Papinhas do Edi

Me perdoem os que não tem filhos e não vão nem ler a partir dessa frase. Mas me permito aqui um post totalmente "mami", pois é sim uma nova parte da minha vida. Meu mundo se abriu ainda mais depois que virei mãe. Olha, nunca, mas NUNCA MEEEEESMO curti ficar na cozinha fazendo comida. Nem pra namorado, nem pra família, nem pra mim mesma, nem pra ninguém. Até poucos meses atrás, até meu arroz saía sempre um grude só. Eu era a rainha da pizza congelada, comidas prontas, abrir um saco de salada e tacar molho francês pra comer no saco mesmo e nem sujar o prato ou jantar pipoca. Tamanha era minha falta de intimidade com a cozinha. Já me meti a fazer bolo de chocolate, que por incrível que pareça... alias, não é tão incrível assim porque é só seguir os passos da receita, fica sempre até bom. Jantares na minha casa não eram frequentes porque eu não ia submeter ninguem a testar meus minha falta de dotes culinários. Dá pra enganar com algumas coisas... Fondue, por exemplo, ok, que é só jogar o queijo na panela. Mas nada de muita sofisticação. Pronto, abri o jogo. Era isso mesmo.





















................................................................ERA!






















Até eu ficar grávida e receber os irmãos do Eric em casa pra um jantar. Me meti a fazer um creme de galinha que recebi tantos elogios, que hum, de repente a cozinha pode não ser tão assustadora quanto parece. No chá de bebe de Eduard, acho que foi ali o marco quando as coisas realmente começaram a mudar. Encontrei uma motivação não sei de onde pra fazer tudo tão caprichado. Ok, que minhas expectativas para o belíssimo bolo estavam muito altas, então eu tive que terceirizar o serviço. E também as coxinhas. E o pãozinho de queijo. Hahahaha! Mas, mesmo com um barrigão enorme, me propus a ficar lá em pé mexendo panela de brigadeiro e docinho branco. E a surpresa? Ficou ÓÓÓÓÓTEEEMO!!




























Então quando Edi nasceu e começou a aparecer dentes quando ele tinha 3 meses, eu comecei a me preocupar com o que ele ia comer, além de leite, daqui a alguns meses. Meses nada. Edi começou com papinha de banana amassada e mamão com 4 meses, e com 5 tinha os dois dentinhos de baixo e já adorava papinhas de fruta.





















Bla bla bla sobre só mamar no peito até 6 meses. Quem já teve filho sabe disso muito bem. Eu me ajoelho na frente de quem conseguiu, viu, porque olha. Como é dificil! Bom, não que eu queira me explicar, mas já que estou aqui, deixa eu contar minha experiência. Eu queria sim amamentar e pedi conselhos da Stillenberatung no hospital e tudo mais, queria tentar e conseguir que meu filho tivesse as primeiras substâncias no seu corpo fora da barriga saudáveis vindo de mim e todas as vantagens do leite materno. Só que aí vem a realidade... primeiro lugar, meu leite nunca foi suficiente por causa dos problemas que tive no parto. Então no hospital mesmo já teve que começar a dar leite em pó porque ele tava perdendo peso. Depois em casa, com o problema do ferro passando, foi melhorando e cheguei a ter bastante leite. Porque quanto mais se tira, mais se tem. E com a ajuda da bombinha elétrica, era muito prático. Mas mesmo assim, tinha dias que não era suficiente, eu ficava logo nervosa, e mais cedo ou mais tarde tinha que apelar pro Beba 1 da Nestle. E aproveito aqui pra dizer, que mesmo que se sempre tivesse tido leite suficiente, não sei se deixaria ele mamar SÓ no peito porque primeiro, é muita dependência. Pra voce e pro bebe. Pra voce porque voce nao faz mais nada além de amamentar na vida. Não dorme, não toma banho, não cozinha, não come, não conversa com ninguem mais. Seu tempo é exclusivamente para dar de mamar, o bebe adormece mamando, voce nao sabe se ele mamou suficiente, porque dormiu no meio, aí acorda, chora, volta pro peito, dorme de novo, as vezes voce dorme junto, quando ve já se passou 2 horas, já já tá na hora de ele mamar de novo e nem sabe se mamou direito da ultima vez, e nessa começa tudo de novo, e de novo e de novo, e 5x por dia, e pronto, acabou o dia e voce ainda tá lá de camisola cheirando a leite. E pro bebe porque ele não vai mamar pra sempre. E quanto mais tarde introduzir bico de mamadeira pior, e como é doloroso o afastamento do bebe de voce, seja quando for.

Eu sei que esse assunto é muito polêmico e cada um tem sua opinião, e principalmente quem não teve filho não sabe da dificuldade que é levar a cabo a amamentação. Agora que eu já passei por isso, sei que não é justo criticar e dar pitaco na vida de ninguem porque ninguém sabe o que vc ta passando pra tomar as decisões de como lidar com seu filho, principalmente num assunto tão delicado como esse. E sabe o que mais, mesmo se não tiver motivos médicos, se voce simplesmente não quiser amamentar, acho que é decisão sua, voce é a mãe, e ninguém tem nada a ver com isso. Sua decisão é soberana e tem que ser respeitada. Afinal, quem foi que carregou o bebe 9 meses na barriga, aguentou todos os enjoos, dores e sensações de ter uma pessoa dentro de voce, que pariu e que é a mãe? Clichê? É a pura verdade! Então a decisão, minha amiga, é sua mesmo.





















Mas pronto. Voltando aqui ao assunto das papinhas. Quem me viu, quem me vê! Eu me vi na cozinha por horas e horas seguidas tirando casca de cenoura e batata, aprendendo combinações de papinhas que nunca tinha ouvido falar antes na vida, e adorando tudo. Meeeeooo Deooos, que transformação. Sim, a maternidade transforma mesmo as pessoas.




























Pois então. Passei a introduzir papinhas novas "feitas por mim" com 5 e 6 meses. Digo 5 e 6 meses porque na primeira leva eu tava tão empolgada, que comprei tanta coisa, passei 3 dias na cozinha cozinhando que deu pra estocar papinha no freezer pra 2 meses. E fiz como recomendado, introduzindo uma coisa de cada vez, dando tempo de 1 semana pra ele se acostumar com o novo gosto. Quando vi que não era muito bem aceito, abria mais o espaço de tempo. Sem pressa, dando o tempo que ele precisava. As papinhas que vi que ele gostava mais, fui marcando umas estrelas pra fazer com mais frequência.




























Ah sim claro, tinha dias que ele cerrava a boca e não tinha quem fizesse entrar papinha ali. Só leite. Até banana que é a que ele mais gosta e tive que dar uma diminuída porque começou a diminuir o ritmo da digestão dele, tinha dias que nem banana ele queria. As receitas tirei a maioria daqui deste livro. A autora é britância e sempre se refere aos ingredientes de lá, então alguns eu não sei nem o que é em inglês, quanto mais em alemão. Então desisti de algumas papinhas por conta disso. Mas por exemplo, damasco dá pra encontrar, manga dá pra encontrar, e apesar de vários tipos, papinha de pêra também é simples.





















Depois da primeira e da segunda vez, voce começa a pegar o jeito, ou pelo menos, eu. E não preciso ler a mesma linha 3x pra ter certeza que to fazendo certo. A técnica é basicamente a mesma. Lavar as frutas, cortar, tirar a casca, ferver com um pouco de água, misturar, deixa esfriar um pouco e passa no liquidificador ou no mixer de mão. Depois põe no pote e pronto, tá pronto pra ir pro freezer. Bom, em teoria ne. Nem toda fruta pode congelar. Banana por exemplo. Não congele papinha de banana que não presta.





















Já outras depois de congeladas perdem a consistência e não ficam a mesma coisa. A de manga, por exemplo. Olha, eu fiz de tudo. Framboesa com maçã, manga com damasco, ameixa com pêra, e nas de verduras fui com calma porque não fez taaanto sucesso como as de fruta. Apesar de depois de 1 mês tentando, Edi finalmente aceitou bem a papinha de cenoura com brócolis. Hoje é uma das que ele mais gosta.





















Hoje, ele está com quase 8 meses, então já introduzi papinhas de carne e frango há 2 meses, pois ele precisa de mais ferro. A introdução foi com papinha de peito de frango com batata doce e maçã, essa sim deu um trabalhão-ão-ão! Porque tem que cozinhar quinhentas horas. Mas Edi aceitou bem. Depois de 3 semanas, introduzi papinha de carne de vaca com cenoura e batata, e essa ainda é uma luta. Também dá um trabalhão pra fazer, por sinal. E no fim de semana passado fiz de fígado de cordeiro com cenoura e batata também. Essa ele gostou tambem. Mas essas de carne eu fiz meio que por mim mesma, sem receita, baseada nos conselhos da Mütterberatung, que é a "conselheira da mãe". Ela não é bem uma médica, mas dá ótimas recomendações de cuidados com a pele, limpeza em geral e principalmente em alimentação. Depois conto sobre isso aqui.





















Agora, diga, se é ou não é um mundo a parte. Gente, eu não sabia de nada disso até alguns meses atrás. Absolutamente nada. E a paciência de ficar uns 30 minutos dando a papinha, fazendo caretas e fazendo aviõesinhos pra ele abrir a boca? Faço tudo com maior carinho e adoro senta-lo na cadeirinha pra dar as papinhas. Ele depende dos meus cuidados pra crescer, se alimentar e ter o que precisa pra se desenvolver. E começou a se desenvolver dentro de mim. Eu emprestei o meu corpo para sua existência, para sua formação, quase perdi a vida para o início da sua. Como não amar? Como não cuidar? Fazer papinhas é trabalhoso a beça, mas por ele eu faço tudo que for preciso. E ainda por cima, arrumei alguém pra rir das minhas leseiras...

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