Suíça, o 7º país mais seguro do mundo para se viver

O Instituto de Economia e Paz com sede em Sydney, na Austrália, é uma organização de pesquisa global sem fins lucrativos e se dedica a tornar o foco do mundo na paz em uma medida positiva, viável e tangível de progresso do bem estar humano. Ele desenvolve modelos conceituais e define métricas mensuráveis, descobrindo uma relação clara entre paz, negócios e prosperidade. Ele trabalha com diversos outros órgãos e instituições acadêmicas e também realiza todo ano um estudo entre vários países que como resultado, temos uma lista deles classificados num índice decrescente de paz. Traduzindo: uma lista de 163 países classificados de acordo com o seu índice global da paz, ou seja, os países mais seguros, mais em paz, para se viver.
O relatório deste ano de 2016 pode ser lido aqui neste link (em Inglês). Aqui dá pra ver uma interpretação mais interativa no mapa. É a décima edição do relatório que traz uma análise absolutamente compreensível no estudo e resultado, que é a classificação dos países de acordo com seu nível de paz. Eu li parte do relatório mas vi várias reportagens publicando o resultado, de onde se fala do topo e do fim da lista, onde estão também os países menos em paz para se viver, e onde a Islândia se destaca por estar no topo absoluto da lista, como o país mais pacífico do mundo, pelo segundo ano consecutivo. São vários indicadores qualitativos e quantitativos e temas levados em conta como impacto do terrorismo e instabilidade política, razões pelas quais a Síria está em último lugar na lista, seguida pela Somália, Afeganistão, Sudão do Sul e Iraque.

Interessante ver que apenas 69 dos 163 países estudados, que são a propósito 99.7% da população do planeta, não tiveram nenhum registro relacionado a terrorismo neste ano. O mundo ficou levemente menos pacífico em 2016 e não é pra menos ne, com toda essa crise de refugiados e tudo mais. 81 países ficaram mais pacíficos, enquanto 79 ficaram menos pacíficos. O Brasil infelizmente não está muito bem na 105. posição, pois se encontra também na lista de países que tiveram mais deterioração, juntamente com o Casaquistão, Polônia, Burundi, Guinea-Bissau e Djibouti.
Já a Suíça encontra-se na 7a. posição na lista dos países mais pacíficos do mundo. E está na 158. posição na lista de países com custos para contenção da violência, enquanto o Brasil está em 32. A Suíça também encontra-se juntamente com Botswana, Chile, Uruguai e Ilhas Maurício no primeiro lugar na lista de domínio de conflitos nacionais e internacionais, e o Brasil vem logo em seguida com uma pontuação levemente menor. Todos dados muito interessantes que podem ser observados e interpretados no estudo do IEP.

Fonte: http://www.fastcoexist.com/
Em 2014 e 2013 a Suíça ficou em 5. lugar no estudo, em 2012 em 4., em 2011 em 8., em 2010 em 9, em 2009 em 11. e em 2008 o 4. Por mais que varie algumas posições, a pior ocupação que a Suíça já ocupou foi a 11a. em 2009.

De fato, morando aqui há quase 7 anos, nunca me senti tão segura morando aqui comparado a qualquer outro lugar. Infelizmente a maioria de incidentes registrados na polícia suíça refere-se a infrações cometidas por estrangeiros. Morar na Suíça sem nenhuma dúvida é a solução do meu antigo problema de quando morava em Recife e tinha que me proteger no meu carro de vidros escuros. Aqui eu nem carro tenho. Ando a pé e de transporte público pra cima e pra baixo, nunca me aconteceu nada e eu não sinto mais medo nenhum.

Acredito que uma das principais razões para "tudo funcionar aqui" seja da mentalidade das pessoas e da pouca diferença social, que como resultado gera poucas pessoas necessitadas ou em problemas financeiros, que as tornem capazes de qualquer coisa para sobreviver, inclusive roubar e matar. É um tema bem polêmico e com muito espaço para discussão, eu sei, mas o controle que o governo tem sobre o povo é tão grande, que antes de alguém entrar em dificuldades financeiras ela já está sendo amparada.

A questão da diferença social também que é gritante no Brasil, aqui a gente vê bem menos. Claro que vemos pessoas ricas morando em mansões enormes e com N carros, mas o mais pobre da classe social tem um espaço para dormir e algo para comer, que é o mínimo de decência para qualquer ser humano. Gente pedindo dinheiro na rua você ve sim, por necessidade, questões pessoais, dependência de droga, destino, não sei. Mas ande na rua em qualquer cidade na Suíça, não há ninguém dormindo na frente de lojas e cobertas com papelão.
Enquanto que isso torna um país seguro para se viver, pois alguém que não está passando necessidade dificilmente vai atacar alguém ou algum estabelecimento atrás de sobrevivência, não o isenta de todos os problemas existentes no mundo. Há problemas na Suíça sim, aliás neste post eu falei sobre o lado ruim da Suíça, falta de paz, segurança, violência e medo não é um deles.

Aliás um grande ponto sempre em discussão é o custo de vida na Suíça, que também sempre está no topo da lista de países mais caros para se viver no mundo. Oh well, o que dizer? Para tudo há um preço? Se for, literalmente aqui pagamos o nosso. De fato o custo de vida aqui é altíssimo, mas se com um trabalho conseguimos pagar as contas do mínimo que precisamos para viver confortavelmente, acho justo.

A outra questão que mencionei anteriormente, a da mentalidade, diria que é uma questão cultural. Não que o suíço seja idôneo e brasileiro seja desonesto, mas a mente corrupta e a cultura da esperteza que vivemos no Brasil desde criança, aqui não existe. Não existe mesmo. E essa deturpação de comportamento, dependendo do nível de intensidade, é infelizmente uma grande porta aberta para o crime, o deslize, o delito, muitas vezes salientado pela ignorância, falta de oportunidade, etc.

Os efeitos disso sentimos na pele no dia a dia aqui na Suíça. Não temos porteiros nos prédios. As casas não tem grades, algumas não tem muros, não tem cerca elétrica, nem as que têm muro têm cacos de vidro em cima. Os carros nem podem ter vidros escuros, é contra a lei. Andar a pé a noite na cidade ou no campo não é problema algum. Pode até falar no celular se quiser, filmar, tirar foto, ninguém vai levar sua câmera embora. Assaltos a lojas e mercados pode esquecer, aqui algumas lojas têm vitrines e gôndolas com produtos do lado de fora da loja. Em algumas áreas, as casas têm seus jardins abertos com mesas e cadeiras que ficam sempre do lado de fora.

Não só em questões relacionadas à segurança nossa do dia a dia e a vulnerabilidade à violência ou assaltos, a Suíça também sempre se mantém longe de problemas e conflitos com outros países. Aliás veja essa animação da página I F** Love Graphs do Facebook e perceba o espacinho de terra que é a Suíça como ao longo dos anos pouco se modificiou, depois da sua fundação (ano de 1291, mas de facto em 1499 com o Tratado de Basel que marcou a independência da Suíça do Império Romano-Germânico).

Ela se mantém verdinha verdinha, com excecões de uns territórios disputados com a França ali perto da fronteira e com a integração tardia do cantão de Jura em 1979.

A Suíça não faz parte da União Europeia, a moeda daqui não é o Euro, é o Franco Suíço. A Suíça faz parte do Tratado de Schengen que dá livre circulação de cidadãos europeus para trabalhar e alguns outros países de entrar e permanecer até 3 meses como turista. Há acordos que permitem relações sem conflitos com os países e aqui dentro há regras para tudo. Tudo, tudo mesmo. Tudo que faz o país andar, eu diria.

Para concluir, eu posso dizer que dói no bolso o custo de vida que temos aqui realmente. E eu como imigrante tem a questão da saudade, cultura e tudo mais. Mas se temos segurança, estabilidade, ausência de medo e violência e uma vida em paz que eu posso oferecer para o meu filho crescer num ambiente assim, qual é o preço que isso pode ter? O custo de vida "cai" muito e deixa de ser uma coisa tão relevante, quando eu posso ter todas as outras coisas que fazem da minha vida e da minha rotina uma ótima qualidade de vida.

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