Mysore

Quando eu digo que eu adoro meu emprego novo eu não to brincando. Tenho vários chefes e todos são bem legais. Igualzinho ao antigo emprego! hahaha! O meu chefe imediato delega muita coisa pra mim e sinto que ele confia em mim, então é ótimo trabalhar assim. Na viagem a India a trabalho, depois de ter passado mais de 1 semana sola trabalhando com o time lá de Bangalore, chegaram 2 chefes daqui da Suiça e um colega que tem mais ou menos o mesmo cargo que eu - test manager. Eles foram pra passar pouquíssimo tempo, só pra ver como é que estavam as coisas lá e se o trabalho que estou fazendo com o time tá dando certo mesmo. Tirando a pressão que eu tinha que mostrar que tava fazendo um bom trabalho, tava tudo ótimo. Graças a Deus o trabalho deu tudo certo. Meu chefe organizou uma agenda toda cheia de coisas pra fazer e no último sábado que estaríamos lá ele organizou um tour a Mysore.

Mysore é a segunda maior cidade do estado de Karnataka. Bangalore é a maior, e é também a capital. Mas Mysore já foi um dia a capital do estado (até 1831) e ainda carrega muita fama e história. É uma cidade interessante pra se conhecer no sul da India. Tanto que foi a escolha do meu chefe. Eu e o resto do time aceitamos na hora e com um motorista e um guia, nós 4 em 2 carros encaramos 4 horas pra ir mais 4 horas pra voltar num dia só pra ver o que a cidade tem de bom.
Bom, de Bangalore a Mysore são só 140km, mas trust me, dá 4 horas fácil fácil. O trânsito não é brincadeira mesmo na auto estrada. Bom, mas Mysore, vamo lá! Mysore é famosa pelo festival Dasara, que aconteceu uma semana antes de a gente chegar lá! Todo ano dependendo da lua, do sol, do mar e de mais alguns fatores astrais, uma data normalmente no mês e Outubro é escolhida para este festival que dura 10 dias. O festival é uma tradição antiga, desde o século 15, de quando realmente ainda haviam marajás governando na India e eles eram vistos com esplendor. Durante o Dasara, acontecia uma procissão liderada pelo marajá, e costumava seguir sempre cercada de muita gente, excevivamente decorada com flores, incensos, com a presença de animais, onde o marajá desfilava em cima de um elefante. Tudo muito exótico.

A indiana que trabalha comigo quando soube que iríamos visitar Mysore, me mandou assistir este vídeo do festival em 1968 e olha que coisa mais interessante:

Ora, mostrar logo pra quem! Eu adorei esse vídeo, assisti antes de ir e fui a Mysore pronta pra ver o cenário deste festival. Hoje em dia, o festival ainda acontece, mas obviamente não é a mesma coisa, pois antes significava a celebração do reinado e tinha toda aquela pompa, adoração aos deuses hindus, etc. As adorações ainda continuam, (o Ayudha Pooja que falei aqui é na verdade o último dia deste festival), mas a monarquia desapareceu e o palácio onde o marajá e sua família moravam que é o centro do Dasara hoje não é mais habitado.
O Palácio de Mysore foi a residência da antiga família real, a dinastia Wodeyar, que durou até a independência da India em 1947. Ver ao vivo é um espetáculo. Posso imaginar como deve ficar mais fantástico ainda durante o Dasara, pois fica todo iluminado. O Palácio que se vê no video acima é este mesmíssimo, todo cheio de gente e palco do festival.
O Palácio hoje é um museu aberto a visitas. Infelizmente, muito infelizmente, não é permitido entrar com máquina fotográfica lá, porque olha, lá dentro é uma coisa incrível. Cada cômodo tão detalhadamente decorado, objetos antigos dos marajás, tronos, utensílios e móveis de casa, tudo exposto e valeu a pena todo o esforço e o stress de enfrentar 140km em 4 horas chacoalhando dentro do carro pra conhecer isso aí. É aquele stress pra entrar, porque tem que tirar os sapatos, deixar no guarda-volumes do lado de fora, deixar a máquina, ser revistado, passar pelo detector de metal, e ainda por cima ignorar aquele monte de indiano olhando pra gente e querendo tirar foto de 4 turistas ocidentais. Mas juro, valeu a pena demais! A visita foi incrível. Passamos horas andando pelo palácio, meus chefes, meu co-worker e eu todos muito impressionados olhando cada detalhe e imaginando como deveria ser grandioso esse festival e essas celebrações por ali uma vez por ano.
É, as imagens do interior do palácio ficam só na minha cabeça mesmo, fazer o que. Passamos a maior parte do dia aí mesmo neste palácio. O final do passeio ficou meio manchado na minha memória porque eu precisava ir ao banheiro e quando entrei no banheiro público, minha nossa, esqueci de todo o glamour que tinha acabado de ver do palácio. Mas não vamos falar sobre isso. Depois daí estávamos mortos de fome, e eles que só estavam lá há 4 dias não aguentavam mais comer comida indiana, então fomos catar uma pizza.
E pronto! Foi isso em Mysore. E isso é o mais importante mesmo de se ver por lá. Mysore é conhecida por este festival e por este palácio e é isso que atrai turistas ali. Depois daí só paramos numa lojinha pra comprar souvenirs e fomos criando coragem pra encarar os 140km de volta que magicamente transformaram-se em 5 horas. Pelo menos tinha uma televisãozinha no carro e fomos assistindo um filme indiano muito louco. Chegando em Bangalore, foi só o tempo de pararmos num resort perto do aeroporto que meu chefe também tinha organizado, só pra tomar banho, relaxar um pouco, jantar e ir pro aeroporto, porque o vôo de 9 horas de volta para Frankfurt nos aguardava.

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