7 anos de Suíça

Sempre que vai chegando Julho, involuntariamente eu vou meio que fazendo uma reflexão do meu tempo aqui na Suíça. É que é no dia 5 de julho que completo aniversário de vida em terras alpinas. Amanhã faz 7 anos que cheguei aqui de mala e cuia, com muitos sonhos e muita muita disposição.

7 anos já é bastante tempo e já passou aquela empolgação e o choque do começo. Lendo esse post de quando eu completava 2 anos de Suíça eu vejo realmente o quanto eu mudei. Leio coisas que não são mais tão sensíveis a mim hoje, como a pontualidade do transporte ou as ruas limpas. Isso pra mim é a coisa mais normal do mundo e hoje apesar de ainda me deslumbrar com as paisagens das montanhas, acho que eu era muito nova, über motivada e cheia de energia pra encarar uma mudança como a que eu encarei.


Juro que não sei se fosse hoje eu teria feito o que eu fiz. Vir bater aqui sem conhecer ninguém e estar pronta pro que der e vier. Acho que tem a ver com a idade também e a maturidade que vem naturalmente da maternidade. Não que eu fosse imatura, eu sempre soube do que era capaz e não me arrependo de absolutamente nada, mas aquela energia que eu tinha de conquistar o mundo no matter what eu hoje tendo a ser mais cabreira. Talvez já seja a influência da cultura suíça em mim, que aliás percebo tanto o quanto já está inerente a mim quando estou em outro país.

escrevi também sobre o Limbo, uma analogia a um lugar que nós expatriados nos encontramos, quando não somos mais tão do lugar onde nascemos, crescemos, mas também temos a sensação que nunca seremos do lugar onde moramos atualmente. Estamos no meio termo, é aqui que ainda me encontro.

A chegada do Edi foi um divisor de águas na minha vida, independentemente de eu estar na Suíça ou não. Mas sem dúvida fez uma diferença danada ter virado mãe aqui na Suíça, do que se estivesse em outro país, ainda mais voltando a trabalhar logo e vivendo a dupla jornada tão intensamente. Tudo isso me trouxe muita realidade aos meus olhos, é tudo muito intenso depois que nos tornamos mães, e a gente passa a ver tudo com outros olhos.


Eu gosto tanto desse país, gosto tanto de morar aqui, me sinto tão bem aqui. Mesmo com toda a correria que é meu dia pra dar conta de uma carreira numa área dominada pelo sexo oposto e de cumprir meu papel de mãe e ainda não ter ninguém para revezar nas atividades de casa, sinto que em nenhum outro lugar eu conseguiria desempenhar meu papel tão bem quanto aqui. Por tudo. Pelas condições que eu consigo ter de ter uma boa vida e oferecer uma boa vida ao Edi, de ter conseguido um trabalho que é justo, flexível, gratificante e ainda desafiador, de poder contar com os meus direitos básicos de ir e vir pra onde eu quiser com segurança, sem medo de andar na rua e ter uma qualidade de vida que paga qualquer stress passageiro ao por a cabeça no travesseiro ao final do dia.

É aqui que me sinto a vontade, que penso quando penso em "casa" e é só ficar umas semanas afastada que já sinto saudades. Tivemos crises, eu e ela, a Suíça. Aliás, sempre temos, elas vão e vêm. Seja pelo idioma que nunca será natural pra mim, por mais que eu já me pegue pensando e sonhando em Alemão. Seja pela indiscutível frieza das pessoas, que por mais tempo que eu passe aqui e que por mais fria que já tenha me tornado, alguns comportamentos nunca serão o natural pra mim. Ou seja pelo motivo mais óbvio que mais me transtorna ao longo dos anos, a falta de sol e o longo inverno que temos por aqui, confesso que é só passar umas semanas de calor (leia-se entre 25 e 30 graus), que eu já sinto um tico de saudade da neve.

Me convenci que lugar perfeito para se viver não há. Mas temos que buscar o melhor que pudermos para nós, para si. Continuo dizendo que não sei o quanto tempo mais ainda vou ficar por aqui, mas me animo quando penso nos próximos anos, e é aqui que me vejo com o Edi. Por enquanto meu lugar é aqui. Que seja eterno enquanto dure.

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