Virada do ano em Oslo

E então que quando decidimos passar o ano novo em Oslo mesmo, ficou a pergunta: fazendo o que, ne? Aonde? Na previsão que estava daquele frio todo, não ia dar pra ficar numa praça esperando os fogos. Ir a um pub... hmm... qual? aonde? por que? Não é como Dublin que é a terra dos pubs e é só ir pra área do Temple Bar que tá tudo resolvido como foi na virada de 2010 pra 2011. E também eu estava com minha mãe, tinha a obrigação de achar uma coisa razoavelmente confiável.

A reserva da estadia no Radisson Blu Plaza em Oslo não foi ocasional. Sim, claro, no booking.com tinha uma ótima reputação. Como sempre, o Radisson é uma rede de hoteis de alto nível. Fiquei no Radisson em Viena também e é sempre uma boa experiência. O preço é meio salgadinho, mas pra tal padrão, não chega a ser um absurdo como alguns de rede internacional.

Em Oslo, há dois Radisson. O Radisson Blu Plaza que fica no centro, próximo a estação central de trem e tudo mais, é um ponto de referência e uma atração a parte. Bem, primeiro que Oslo não é uma cidade com arranha-céus um batendo no outro, como algumas capitais industriais do mundo. A cidade é muito bem desenvolvida, mas preserva um tanto quanto de uma atmosfera mais calma e mais tranquila, com prédios não tão altos. Portanto, este hotel se destaca com seus 34 andares, o prédio mais alto do norte da Europa, com uma vista fantástica lá do topo para os fiordes noruegueses. Essa foto aqui de baixo tirei da janela do quarto que era no 20. andar.
Se voce acompanha este blog, já percebeu que eu não sou de fazer posts exclusivos sobre hoteis. Até porque isso aqui não é um site de viagens. É um blog pessoal e inclui os relatos das viagens que faço por aí. Vezes menciono o hotel que fico apenas com um link, um comentário, outras vezes não. Sei lá, é espontâneo quando escrevo. Mas aqui é uma situação especial.

Quando fiz a reserva lá, como disse, não foi por acaso. Na pesquisa sobre o que os noruegueses fazem na virada do ano, só encontrava relatos de comemorações privadas, festas fechadas e nada de muita zorra nem muito aberto para quem quisesse chegar chegando. Neste hotel, no topo lááá no 34o. andar, havia um restaurante, que estava oferecendo o jantar da virada muito especial.
Era um menu de 7 pratos, todos muito exclusivos, especiais e refinados. Não eram sete pratos cheios de ficar comendo até cair e sair de lá passando mal, era uma coisa mais chique mesmo com pratos franceses, especialidades da Noruega, e eu achei tudo aquilo muito interessante. Não que eu seja chique e refinada fresca. Até então não sabia direito nem o que era foie gras, um prato tão comum na França. Mas, vivendo e aprendendo ne. Fiz a reserva no hotel e no restaurante para nosso jantar de virada de ano.
Bem, antes que voce ache estranho, aqui (na Europa, pelo menos) não tem essa tradição de virar o ano de branco. Primeiro porque ne, as opções são limitadas, com esse frio todo, ia ficar parecendo uma astronauta vestida toda de branco.

Então, depois de passar o sábado perambulando em Oslo, voltamos pro hotel no final do dia e fomos nos preparar pra chegada de 2012 no tal jantar! A última vez que eu tinha estado num jantar assim com tantos pratos foi no casamento da minha amiga que mora na Itália em 2009, e que também ô povo pra gostar de muitos pratos na festa de casamento. Eu e mamãe estávamos ansiosas com o que íamos ver, e o que íamos comer. E se aparecesse alguma coisa que a gente não tivesse coragem de encarar? E se fosse ruim? E se, e se, e se...?!
Mas como desde que eu vim morar aqui eu fiquei muito mais tolerante pras coisas, eu tava no astral de encarar e experimentar o que viesse. Há tempos atrás, acho que eu não teria topado uma dessas. O jantar não foi muito barato, então no mínimo tinha que ser bom. Champagne e vinho incluídos, ia ser uma noite longa... Ainda bem que eu e mamis nos damos muito bem e passamos o tempo todo conversando os mais variados assuntos, observando o movimento e ainda falando com minha irmã pelo telefone. O jantar durou hooooras. Entre um prato e outro, vinha mais vinho, ou mais champagne, e claro, um dos principais motivos de passar o ano novo ali: A VISTA!
Pedi mil vezes pra conseguir uma mesa na janela, e atenderam meu pedido. Lá da nossa mesa, tinha uma vista da cidade quase toda, e dali poderíamos ver o movimento nas ruas lá em baixo, e fogos em diversas áreas da cidade. Assim era minha expectativa, de pelo menos compensar de passar o ano novo no frio e entre "quadro paredes", ter um agradável e diferente jantar e uma vista sensacional. E olha, expectativas alcançadas!
Acertamos em cheio. Porque não havia movimento nenhum nas ruas, NENHUM!! Quando chegamos lá no restaurante, que pra nossa sorte só era subir alguns andares de elevador, era 19h da noite, já estava escuro há muito tempo e de vez em quando víamos alguns fogos aqui e acolá na cidade. Mas gente: zero! Se eu não tivesse feito essa reserva desse jantar, acho que íamos ter comprado alguma coisa pra comer e teríamos ficado no quarto do hotel mesmo, porque primeiro que o frio tava de matar mesmo, naquela noite chegou a menos doze graus! E depois, sair pra onde? O jantar de sete pratos era indeed a melhor pedida.
Principalmente porque quando foi chegando perto da meia noite, começou a ficar um nevoeiro muito denso e começou a chover! Imagina se estivéssemos lá fora, ia ser o fim. Lá do alto, no quentinho e do lado da janela, fomos passando as horas descobrindo e experimentando os pratos exóticos do super jantar, e acompanhamos os fogos de cada área da cidade desde o início.
A meia noite, o jantar estava encerrado, mas as pessoas que estavam no restaurante com a gente não pareciam muito corajosas pra encarar o frio lá fora. E então começaram os fogos pra valer bem próximo aonde estávamos e por toda a cidade. Foi mágico ver tão amplamente a comemoração e os fogos estourando em vários lugares ao mesmo tempo. Os fogos até duraram um bom tempo. De perto de onde estávamos, soltavam fogos numa praça e víamos de cima, pois estávamos ainda mais alto que de onde os fogos estouravam. Foi demais. Mas ainda assim, o movimento nas ruas era baixo.

Entramos em 2012 assim, por cima. O jantar foi sensacional, valeu a pena demais. E realmente, virar o ano em lugares frios assim é preciso procurar alguma coisa em ambiente fechado. A tradição norueguesa de virar o ano em festas fechadas é facilmente compreensível: o frio não deixa ser diferente.
E para nós aqui, meros mortais, blogueiros, entusiastas, caladinhos que vêm aqui todo dia, amigos, família, colegas e companheiros virtuais de diversas origens, não peço muito, apenas que nossa jornada continue na justa paz que precisamos para atravessar as dificuldades, que consigamos continuar trilhando nosso caminho da melhor maneira, e andando por ele sem tropeçar muito. Mais que isso é luxo.
Um feliz ano novo!

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