurações e muitas outras coisitas mais que eu não vou contar porque já vai ficar chato pra quem não entende. Envolve muita gente também. Existe um time de suporte para nos ajudar com algumas atividades manuais e são mais estudantes que fazem estágio que fazem isso. Então temos também que dar conta disso. Mas em suma é isso: os afazeres, a mão na massa mesmo é muito interessante. Me sinto produtiva, gosto do que eu faço, ponho os neurônios pra funcionar, aprendo bastante e lido com muitas pessoas todos os dias.

Café da manhã no escritório
Mas a empresa que eu trabalho não tem só o projeto que eu estou envolvida. Há vários outros e todo mundo trabalha duro. Pra compensar tanto esforço e pra saber mais o que o outro está fazendo, quando estamos no mesmo lugar, isto é, quando não estamos no site do cliente, aproveitamos o tempo da melhor maneira. Então é comum café da manhã recheado de coisa gostosa, happy hours regados a proseco, estendendo-se a champagne e quando a coragem deixa e quando é sexta-feira, estendendo atééééé.....

É um trabalho multilateral, com vários canais, vários times, várias participações e todo mundo é muito conectado com o que faz, muito participativo. Então são muitos eventos, inclusive beneficentes, muitos aniversários, muitas confraternizações ali e acolá, churrascos, infinitos happy hours que não deixam ninguém entendiado. Era tudo que eu precisava, um trabalho que me consuma, que sugue de mim tudo que eu tenho pra dar, todas as minhas ideias mirabolantes, minha capacidade de produzir, meu conhecimento.

Sexta-feira happy hour
Tô dizendo... não tenho do que reclamar MESMO! A correria é grande, mas o esforço é recompensado, e não tem nada mais gratificante que um trabalho bem feito ser reconhecido. Digo sem temores que estou me realizando no meu trabalho, enfim!!!

O ambiente é em grande maioria formado de alemães e suíços. Um ou outro inglês, holandês, mas é só. Eu sou meio que a et, mas o povo não parece se importar muito com isso não. Não tem nada de "ahhh brasileira" e aquele tratamento especial ou olhar diferente. Tá, contei 2 até agora de umas 200 pessoas que já tive contato desde que conheci. Me tratam de igual pra igual, contanto que eu faça meu trabalho direito. E isso eu to fazendo.

Eu também sou responsável e coordeno um pequeno time que nos ajuda em algumas atividades na India, e semana passada recrutei mais 2 pessoas. Nunca tinha feito isso antes, achei o máximo. Ora, eu sou da área de Computação. Passei 5 anos da minha vida martelando minha cabeça na universidade com cálculos e lógicas. Não achei suficiente e inventei de passar mais 2 anos fazendo Mestrado em Engenharia da Computação...  gosto de sofrer.. mas o que eu poderia saber sobre recursos humanos e entrevistas? Só por experiência mesmo. E olha, é muito bom ver que recebo tamanha responsabilidade e consigo fazer bem feito. Fiz várias avaliações e nosso time na India agora tem 4 pessoas, todas respondendo a minha pessoa! muito lesssgaaaal! Tão legal que resolvi trazer uma indiana por 3 semanas aqui pra ver de perto como tudo funciona, passar umas coisas minhas pra ela me ajudar de lá e ela chega daqui a 2 semanas! Participei de todo o processo de organização dessa viagem (como se eu tivesse achado ruim), de pedido de visto de negócios, de organizar a agenda dela, até de reservar o hotel dela eu assumi o dever, afinal ela é minha responsabilidade. Tô tão filiz que deu certo! É a primeiríssima vez que ela vai sair da India, gente!!! Muita responsa.

Em Outubro, serei eu que vou até lá. Pelo menos é o plano até agora. Ir a Bangalore conhecer meu time de perto, alinhar umas coisas. Quero só ver!!! É claro que eu vou querer esticar até o norte e conhecer o Taj Mahal ne, ja pensou eu no Taj Mahal, ai ai...

É muito bom crescer na profissão, subir uns degraus, começar a enxergar a big picture e não ficar só nas linhas de código sem saber o que se passa direito que faz a empresa andar. Difícil mesmo é arrumar tempo pra tudo. E ainda conciliar com as viagens pessoais que eu descobri verdadeiramente como meu novo hobby. Mas isso já é outra história. Faz parte do meu show.

Sou muito grata a finalmente ter dado certo meu empreguinho, meu visto. Sou tão correta nas minhas coisas que não poderia me contentar com pouco. Eu fui, insisti, insisti porque sabia que era capaz, insisti até conseguir encontrar algo que me satisfizesse. Não foi fácil. E não é fácil. Mas já dizia meu orientador de mestrado: se fosse fácil não tinha graça. O desafio é grande, acentuado ainda pelo idioma, mas trabalhar em Alemão hoje não é mais aquele bicho de sete cabeças do início. O que um dia após o outro não faz ne? Sério. Claro, ainda me enrolo de vez em quando, mas já participo de reuniões em Alemão e as pessoas não precisam mais falar Inglês numa sala cheia por minha causa. Embora alguns "prefiram" falar em Inglês comigo porque querem praticar o Inglês deles comigo. Presente maior impossível. Um dos grandes motivos e ao mesmo tempo desafio era esse - o idioma. Eu queria melhorar, mas ao mesmo tempo assumir um emprego EM ALEMÃO sempre tinha sido uma ideia que eu dificilmente consegueria alcançar. Tinha medo, era insegura, não tinha muito vocabulário, morria de medo de não conseguir responder uma pergunta. Hoje estou aqui. Demais isso ne.

Definitivamente estou me realizando no meu trabalho. Muito feliz por isso. Meu dia a dia não é nada chato. Pelo contrário. As horas passam e eu nem vejo! Não morro de amores pelas segundas-feiras, mas vou ao trabalho contente. Não acordo pensando numa desculpa pra não ir trabalhar. Não aperto o snooze do despertador 50 vezes antes de levantar da cama.

Não sei até quando esse encanto vai durar, mas se melhorar estraga.

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